Festival Terras Sem Sombra traz «Te Deum» de Marcos Portugal a Almodôvar

O Coro da Universidade de Aveiro e a Orquestra Filarmónica das Beiras, sob a direção de António Vassalo Lourenço, preparam-se […]

O Coro da Universidade de Aveiro e a Orquestra Filarmónica das Beiras, sob a direção de António Vassalo Lourenço, preparam-se para encher de música a Igreja Matriz de Almodôvar a partir das 21h30 de sábado, dia 14 de abril, em mais um concerto do Festival Terras sem Sombra.

No domingo, músicos e espetadores juntam-se à comunidade local numa ação na ribeira do Vascão, iniciativa que tem como objetivo a salvaguarda da sua diversidade biológica, com destaque para a ictiofauna e para a vegetação autóctone.

Fiel a um compromisso entre a tradição musical e a criação contemporânea, o Festival que agora regressa a Almodôvar caracteriza-se pelo carácter inovador e pela ligação entre património, artes e a salvaguarda da biodiversidade.

O Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo oferece, desde 2003, uma programação anual de concertos, conferências e ações de salvaguarda da biodiversidade. As suas atividades decorrem em igrejas histórias da Diocese de Beja; são itinerantes; distribuem-se ao longo da temporada musical, a ritmo quinzenal e têm entrada livre.

 

Primeira estreia moderna do Te Deum, em Almodôvar

Marco Portogallo (Marcos Portugal), como se tornou conhecido internacionalmente, nasceu em Lisboa em 1762. No ano em que se comemoram os 250 anos do seu nascimento, o Terras Sem Sombra presta-lhe homenagem com um concerto, a 14 de Abril, às 21h30, na igreja matriz de Almodôvar.

O Coro da Universidade de Aveiro e a Orquestra Filarmonia das Beiras interpretam um Te Deum composto em 1802 – o “Te Deum laudamus a quatro voci com piena orchestra” que resultou de uma encomenda da Casa Real para o batismo do infante D. Miguel no palácio de Queluz.

Originalmente um hino litúrgico cantado em dias festivos do calendário religioso, o Te Deum passou também a ser usado nas cerimónias litúrgicas de ação de graças. Em Portugal, este género de música sacra ganhou especial importância no tempo de D. João V, que mandou celebrar um Te Deum todos os anos, a partir de 1718, no dia 31 de Dezembro, como agradecimento pelas graças divinas concedidas ao reino. Era um sinal da aliança entre o Trono e o Altar.

O concerto de Almodôvar é, segundo Paolo Pinamonti, diretor artístico do Festival, “extremamente simbólico, uma vez que a exaltação de um dos mais famosos compositores portugueses de todos os tempos se alia à interpretação de atuais e promissores agrupamentos e intérpretes nacionais, numa perfeita união do passado ao presente”.

 

Um elenco de relevo

Diretor da Orquestra Filarmonia das Beiras desde 1999, António Lourenço é responsável pelas classes de Coro e Direção da Universidade de Aveiro. Tem dado particular atenção à música portuguesa, levando a cabo estreias, primeiras audições e gravações de obras de compositores nacionais.

Em 1996 terminou o mestrado em Direção de Coro e Orquestra na Universidade de Cincinnati (Estados Unidos da América), onde foi docente, concluindo o doutoramento em 2005. Responsável pelo Festival Internacional de Música de Aveiro (2000-2004), criou em 2006 criou o Estúdio de Ópera de Centro.

O Coro do Departamento da Universidade de Aveiro é composto pelos alunos da Licenciatura e do Mestrado em Música. Apresentou-se ao público em 1998 e colabora regularmente com a Orquestra Filarmonia das Beiras. Esta deu o primeiro concerto em 1997 e é formada por 23 músicos de cordas de várias nacionalidades, com uma média etária jovem.

Participa nos principais festivais de música e em cooperações com outros organismos artísticos, sendo regularmente dirigida por maestros estrangeiros e pelos mais conceituados maestros ativos em Portugal.

 

Salvaguarda da biodiversidade na ribeira do Vascão

Possuidor de um conjunto formidável de recursos biodiversos, o nosso país enfrenta neste momento grandes responsabilidades para conservá-los e valorizá-los adequadamente, tarefa que assume a maior relevância no Alentejo, um dos territórios com mais altos índices de preservação da Europa.

Ao abrigo de um protocolo com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e outras instituições presentes no terreno, o Terras sem Sombra promove ações-piloto para a salvaguarda da biodiversidade. Atividades simples, mas que encerram toda uma mensagem dirigida aos decisores e à opinião pública.

Em Almodôvar, músicos e espetadores juntam-se à comunidade local para, com o Parque Natural do Vale do Guadiana e o Centro de Excelência para a Valorização dos Recursos Silvestres Mediterrânicos, realizarem uma ação na ribeira do Vascão, no dia 15, às 10h30, que tem por alvo a sua diversidade biológica, com destaque para a ictiofauna, através da monitorização de espécies de peixes em risco (como o saramugo, hoje mais raro ameaçado do que o lince ou o panda) e a recolha de espécies exóticas, visando o estudo de parâmetros biofísicos.

Outro polo de atenção são as plantas aromáticas e medicinais, um extraordinário potencial da vegetação autóctone, sustentáculo de diversificação empresarial e de emprego.

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