«O esforço que o país está a fazer nos maiores de 23 anos é da maior utilidade e necessidade», defende Mello Sampayo, reitor do Instituto Superior Dom Afonso III (INUAF), de Loulé, que abre, a 19 de março, as candidaturas para provas de acesso ao ensino superior de estudantes mais 23 anos, quer tenham ou não concluído o 12.º ano.
O reitor do INUAF calcula «que pelo menos 10 por cento dos alunos do ensino superior têm origem nos mais 23 anos. E tem uma grande vantagem: nas salas de aula passaram a estar jovens com uma outra atitude. Eles vêm para aprender algo útil para a sua vida e têm um discurso nas aulas, que faz com que os outros despertem para a realidade».
Estas provas são constituídas pela apreciação do currículo do estudante, por uma entrevista e por provas teóricas e ou práticas de avaliação.
Os candidatos apurados nestas provas podem candidatar-se ao ingresso nos cursos de licenciatura do instituto, que vão da Psicologia à Educação Física e Desporto, passando pela Gestão de Marketing e Publicidade, Gestão de Bio-Recursos, Gestão, Multimedia, Gestão e Mediação Imobiliária, Gestão Turística, Turismo Sustentável e Formação Musical.
Mello Sampayo refere ainda que o ingresso dos maiores de 23 anos é «essencial para o país, mas esses senhores devem ter uma formação universitária adequadas, mais flexível – a lei portuguesa autoriza [a frequência de várias unidades curriculares em diversas universidades], mas as universidades não flexibilizam».
Aproveitando as virtualidades do processo de Bolonha, os futuros estudantes do INUAF poderão requerer que lhes sejam creditadas, no curso que escolherem, as experiências, conhecimentos ou competências adquiridas ao longo da sua vida antes de ingressarem no ensino superior, o que pode abreviar os cursos em maior ou menor grau, consoante os casos.
«A entrada na universidade por demonstração das capacidades adquiridas ao longo da vida é muito importante e tem feito com que em todas as universidades a população que frequenta o ensino superior tenha aumentado«, afirma o reitor da instituição.
Para Mello Sampayo, o ingresso dos estudantes maiores de 23 anos é de extrema importância, apontando mesmo para a necessidade de se permitir o acesso a estes alunos aos 21 anos.
«As estatísticas mostram claramente que os recursos humanos portugueses apresentam em geral na formação de nível inicial até ao 12.º ano, ensino politécnico e universitário, valores muito abaixo das médias europeias», recorda.
Numa altura de crise, a aposta na formação deve ser uma prioridade. «Está provado que a formação superior aumenta a probabilidade de emprego. Mas resta saber se a formação que se está a dar aos jovens é criadora de riqueza ou é fomentadora de consumo de riqueza. Há um desajustamento entre as necessidades do país e a formação oferecida», afirma, referindo que este ajustamento entre necessidade de empresas e formação tem sido uma das prioridades deste estabelecimento de ensino.
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