«Laço de sangue» regressa a Faro após périplo de sucesso em diversos concelhos

A peça «Laço de Sangue» vai voltar a Faro, ao local onde se estreou a nível nacional, o Teatro Lethes, […]

A peça «Laço de Sangue» vai voltar a Faro, ao local onde se estreou a nível nacional, o Teatro Lethes, a partir de amanhã e até domingo. O espetáculo da ACTA-A Companhia de Teatro do Algarve regressa às origens depois de um périplo que a levou a Almada e a várias localidades algarvias, onde foi sempre muito bem acolhida pelo público.  

A peça é bem mais fácil para os que assistem do que para os que estão em cima do palco, confessou Mário Spencer, que partilha o palco com Luís Vicente, que também encena a peça, neste espetáculo a dois.

Mário Spencer esteve à conversa com o Sul Informação e com a Rádio Universitária do Algarve RUA FM no programa radiofónico Impressões. A conversa pode ser ouvida na íntegra no sábado, às 12 horas, ou no site da Rua FM.

Para os atores, são mais de duas horas de atuação, quase sem pausas. «No final, nós estamos completamente exaustos, nem temos voz para falar, porque a peça é muito intensa. Mas penso que só pode ser feita desta maneira, para respeitar o texto», disse.

Para o público, esta é, desde logo, uma oportunidade de conhecer o poderoso e profundo texto do encenador sul-africano Athol Fugard, «que é um dos dramaturgos de língua inglesa  mais lidos depois de Shakespeare».

O ator da ACTA, natural da Guiné Bissau e que se radicou há muitos anos no Algarve não esconde o prazer que sente ao levar à cena um texto que se debruça sobre o preconceito, enquadrado pelo regime do Apartheid, nos anos 60 do século XX. «Este texto é uma pérola», elogiou.

«Na Guiné, os mais antigos costumam dizer que se pode inventar tudo menos a faca que corta a irmandade», recordou Mário Spencer. Uma ideia que está subjacente à trama de Laços de Sangue, que fala do amor fraternal de dois homens, que, pelo simples facto de viverem juntos na mesma casa, estão a quebrar a lei e a afrontar os poderes instalados.

«Quem nos apresentou o texto foi o Joaquim Benite, que pretendia levar a peça à cena, mas não o pôde fazer na altura porque estava muito doente. Nós lemos e apaixonámo-nos pela peça, porque o texto é simplesmente sublime. Depois, tivemos de cortá-lo, o que é um crime, mas mesmo assim a peça tem duas horas e um quarto», revelou.

A duração da peça não é problema, da perspetiva do público, que em mais do que uma ocasião pareceu ter achado que podia continuar mais um pouco. «Nós já levámos a peça a Almada…até arrepia. Nós fizemos a peça em Almada, na Sala Estúdio, uma sala pequena em que o público estava mesmo ali em cima. Só lhes posso dizer que foram três dias maravilhosos», contou o ator.

«As pessoas ficaram loucas com o espetáculo», ilustrou Mário Spencer, salientando que o público desta cidade junto ao Tejo «não é um público qualquer». «No último dia tivemos bravos, bravos, bravos!», ilustrou. Acabou mesmo por se improvisar uma tertúlia com algumas das pessoas que assistiram ao espetáculo, após o seu final.

Este entusiasmo, sentido em diversos locais, levou a ACTA a decidir acrescentar datas em Faro que não estavam inicialmente previstas. A segunda ronda de «Laço de Sangue» no Lethes, acontece nos dias 20 e 21 de abril, pelas 21h30, e dia 22, pelas 16 horas. Os bilhetes custam dez euros, com os descontos habituais.

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