Na Tertúlia Farense, conversa-se com os cinco sentidos

Há cinco sentidos e há também cinco anos que um grupo informal de cidadãos de Faro dá uso a todos […]

Há cinco sentidos e há também cinco anos que um grupo informal de cidadãos de Faro dá uso a todos eles, para exercer o seu direito de cidadania. A Tertúlia Farense celebrou na quinta-feira o seu 5º aniversário com um jantar marcado por muitas homenagens e por um novo tipo de distinção.

Na hora do jantar, ficou a conhecer-se mais num homenageado, que não tinha entrado na lista inicialmente divulgada. O principal dinamizador da Tertúlia Farense Fernando Leitão Correia foi uma das personalidades escolhidas pelos membros do grupo informal, mas acabou por optar por deixar o seu nome de fora, uma vez que é ele o responsável pela divulgação das tertúlias à Comunicação Social.

O também mestre-de-cerimónias das conversas que se fazem quase todos os meses às quintas-feiras, em diferentes restaurantes do Concelho de Faro, foi muito discreto em relação à sua homenagem, que agradeceu, preferindo focar as atenções dos comensais e do Sul Informação nos seus co-homenageados, o alfarrabista farense António Simões e o pintor e escultor Manuel Batista.

Os tributos, em 2012, foram muito ligados aos cinco sentidos. Além das artes da literatura, da pintura e da escultura, também esteve em foco a gastronomia local. Os membros da Tertúlia Farense foram desafiados a classificar com notas os muitos restaurantes já utilizados pelo grupo nos últimos cinco anos.

E apenas dois conseguiram a classificação excelente, o «Faro e Benfica», que acolheu a tertúlia de quinta-feira, e «O Estaminé», restaurante situado na Ilha Deserta. Ambos eram já uma referência gastronómica na cidade e até na região e são agora reconhecidos por um grupo que, apesar de se reunir para debater e refletir sobre assuntos de importância para a cidade, gosta de o fazer após uma boa refeição.

 

A personalidade conta muito

 

Manuel Batista

Os dois homenageados externos à Tertúlia Farense são homens bem conhecidos na cidade, embora tenham relações muito diferentes com as artes a que estão ligados. Manuel Batista é um dos mais conceituados artistas plásticos portugueses, enquanto António Simões se dedica há décadas ao comércio de livros, com um saber, paixão e dedicação que o tornaram fundamental para aqueles que procuram livros especiais e não os conseguem encontrar no circuito comercial.

António Simões é ainda um resistente numa profissão que já poucos seguem, numa altura em que os livros impressos vão sendo substituídos por edições para computador ou novos suportes digitais que simulam a leitura de um livro. Mas o seu trabalho tocou gerações de farenses.

O maior elogio ao alfarrabista farense veio de um testemunho sentido. «Eu não posso dizer que conheço, mas já estive na sua loja. Uma vez, precisávamos de um livro e fomos pedi-lo ao senhor Simões. Ele, como não conseguiu arranjar o livro no tempo que anunciou, não o queria cobrar. Não é pelo dinheiro, mas pelo gesto», revelou um dos membros da Tertúlia Farense.

António Simões

Uma integridade que encontra paralelo em Manuel Batista, segundo Porfírio Maia, ex-vereador da Cultura da  Câmara de Faro. Quando exercia estas funções , o ex-autarca conheceu o pintor e escultor farense, que desafiou a gerir a Galeria Trem.

Foi nesta altura que Porfírio Maia aprofundou o conhecimento sobre o artista, mas principalmente sobre a pessoa, o que resultou numa relação de amizade. «Manuel Batista tem tanto de humano e de grandeza de alma como a qualidade que tem como pintor», assegurou.

 

E aos cinco anos, a Tertúlia atingiu os 113 membros

 

Não vão a todas, mas já estiveram pelo menos em duas sessões da Tertúlia Farense e mostram vontade de participar em mais. O grupo informal de cidadãos farenses acolheu esta semana três novos membros, entre os quais o reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro.

O responsável máximo pela universidade algarvia esteve pela primeira vez na tertúlia como convidado, já que é habitual haver um orador que faz uma exposição sobre o assunto em discussão. Mas voltou de novo a título pessoal, como aconteceu com muitos outros membros da Tertúlia Farense, que tiveram o primeiro contacto com o grupo na condição de convidados de honra.

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