Finalmente uma paragem na invasão dos centros comerciais?

Este ano, não deverá abrir em todo o país nenhum novo Centro Comercial. A notícia é do jornal «Público», que […]

Este ano, não deverá abrir em todo o país nenhum novo Centro Comercial. A notícia é do jornal «Público», que adianta que, mesmo em 2011, o ritmo de abertura dos shopping centres já tinha abrandado, e muito, uma vez que apenas abriram dois: o Aqua Portimão e o Fórum Sintra.

Mesmo assim, e ainda segundo o jornal «Público», em 2011, a área inaugurada de shoppings em Portugal foi de 62.600 metros quadrados, o terceiro valor mais baixo dos últimos 20 anos.

Pode, portanto, dizer-se que, neste caso, há males que vêm por bem: a crise está a afetar a expansão que parecia infinita dos Centros Comerciais, por um lado porque os grandes investidores internacionais já não estão interessados em Portugal, por outro porque os promotores imobiliários – e um Centro Comercial é, antes de mais, um grande negócio imobiliário – já não encontram quem os financie, nem quem lhes compre os metros quadrados de espaço comercial.

Os Centros Comerciais, em Portugal, surgiram um pouco por todo o lado, do litoral ao interior, das grandes cidades, às pequenas. Oferecendo estacionamento grátis, passeios fáceis de fim de semana, cinemas e restaurantes fast-food para contentar as criancinhas, bem como um sortido considerável de lojas e marcas, os Centros Comerciais tornaram-se as grandes catedrais do consumo e da diversão dos portugueses.

Muito por culpa da proliferação algo descontrolada dos Shoppings, as zonas de comércio tradicional no centro antigo das cidades e vilas deste país foram votadas ao abandono: basta passear pelo centro de Portimão, talvez dos mais afetados no Algarve, para ver a quantidade de lojas e cafés fechados, para venda ou arrendamento, ou simplesmente moribundos!

O boom de Centros Comerciais – alguns deles quase, quase no centro das cidades, como o Fórum Algarve, em Faro, ou o Aqua, em Portimão, outros mesmo no centro, como o Ria Shopping de Olhão – não é a única razão da decadência do comércio tradicional, mas explica muita coisa.

Curiosamente, muitos Centros Comerciais até já estão a ser vítimas do excesso: veja-se o caso de Tavira ou de Olhão, por exemplo, onde os lojistas e proprietários de restaurantes se queixam da falta de clientes.

Corre-se o risco de começar a ver, daqui a pouco tempo, Centros Comerciais a fecharem as suas portas e a transformarem-se, também eles, em monumentos decadentes aos excessos imobiliários deste país.

Os tempos de crise deveriam ser aproveitados para repensar muito do que foi feito antes e nos levou até esta situação. Por isso, espero que uma das coisas a ser repensada seja esta aposta absurda em mais e mais Centros Comerciais.

Mas não tenho grandes esperanças de que isso se altere, mal a retoma económica volte a permitir todas as especulações e excessos…

 

Nota: Este é o texto da minha crónica de quinta-feira na rádio RUA FM, no âmbito da rubrica «Tenho Dito», que pode ser ouvida de viva voz aqui

 

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