Afinal, o interior do Algarve não tem de ser uma zona deprimida

Entre o barrocal e a serra algarvios, há uma aldeia onde, em breve, podem nascer cinco micro empresas. Querença acolheu […]

Entre o barrocal e a serra algarvios, há uma aldeia onde, em breve, podem nascer cinco micro empresas. Querença acolheu ao longo dos últimos nove meses um grupo de outros tantos jovens licenciados, que conseguiu montar propostas para criação de negócios, entusiasmar a população local e a renovar tradições e negócios já existentes.

Estes são apenas alguns dos resultados do Projeto Querença, uma iniciativa inovadora que está a gerar grande entusiasmo em todo o país e terminou agora  sua primeira fase.

Os nove jovens envolvidos no projeto da Fundação Manuel Viegas Guerreiro trouxeram uma nova vida à freguesia do concelho de Loulé. Uma força que se serviu para mobilizar os que já lá estavam, já que foram muitos os que aproveitaram a onda para retomar atividades que já haviam deixado de lado, em setores como a agricultura e a produção e artesanato. Para uma zona dita deprimida, Querença tem, por estes dias, muita alegria e vida.

Os resultados do Projeto Querença foram apresentados esta quarta-feira, numa sessão oficial que decorreu nas instalações da Fundação Manuel Viegas Guerreiro, em Querença. Uma iniciativa que contou com a presença de parceiros, patrocinadores, jornalistas e habitantes locais, onde se deu a conhecer não apenas o que se conseguiu fazer nos últimos nove meses, mas também o que os responsáveis pelo projeto querem fazer nos próximos dois anos, no Projeto Querença 2.

Nesta primeira fase, foi constituída uma bolsa de terrenos agrícolas com mais de 30 hectares, cedidos por proprietários locais. Atualmente, apenas uma pequena parte está a ser utilizada, mas a ideia é que nos próximos dois anos, tempo que deverá durar o Projeto Querença 2, lhes seja dado muito uso.

Até porque não faltam solicitações para os produtos produzidos em Querença. «Já fornecemos o hotel Tivoli de Vilamoura e quatro restaurantes», revelou o coordenador do projeto João Ministro. Há mais solicitações, mas neste momento ainda não há produção suficiente, adiantou.

A nova fase desta iniciativa já foi candidatada ao PO Algarve 21 e pretende «suportar e dar sequência ao trabalho que já aqui foi feito, nos últimos nove meses». «Há espaço para mais empreendedores», assegurou João Ministro.

 

Projeto Querença tem amigos muito bem colocados

 

A sessão de ontem contou com a presença do secretário de Estado Adjunto da economia e Desenvolvimento Regional, Alto-patrocinador do Projeto Querença.

Almeida Henriques mostrou conhecer bem a iniciativa que está a ser desenvolvida naquela aldeia e não escondeu que tem trabalhado para que seja um sucesso e ganhe cada vez mais apoios, pro parte do setor privado.

Na sua intervenção, confessou que vê neste tipo de iniciativas, que assentam numa lógica de trabalho em rede e na promoção e aproveitamento dos recursos locais, uma solução para o desenvolvimento das comunidades situadas em zonas de baixa densidade.

Almeida Henriques não terá ficado pelas palavras e foi para o terreno, procurar potenciais parceiros. Foi desta forma que a PT se associou recentemente ao Projeto Querença e que podem surgir apoios de outras empresas, como a EDP.

O trabalho do membro do Governo, apesar de estar a beneficiar a iniciativa que há nove meses começou a ser implantada no concelho de Loulé, é bem mais abrangente. A ideia é que seja criada uma rede de projetos Querença, um pouco pro todo o país, onde se replique a metodologia usada no Algarve, aplicada à realidade local, que nunca é a mesma em dois locais distintos.

O Projeto Querença está a causar grande entusiasmo por todo o país e são já muitos os que querem criar projetos semelhantes, revelou o professor da Universidade do Algarve António Covas, um dos mentores do projeto, que tem percorrido o país a divulga-lo.

E pode tornar-se ainda mais interessante, agora que já tem resultados para mostrar. Na sessão foram apresentadas diversos projetos, que são a formalização de uma pequena parte das ideias que surgiram. Mas, neste caso, há já planos de negócio criados e uma estratégia definida para lançar micro empresas.

Ao todo, estão prontas a avançar cinco empresas (ver no final) e foi desenvolvido um produto com grandes potencialidades de comercialização. A barra energética do Projeto Querença, desenvolvida pela bióloga Dulce Almeida a partir de uma ideia já testada na Universidade do Algarve, acabou por se tornar um símbolo do que se conseguiu nesta primeira fase do projeto, já que é um produto acabado.

O membro do governo provou o suplemento alimentar para desportivas e aprovou. «Poderei falar com algumas empresas da área e mostrar-lhes este produto, para saber se estão interessados em produzi-lo a uma escala industrial», disse, à margem da sessão, Almeida Henriques.

 

Negócios à vista, com assinatura dos jovens do Projeto Querença

 

Querença Paisagem: Proposta de criação de empresa desenvolvida pelo arquiteto paisagista João Marum, que se pretende especializar em espaços verdes sustentáveis. Além da construção destes jardins, a empresa irá contar com um viveiro de plantas endémicas, entre outras valências.

 

9 Arrobas: Proposta do Agrónomo Tiago Aleixo para criação de um viveiro frutícola com espécies típicas do Algarve. Será dado especial enfoque às variedades regionais, que estão melhor adaptadas à região. Para complementar, a empresa terá certificação de Agricultura Biológica. A empresa também irá proceder à instalação de explorações e dará aconselhamento técnico.

 

Ervanarium: Proposta do agrónomo Francisco Ferro para criação de um negócio em trono das plantas que ocorrem naturalmente no barrocal e serra algarvia, que se propõe a produzi-las e comercializá-las para uso culinários. Ideia que surge da procura cada vez maior, por parte de chefes de cozinha, de produtos alternativos, usados há muito por certas populações para confecionar pratos. Será criado um viveiro para produzir variadas espécies de plantas silvestres.

 

GMD – Gestão+Marketing+Design: Proposta conjunta de Marlene Martins (Gestão), Sara Fernandes (marketing) e Luís Caracinha (Design). A futura empresa propõe-se a criar soluções para renovação e imagem e desenvolvimento de novos produtos, destinados a emrpesas da região. O modelo já foi testado no decorrer do projeto e desenvolveu a nova imagem de comunicação do restaurante Querença e está a trabalhar com a pastelaria Amendoal de Loulé.

 

Benémola Património e Ambiente: Empresa que junta Joana Alho e Cátia Guerreiro, das áreas da engenharia do ambiente e alimentar. Assenta na criação de percursos que deem a conhecer algumas das riquezas naturais locais. A criação da primeira rota ibérica de libélulas e libelinhas e da Rota das Levadas, dedicada ao Património Hidráulico da Benémola são algumas das propostas. Uma ideia que pretende impulsionar, igualmente, o ecoturismo, o turismo científico e o pedagógico.

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