Produtos da nossa terra são «uma riqueza em bruto por explorar»

«Para além do sol e do mar, o Algarve tem também nos produtos da sua terra uma verdadeira riqueza em […]

«Para além do sol e do mar, o Algarve tem também nos produtos da sua terra uma verdadeira riqueza em bruto, com muito potencial por explorar». Esta foi uma das conclusões de mais uma tertúlia promovida, na quarta-feira, pela associação Teia d’Impulsos, na Casa Manuel Teixeira Gomes, em Portimão.

Segundo os participantes neste que foi o oitavo episódio da série de debates Teia D’Ideias, «esta riqueza não é só económica ou financeira, é muito mais do que isso, é desenvolvimento social, é cultura, é sabor, é o Algarve na sua mais genuína essência. É impossível descobrir o Algarve sem cheirar, saborear e degustar os seus produtos regionais, tantas vezes relegados para segundo plano quando se pensa em promover a região».

Quem aceitou o desafio da Teia D’Impulsos na noite de 9 de maio, teve a oportunidade de conhecer os produtos da nossa terra, não só à mesa da discussão, mas também à mesa da degustação.

A tertúlia, com o tema “Produtos da nossa Terra – uma riqueza sócio-económica”, traduziu-se num pequeno contributo para demonstrar a enorme riqueza social e económica que os produtos regionais representam e podem vir a representar para o Algarve.

À mesa da discussão sentaram-se Ludovina Galego (Universidade do Algarve), Carlos Gracias (Comissão Vitivinícola do Algarve), Nuno Gonçalves (Quinta dos Avós – Algoz), João Ministro (Projeto Querença), Carla Vieira (historiadora), José Paulo Duarte Nunes (Confraria do Medronho – “Os Monchiqueiros”) e Cremilde Paias Andrez (doceira algarvia).

A orientação e moderação do debate de ideias esteve a cargo de Ana Bernardino Vieira e de Nuno Silva.

Os produtos regionais do Algarve são, desde há vários séculos, uma fonte de riqueza para a região. Já no século XVI, há testemunhos da exportação de vinho, azeite, passas e figos algarvios para o Norte da Europa e portos mediterrânicos.

«Hoje, faz já parte do passado o Portimão conserveiro, o Portimão dos frutos secos, o Portimão dos fumeiros. No entanto, a produção e promoção de produtos locais continua a ser um caminho possível para o desenvolvimento social e económico», salienta a associação Teia d’Impulsos.

A noite ficou marcada pelo apelo à qualidade, garantia de sucesso nos mercados mais competitivos. A qualidade dos produtos passa pela sua certificação e pela implementação de programas de controlo da qualidade. O passo da certificação deve ser alargado a todos os produtos regionais, desde os vinhos até ao mel, passando pelos frutos secos ou a batata-doce.

A divulgação é também uma prioridade. Salientou-se a importância dos próprios algarvios se dedicarem à promoção dos seus produtos. «É quase uma obrigação que os atos públicos sejam uma montra para estes produtos», defenderam os participantes.

«Os produtos da nossa terra são também cultura. A gastronomia e a doçaria regional, elaborada com os produtos da terra, pode ser uma forma de arte, capaz de atrair turismo de qualidade, um turismo que não se esgota na praia e no mar e que tem potencial de produzir riqueza durante todo o ano, combatendo a sazonalidade da oferta turística», acrescentaram.

O futuro desta indústria passa pela criatividade, empreendedorismo e cooperação. As parcerias são fundamentais, tendo sido sublinhada, por várias vezes, a importância de cruzar o conhecimento emanado das universidades do Algarve com o conhecimento prático daqueles que, diariamente, criam os produtos da nossa terra.

O Projeto Querença é disto um exemplo pragmático, onde foi possível aliar a mão de obra qualificada ao desenvolvimento rural, acrescentando valor aos produtos tradicionais de Querença.

À mesa de degustação, para além da doçaria regional de Cremilde Andrez, dos produtos da Quinta dos Avós e dos néctares oferecidos pela Confraria do Medronho, foi ainda possível conhecer e saborear os enchidos da serra, apresentados por Laura Duarte, do Sítio da Serra de Monchique, a doçaria de batata-doce, trazida por António Henrique, da Associação de Produtores de Batata-doce de Aljezur, o bolo de tacho, da autoria da doceira Maria Helena Baiona, e os licores Myr, de Odiáxere, revelados por Eduardo Peixinho.

Destaque ainda para a designer Mariana Pires que utiliza produtos locais confecionar as suas obras.

A surpresa da noite foi protagonizada pela Associação Barman Barlavento Arade, representada por Francisco Guerreiro, que deliciou os presentes com cocktails elaborados com bebidas e outros produtos da região.

Esta Teia D’Ideias contou, mais uma vez, com a organização da Teia D’Impulsos, em parceria com a Câmara Municipal de Portimão, a Rádio Costa D’Oiro e a ETIC Algarve e com o apoio da Delta.

A associação Teia d’Impulsos fez ainda um agradecimento especial a todos os produtores que participaram na tertúlia e que ofereceram os seus produtos para degustação de todos os que se deslocaram à Casa Manuel Teixeira Gomes.

Encontra-se já agendado o IX episódio da Teia d’Ideias, que vai decorrer no dia 6 de junho e será subordinado ao tema “O Mar – Oportunidade de negócio”.

Mais informações acerca desta e doutras iniciativas da Associação Teia D’Impulsos em www.teiadimpulsos.pt ou através do e-mail [email protected].

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