Monsaraz comemora Foral Manuelino com recriação da entrega ao Alcaide

As comemorações da outorga do Foral Manuelino a Monsaraz realizam-se nos dias 1 e 2 de junho, na vila medieval […]

As comemorações da outorga do Foral Manuelino a Monsaraz realizam-se nos dias 1 e 2 de junho, na vila medieval de Monsaraz. Há 500 anos, o rei D. Manuel I outorgou um novo foral a Monsaraz para substituir o antigo Foral Afonsino, atribuído por D. Afonso III em 1276.

Na sexta-feira, dia 1 de junho, pelas 15h, na Igreja de Santiago, será proferida uma conferência pelo Professor Doutor Carrilho da Graça sobre “Salvaguarda e Gestão do Património de Monsaraz”.

O programa comemorativo integra às 21h30, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, a recriação da entrega do foral ao Alcaide de Monsaraz, seguindo-se animação de rua com o grupo Bomkaigaita, da Associação Casa das Artes de Arraiolos.

Este projeto consiste em criar um espetáculo de música aliado ao misticismo de rua, com percussões, gaita-de-foles e animador, no qual se descobre a ilusão mágica por entre sons e movimentos que contagiam o público e fortalecem o ambiente oriental. Vindos dos tempos medievais, bobos, errantes e malabaristas vão reclamar junto do povo desta época um lugar na história.

No dia 2 de junho, a partir das 18h, igualmente no Largo D. Nuno Álvares Pereira, a Associação Casa das Artes de Arraiolos propõe animação de rua com o projeto Mysticas, um grupo de danças medievais que interage com o público e que pretende recriar a música profana que fazia parte da corte medieval. Indispensável em jantares, cerimónias civis e militares, mas também para animar os Cruzados quando partiam para a Terra Santa ou quando regressavam das suas campanhas, Mysticas inclui bailarinas e artistas que tocam gaita-de-foles, flauta, drabuka e bombo.

Às 18h30, na Igreja de Santiago, decorre o lançamento da edição fac-símile do Foral Manuelino de Monsaraz, uma obra com interesse histórico, patrimonial e heurístico para a história local e regional.

Na apresentação desta reprodução haverá dissertações a cargo de dois dos responsáveis pela sua elaboração, nomeadamente de Ana Paula Amendoeira, mestre em Recuperação do Património Arquitetónico e Paisagístico pela Universidade de Évora e presidente do ICOMOS Portugal, e ainda de Saúl António Lopes, professor do Departamento de História, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra que tem desenvolvido investigação sobre história medieval e moderna de Portugal.

A partir das 21h30, no Largo D. Nuno Álvares Pereira, realiza-se o concerto comemorativo da outorga do Foral Manuelino de Monsaraz com a atuação da Banda da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense.

No âmbito das comemorações dos 500 anos do Foral Manuelino de Monsaraz está patente até ao dia 13 de julho a exposição “Monsaraz na História”. Com esta mostra que pode ser apreciada diariamente das 10h às 12h30 e das 14h às 17h30 na Igreja de Santiago, o Município de Reguengos de Monsaraz pretende apresentar alguns acontecimentos da história de Monsaraz que permaneceram desconhecidos.

Ao longo de cinco séculos, desde a Idade Média até meados do século XIX, factos como a instituição da Misericórdia, o Celeiro Comum, a lenda dos dotes de casamento, o texto da aclamação de D. João IV, entre outros, são mostrados ao público através de documentos, ilustrações, fotografias e textos explicativos.

Para além da exposição “Monsaraz na História”, proceder-se-á no dia 13 de julho à abertura do Museu do Fresco, onde se pode apreciar o Fresco do Bom e Mau Juiz, pintura dos finais do século XV e descoberta em 1958 que representa a alegoria da justiça terrena, em que o bom e o mau juiz são os elementos principais e que evidenciam as fórmulas tradicionais de isenção e corrupção humanas.

Também nesta data será apresentado o projeto de recuperação do Jogo Alquerque, que era jogado no antigo Egito há mais de 3 mil anos e foi introduzido na Europa no século VIII pelos muçulmanos. Este jogo, antepassado do atual jogo de Damas, está representado em várias lajes dispersas pela vila medieval de Monsaraz e a autarquia pretende produzir réplicas e organizar um torneio.

O programa comemorativo do Foral Manuelino de Monsaraz inclui ainda no mês de julho uma sessão de observação noturna de astronomia sobre a evolução do mapa celeste nos últimos 500 anos e no dia 6 de outubro será apresentado ao público o Centro Interpretativo Multimédia de Monsaraz, que vai funcionar na Casa da Inquisição.

 

Sobre o Foral de Monsaraz

 

No dia 1 de junho de 2012 assinalam-se 500 anos desde que o rei D. Manuel I outorgou um novo foral à vila de Monsaraz para substituir o antigo foral afonsino atribuído em 1276 por D. Afonso III, redigido em latim bárbaro e já à época em mau estado de conservação e de difícil leitura e interpretação pelos oficiais da Câmara.

Este movimento reformista iniciou-se em maio de 1496, quando o monarca nomeou uma comissão que, durante as duas décadas seguintes, procedeu à recolha de toda a documentação existente no Reino – privilégios e antigos forais – reformulando-a segundo uma certa sistematização nos chamados “Forais Novos” (ou Manuelinos).

Com esta reforma, gigantesca para a época, pretendia o rei conseguir dois objetivos: por um lado, normalizar, tanto quanto possível, os direitos e deveres de senhorios e foreiros de terras e, por outro, corrigir os abusos e as adulterações com que os senhorios administravam os seus domínios.

O Foral de Monsaraz é um documento em pergaminho (pele de animal) e manuscrito com tinta escura, encadernado com uma capa de madeira forrada a couro, ladeada pelas esferas armilares que centram o brasão das armas reais. Sabe-se que eram feitas três cópias dos forais deste género e assim, uma delas era a da Torre do Tombo (livro de registo), outra era a do donatário (neste caso, a Casa de Bragança) e a terceira era a da respetiva Câmara Municipal.

O exemplar que atualmente existe no Museu de Arte Sacra, em Monsaraz, foi adquirido em junho de 1927 pelo presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, Braz Garcia da Costa, que o comprou por 1.500 escudos a um particular que residia em Évora. Posteriormente, em fevereiro de 1949, o então presidente da autarquia, José Garcia da Costa, doou-o definitivamente ao Museu Paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Lagoa.

 

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