Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility
teatro das figuras

Sul InformaçãoA Liga para a Proteção da Natureza (LPN) denunciou, em parecer enviado aos ministros do Ambiente e da Defesa, o impacte ambiental do projeto «Ocean Revival» e as alegadas violações da legislação nacional e europeia que este representa.

A LPN alerta para a ausência de uma Avaliação de Impacto Ambiental e de discussão pública, questionando as justificações dos pontos de vista económico e social, e a opção do Ministério da Defesa Nacional de «ceder vasos de guerra a uma autarquia ou empresa privada», para afundamento, quando, na sua opinião, «a única opção aceitável seria o desmantelamento nos estaleiros navais nacionais com reciclagem ou venda dos materiais resultantes, cumprindo com as Diretivas, salvaguardando o património natural, promovendo o emprego nos estaleiros e gerando receitas para o Estado».

No parecer enviado aos ministros Assunção Cristas e José Aguiar-Branco, a LPN começa por salientar o vazio legal existente quanto ao licenciamento em áreas marinhas e em especial na plataforma continental, que permitiu que o projeto «Ocean Revival», promovido pela associação Musubmar, «avançasse por licenciamento administrativo, sem sujeitar o processo a escrutínio público e científico».

festival do marisco de olhao

Por isso mesmo, a mais antiga associação ambientalista portuguesa solicitou à ministra do Ambiente que «avalie o projeto e providencie a rápida criação de legislação que proteja de forma adequada as áreas marinhas».

Sul InformaçãoA LPN recorda, em comunicado de imprensa a que o Sul Informação teve acesso, que atualmente já estão em Portimão dois dos quatro navios a afundar, a corveta «Oliveira e Carmo» e o navio-patrulha «Zambeze», «para supostamente serem realizados os trabalhos de descontaminação».

No entanto, salienta a associação, «não houve discussão ou divulgação pública de qualquer estudo de impacte ambiental ou estudo de viabilidade económica».

Por isso, na sua interpelação às tutelas, a LPN «questiona a existência de certificação pelas entidades competentes para o trabalho de descontaminação e tratamento de resíduos tóxicos e perigosos que está a ter lugar num estaleiro de Portimão, assim como à verificação de que o mesmo se realiza de acordo com a legislação adequada (nomeadamente a Diretiva-Quadro de Resíduos)».

O afundamento de navios para a criação de um parque subaquático para mergulho recreativo, objetivo da parceria estabelecida entre a empresa privada Subnauta, o Município de Portimão e o Ministério da Defesa Nacional, viola, segundo a LPN, «várias diretivas e convenções nacionais e internacionais de defesa do ambiente, como as Diretiva-Quadro Estratégia Marinha e Diretiva-Quadro da Água, a Estratégia Nacional para o Mar, a Directiva Ambiental para a Defesa Nacional, o Programa Nacional para as Alterações Climáticas, o regulamento “anti-dumping” da Convenção para a Proteção do Ambiente Marinho do Atlântico e a Convenção para a Biodiversidade».

«Ao optar-se por afundar navios, qualquer que seja o propósito, desrespeitam-se os objetivos de gestão de resíduos, as ações de prevenção da poluição marinha e a preservação de espécies e habitats marinhos, defendidas por aqueles instrumentos. Todas estas questões põem-se sobre um pano de ausência de enquadramento legal e de discussão pública», sublinha a Liga no seu parecer.

«O esforço desenvolvido pelo país, promovendo a separação e gestão adequada de resíduos, que tem mudado mentalidades em toda a sociedade, não deve ser desprezado empreendendo-se um projeto que afunda navios que poderiam e deveriam ser melhor aproveitados a nível ambiental e financeiro», acrescenta ainda a Liga para a Proteção da Natureza.

No documento, a LPN questiona também a cedência dos navios a afundar à empresa promotora do projeto. «Num momento em que Portugal precisa de reduzir despesas e aumentar receitas, estando os estaleiros navais a lutar para manter o emprego dos trabalhadores, a atividade de desmantelamento dos navios portugueses em fim de vida e subsequente reciclagem e venda dos seus materiais é a única opção aceitável. Como tal, não faz sentido que o Ministério ceda vasos de guerra a uma empresa privada que, ainda por cima, tem como objetivo proceder ao afundamento, colidindo com a Diretiva Ambiental para a Defesa Nacional».

Por outro lado, frisa a associação, «a nova extração desta quantidade de metal e sua transformação contribuirá para aumentar as emissões de gases com efeito de estufa com elevadíssimos consumos de energia».

Sul InformaçãoSobre os objetivos declarados pelos promotores do projeto «Ocean Revival», «da necessidade e interesse regional», a LPN sublinha que «já existem na costa algarvia 12 destroços originais inventariados, com valor histórico e arqueológico, que podem ser usados para o efeito».

Por outro lado, «o foco dado ao objetivo de aumentar a oferta para atividade de mergulho amador também está em causa, pois a profundidade a que estão previstos (entre os 20-30 metros), a baixa visibilidade da água do mar nesta zona da costa algarvia, as correntes presentes e a forte componente técnica de mergulho em destroços, conclui-se que este fica restrito a mergulhadores avançados e com bastante prática neste tipo de mergulho, contrapondo o objetivo declarado de criar um pólo de mergulho que atraísse uma considerável fatia de mergulhadores amadores internacionais».

Assim, considerando que estão «patentes os incumprimentos legais de convenções, legislação e diretivas nacionais e internacionais, e falhando simultaneamente as principais justificações para este projeto», a LPN exige respostas ao Ministério da Defesa Nacional e ao Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território.

 

Leia a posição da Basel Action Network, sobre o afundamento de navios, intitulada «Jobs and Dollars overboard» («Empregos e Dólares jogados fora»)

sessões de cinema de inverno
banner aljezur sempre

Também poderá gostar

Semana do Clima

Loulé promove mais uma edição da Semana do Clima

Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho_CEAVG_Castro Verde_LPN

Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho faz 25 anos

AlgarSafe no Portimão Arena 1 (1)

Maior feira de proteção civil e socorro a sul do Tejo volta a Portimão