Passos falsos e coelhos perdidos

O pior dos quadros públicos é que aproveitam os Quadros Europeus para inventar rodas quadradas, em vez de adaptar as […]

O pior dos quadros públicos é que aproveitam os Quadros Europeus para inventar rodas quadradas, em vez de adaptar as que já rodam em outros países. Quase todos os PME que entrevisto dizem o mesmo: “pague o salário de 100 mil quadros em casa, que prejudica menos o país, do que deixá-los a atrapalhar-nos”.

Em recente debate do “Oportunidades na Crise”, na FNAC Guia e outro em Lisboa, iniciado pelo presidente do Tribunal de Contas Guilherme de Oliveira Martins sobre os temas dos meus livros, ficou óbvio que as intransparências denunciadas por empresários e pelo Tribunal cairiam, se houvesse menos intrigas e interesses privados a usar muitas destas chefias intermédias.

Com dinheiro da UE e nosso, na Praia Grande, rés a Armação de Pêra, na passarela que leva o turista do parking à praia, foram substituídos os inusitados e atrativos antigos dormentes, por tábuas, iguais às de qualquer passarela da UE. Em nada modernizaram, além de alargar, aquele troço, que, contra todas as recomendações pela melhor mobilidade, continua com degraus, em vez de rampa. Isto impede o acesso a cadeiristas e gera diferenças de altura para os animaizinhos, como coelhos, que passam por baixo.

Quem projetou aquela obra estava próximo ao construtor, longe do ambiente. Custou muito, talvez dez vezes o que teria custado apenas substituir os dormentes podres e fazer a manutenção anual exigida a qualquer obra pública. Se aquela passagem fosse feita em rampas, a ciclovia que ali termina poderia levar turistas holandeses e dinamarqueses à praia e assim torná-la mais atrativa.

Em vez do despesismo, os valores ali desperdiçados deveriam ir para a Almargem melhor sinalizar a Via Algarviana e realizar mini-ajustes nos troços mais difíceis.

Mais passos falsos e coelhos perdidos na ratoeira kafkiana da burocracia mantida pelos contribuintes cada vez mais empobrecidos.

 

Autor: Jack Soifer foi consultor do Banco Mundial e é autor dos livros «Empreender Turismo de Natureza», «Portugal Rural» e «Como Sair da Crise»

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