Semana Académica: Do lado de lá das barraquinhas há menos festa e mais trabalho

Cinco da tarde. O contraste com o que se passou horas antes e com o que se vai passar horas […]

Cinco da tarde. O contraste com o que se passou horas antes e com o que se vai passar horas depois não podia ser maior. Com a festa terminada, uma outra realidade emerge: a dos estudantes que são, por dez dias, e num ritmo frenético, barmans ou barmaids em barracas de curso. À volta delas, carregam-se barris de cerveja, sacos, gelo, bebidas, paletes de sumos e vodkas.

Às cinco da tarde, quando o repórter do Sul Informação chega ao recinto, já levam quatro horas de trabalho – a acrescentar ao cansaço dos restantes sete dias que já leva a Semana Académica. Desde as 13h, já verificaram stocks, fizeram compras, limpezas, ou cortaram morangos para a especialidade alcóolica da Semana Académica – a morangona (bebida com vodka e sumo de morango). “Os meus pés? Nem os sinto”, diz uma estudante de Ensino Básico enquanto vai arrumando alguidares já limpos. “Hoje estou cá desde o meio dia e meia e ontem saí de cá realmente muito tarde. É muito cansativo”, lamenta Tânia Mendes, explicando que o trabalho é repartido apenas entre oito pessoas.

O trabalho é duro e as horas de sono poucas, mas o balanço não deixa de ser positivo, diz Pedro Fernandes, estudante de 23 anos no curso de Engenharia Elétrica e Eletrónica (EEE). “É chato ter que acordar e estar aqui à uma depois de ir para casa às seis da manhã. Tem sido assim todos os dias, mas compensa”, diz o estudante, explicando que “a dada altura, é tudo uma questão de entrar no ritmo”.

Isa Cruz, de Ciências da Comunicação, explica que tudo depende da organização. No caso de Ciências da Comunicação, tudo fica mais fácil porque a comissão é constituída por 25 pessoas, o que faz com que sejam possíveis turnos rotativos. “Quem trabalha à noite e está aqui até de manhã, não vem no dia a seguir para abrir e fazer limpezas. Mas… a verdade é que, como responsável, já cá estive da 1 da tarde até às 6 da manhã”, diz a estudante.

 

Saber fazer shots ou mais que isso?

Ter uma barraquinha de curso na Semana Académica é um desafio. Não é só fazer bebidas e vendê-las. É preciso esforço – logístico e de gestão financeira. Primeiro, porque há um investimento inicial significativo. O da barraquinha de Ciências da Comunicação, contou Isa Cruz ao Sul Informação, foi de cerca de 1000 euros – por entre bebidas, som e a própria inscrição do espaço junto da Associação Académica. Esse dinheiro, explica, proveio de eventos anteriores (festas de curso) que a comissão de festas do agora segundo ano do curso já tinha organizado.

A mesma situação viveu a comissão do Ensino Básico. Já com comissão constituída, usaram um fundo de maneio para suportar as despesas. E o objetivo, claro, é ter lucro – para utilizar, provavelmente, numa viagem de finalistas.

Pelo contrário, o curso de EEE não tinha qualquer comissão constituída. A solução partiu de 12 pessoas de vários anos do curso que se juntaram e investiram, do próprio bolso, 70 euros. Agora, o objetivo primordial passa por recuperar esse investimento. Ao sétimo dia, ainda não é seguro que o consigam. “Até agora, ainda não, mas estamos à espera dos dias mais fortes [sexta e sábado] para o conseguir”, diz Pedro Fernandes.

Isa Cruz, da comissão de Ciências da Comunicação, teve tarefa facilitada. Com 33 anos, já tinha experiência de bar e de gestão de equipas. “A idade, comparada com os meus colegas, também pesa, para evitar problemas…”, conta. Agora, o objetivo é conseguir suprir o investimento feito e, se possível, ter lucro. Até por motivos nobres: 15 por cento do lucro – se houver – da sua barraquinha reverterá para a Apatris 21 – Associação de Portadores de Trissomia 21 do Algarve.

 

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