Câmara de Loulé fez balanço do projeto de regeneração do seu centro histórico

A Câmara Municipal de Loulé fez um balanço do que foi realizado no âmbito do Projeto Charme, iniciativa global que […]

A Câmara Municipal de Loulé fez um balanço do que foi realizado no âmbito do Projeto Charme, iniciativa global que visa dinamizar o casco medieval de Loulé, reintegrando-o no centro da cidade.

O projeto nasceu de uma candidatura ao PO Algarve 21, integrado na tipologia da operação das Parcerias para a Regeneração Urbana. Aprovado em 2009, o Charme teve o seu final em dezembro de 2011, embora estejam ainda a decorrer ações até ao próximo mês de Março, segundo explicou Sofia Pontes, Chefe de Divisão de Reabilitação e Intervenção Urbanas.

As qualidades ambientais, culturais e patrimoniais, presentes nos testemunhos da história, na singularidade dos edifícios, na decoração dos pavimentos, na vegetação e arborização, e em toda uma panóplia de coisas que encontramos no Centro Histórico foram as razões que estiveram na base da decisão em levar por diante este projeto. “Este foi o nosso lema e foi com ele que construímos toda a estratégia e plano de ação que viemos depois a implementar”, referiu esta arquiteta.

Em termos da metodologia de trabalho, foi feito um diagnóstico ao Centro Histórico – ao espaço intramuralhas – e analisadas as suas forças e fraquezas. A localização estratégica no tecido urbano, o grande número de edifícios de valor histórico e patrimonial, os acessos pedonais e viários, a morfologia do espaço urbano, a existência de equipamentos âncora, a relação de vizinhança da população ou a realização de eventos culturais foram identificadas como forças, por contraposição à relação entre o interior e o exterior do casco e o exterior que constitui a centralidade urbana de Loulé, as deficiências múltiplas no ordenamento do espaço público, o desaproveitamento das potencialidades da morfologia edificada ou o envelhecimento da população, enquanto fraquezas.

Desta análise e da vocação que o espaço como destino turístico de estadia pode oferecer, levou a equipa responsável pelo Charme a concluir que “a ’quebra’ de ritmo e de urbanidade entre o interior, pouco pujante, do casco e o exterior, vibrante, onde deveria haver uma só estrutura urbana, de elevado valor vivencial é a principal fratura na qualidade urbana que Loulé oferece, e que o centro urbano pode e deve tornar-se um elemento fundamental de vivência urbana de elevada qualidade no Algarve, tornando-se um destino de passeio habitual para a população, uma alternativa para as crianças e uma referência da memória coletiva”.

Após a delimitação da área de intervenção, foi retomado o tema das portas da muralha, enquanto entrada no casco histórico, a partir de três edifícios emblemáticos aqui existentes, foram designadas como Porta do Castelo, Porta da Igreja e Porta do Mercado.

“Tomámos as opções das portas de entrada no casco histórico transformadas em zonas urbanas de grande qualidade, para efeitos de amortecimento e integração entre o casco histórico e as zonas limítrofes com um pendor histórico mais moderado, designadamente as avenidas e as ruas comerciais tradicionais. Para além disso, porque não é só de edificado e espaço público que se faz a nossa cidade, procurámos também cimentar os reequilíbrios e a integração, provocando dinâmicas humanas inovadoras e integradoras, mediante operações nos domínios da economia, do desenvolvimento social, da cultura e da informação/promoção”, explicou Sofia Pontes.

 

Os eixos estratégicos

As ações implementadas dividiram-se em eixos estratégicos. Assim, no que concerne à qualificação do espaço público, está em marcha um projeto para o Largo Afonso III e Largo da Matriz/Jardim dos Amuados, dois investimentos cuja execução acontecerá após o período de realização do Charme.

A requalificação do Parque Municipal e a remodelação do Largo Bernardo Lopes e Praça da República são obras já concluídas inscritas nestes projetos de regeneração urbana.

No que diz respeito ao desenvolvimento económico, foi feito um estudo da imagem do comércio de Loulé, “que permitisse criar soluções de baixo, médio ou alto custo” para o desenvolvimento do comércio, adotando uma estratégia integrada.

Nesse sentido, foi elaborado um programa de requalificação das portas e montras dos estabelecimentos comerciais, com especial ênfase nas principais artérias comerciais – Praça da República e Rua das Lojas -, através de um levantamento de fachadas, numa tentativa de aproximar também o peão do comércio tradicional.

“Em vários edifícios há uma grande transformação do piso térreo que por vezes origina uma grande confusão e pouca atratividade desses espaços”, referiu esta responsável.

Por outro lado, foi elaborado um programa de requalificação e reordenamento dos elementos de publicidade exterior dos estabelecimentos comerciais, que resultou num regulamento de publicação e ocupação do espaço público para a área histórica.

Para o Mercado de Loulé, um dos ex-líbris da cidade e que faz parte desta área de intervenção, foi criado um projeto de dinamização de atividades económicas e culturais, realizado pela empresa Loulé Concelho Global. Destaca-se a realização da Feira do Chocolate, Feira dos Sabores do Azeite, a animação musical no espaço e ainda a visita de escolas ao Mercado. Em Março tem lugar a iniciativa “Comidas do Mundo”, que encerrará este conjunto de iniciativas.

No campo dos eventos, destaca-se também a integração das edições de 2009 e 2010 da Noite Branca, evento que tem na sua essência a dinamização do centro da cidade e do comércio local.

Quanto aos equipamentos de desenvolvimento cultural, a par da reabilitação do Cine-Teatro Louletano, ao abrigo do CHARME foi criada a Universidade de Verão, ação desenvolvida com a Universidade do Algarve, em duas edições (2010 e 2011).

A ideia foi, segundo a responsável da Divisão de Reabilitação Urbana, “transferir cursos de verão que eram dados na Universidade para o Centro Histórico, dirigidos não só a estudantes mas a qualquer cidadão interessado em alargar os seus conhecimentos”. Os Estudos sobre o Mediterrâneo foram a temática geral desta iniciativa que contou com uma significativa adesão do público em geral.

 

Avança sistema de orientação no Centro Histórico

Finalmente, está ainda a ser implementado um sistema de orientação no Centro Histórico e que, até Março, ficará instalado no espaço público. “O que se pretende é oferecer aos visitantes e também aos locais, dois percursos para que possam conhecer o Centro Histórico e o centro urbano de Loulé”, disse Sofia Pontes.

Assim, serão definidos dois percursos – o do património (laranja) e o do comércio (verde). Estes percursos vão ficar sinalizados através de diretórios que vão ser colocados nos pontos de chegada a Loulé como os parques de estacionamento, o terminal rodoviário, nos pontos de chegada das camionetas de turismo junto ao posto de turismo e também nas três portas – Mercado, Igreja e Castelo. Estes percursos vão estar sinalizados no espaço público, nomeadamente no passeio, com pegadas, o que permite toda a gente saber para onde vai e o que vai ver.

Os diretórios integram a planta, uma descrição de cada percurso e pequenos apontamentos dos edifícios que se poderão ver. Junto a cada edifício existirá uma placa com uma pequena descrição do que se vai ver, acompanhada por um desenho expressivo do próprio edifício.

Para além dos edifícios, e porque o Centro Histórico é muito rico em pormenores, pretende-se completar os percursos com as “vistas”, isto é, detalhes como uma chaminé ou uma árvore, que enriquecem todo o conjunto patrimonial existente.

Todas estas informações irão constar num flyer disponível no posto de turismo, Paços do Concelho, cafés ou outros pontos de distribuição.

Para o presidente da autarquia Seruca Emídio, “estas não são iniciativas desgarradas mas medidas que se integram num conjunto de intervenções, eventos ou parcerias que são feitas com uma preocupação objetiva”.

O edil referiu a preocupação da Autarquia em dar vida ao casco medieval da cidade “que por vicissitudes de tempo e também de novas dinâmicas sociais e económicas esteve abandonado”.

Mas Seruca Emídio frisou que esteve sempre presente a ideia de uma “revitalização de forma integrada na cidade, criando novos polos, em articulação com o polo medieval”.

A par das intervenções físicas nos edifícios, o autarca referiu ainda no âmbito do Charme “os eventos, iniciativas para projetar o nome da cidade de Loulé, alguns em parceria com a associação de comerciantes, que vieram dar uma nova esperança de integração desta zona”.

Em todo o processo, a Universidade do Algarve, a Associação CentroLoulé e a Loulé Concelho Global foram entidades parceiras neste projeto.

O Projeto Charme significou um investimento total de 3.717.027 euros, com um financiamento total de 1.604.000 euros.

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