Jovens de Portimão contribuem para combater a solidão dos mais velhos

A solidão dos idosos, um dos problemas mais dramáticos da sociedade atual, está a ser contrariada em Portimão através do […]

A solidão dos idosos, um dos problemas mais dramáticos da sociedade atual, está a ser contrariada em Portimão através do programa intergeracional “O Meu Amigo Sénior”, que envolve a participação de jovens das duas escolas secundárias da cidade.

Este programa, que se insere no projeto “7 Cidades Amigas dos Idosos”, do qual Portimão é município fundador, reuniu na quinta-feira, na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes, seniores da Aldeia de S. José de Alcalar, da Associação de Reformados do Pontal e Não Só e utentes do Centro de Convívio Sénior de Portimão, bem com um grupo de alunos das Escolas Secundárias Manuel Teixeira Gomes e Poeta António Aleixo que participam na iniciativa.

O “Meu Amigo Sénior” convida os mais novos a darem um pouco do seu tempo aos mais velhos, num gesto de voluntariado social onde o valor da amizade desempenha um papel fundamental.

Para jovens como Danilo Lourenço, a iniciativa “não é nenhuma ‘seca’ nem perda de tempo, pois todos aprendemos com estes ‘jovens’ idosos”.

A presidente da Associação Vencer o Tempo nas Sete Cidades e dinamizadora do projeto, Ivone Ferreira, realçou que o mesmo funciona “na base da partilha de experiências que contribuam para laços afetivos entre os intervenientes nestes tempos de grande tristeza, onde se torna fundamental o acompanhamento dos idosos, para evitarmos mais mortes solitárias”.

Na ocasião foram entregues telemóveis aos jovens, para que seja mais fácil o contato de proximidade e a entreajuda junto dos seus amigos seniores.

Aposta ganha

Para Isabel Guerreiro, vereadora com o pelouro de Ação Social na Câmara de Portimão, “a aposta do Município na promoção da qualidade de vida dos seniores ganha outra dimensão através deste projeto, no qual o voluntariado marca a diferença pela ação e empenho da juventude, que se revela muito desperta e preocupada para esta problemática.”

Na mesma linha de raciocínio, a professora Maria Ribeiro Gomes defendeu que “a adesão da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes a este programa surgiu naturalmente, pois há cerca de meia dúzia de anos que temos projetos na área do voluntariado, com visitas a lares de idosos e a instituições que apoiam crianças desamparadas, além da realização de uma feira de natal solidária.”

A sua colega Isabel Quirino, professora na Escola Secundária Poeta António Aleixo, explicou que “agarrámos esta proposta por sermos contra a ideia de uma escola formatada que ensina de forma empírica e por considerarmos tratar-se de uma excelente oportunidade para os alunos participarem em iniciativas relacionadas com os seus próprios interesses, pois muitos deles têm familiares idosos.”

O fotógrafo António Homem Cardoso, que se associou ao projeto e durante a manhã de ontem realizou com os participantes uma sessão fotográfica por alguns espaços de Portimão, considerou que a colaboração voluntária tem-lhe permitido “descobrir um país bonito e solidário.”

O resultado daquela sessão fotográfica irá integrar uma exposição coletiva com imagens de todas as cidades aderentes e que será inaugurada em Portimão.

A mostra será vista posteriormente em Póvoa de Lanhoso, Vila Nova de Foz Côa, Vila Real de Santo António, Angra do Heroísmo, Góis e Maia, onde se realizará o próximo Congresso Inter Cidades Amigas dos Idosos.

Um entusiasmo partilhado

Muitos foram os testemunhos partilhados durante o encontro, como sucedeu com Felismina Guerreiro, quase a comemorar o 71º aniversário: “Esta iniciativa é muito boa, faz-me sentir rejuvenescida e estou mesmo a pensar ir com a Marianita às compras, passeando as duas um pouco por aí. Vai-me fazer bem!”

A sua jovem amiga Mariana Conceição, de 17 anos, estuda na Escola Secundária Poeta António Aleixo e concorda: “Considero esta experiência muito enriquecedora pois ambas partilhamos coisas importantes das nossas vidas. E a juventude tem tanto a aprender com a sabedoria dos mais idosos…!”

Mauro Santos, que viveu numa instituição de acolhimento entre os 10 e os 18 anos, sintetizou o estado de espírito geral ao dirigir uma mensagem final aos seus colegas do programa: “Sei que para cada um de nós este projeto é para levar à frente, dando o nosso melhor. Temos muito para dar e ainda mais para receber e por isso, malta, peguem forte!”

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