“Do Mar Aberto ao Mare Internum” é o título da exposição que abre dia 22 de janeiro, às 17 horas, , no Centro de Interpretação de Vila do Bispo e na Fortaleza de Sagres, no âmbito das comemorações do dia do município de Vila do Bispo.
O evento resulta de uma parceria entre a Direção Regional de Cultura do Algarve, a Universidade do Algarve e a Câmara Municipal de Vila do Bispo, coproduzida com a Associação Livre Fotógrafos do Algarve (ALFA).
Comissariada por João Pedro Bernardes, a exposição dará conta dos principais resultados das investigações arqueológicas desenvolvidas pela Universidade do Algarve nos últimos anos nos sítios romanos da Boca do Rio e do Martinhal no âmbito do projeto Ceratonia – «A Exploração dos Recursos Marinho no Algarve durante a época Romana».
Organiza-se em dois núcleos expositivos: um, patente no Centro de Interpretação de Vila do Bispo, é dedicado ao sítio pesqueiro romano da Boca do Rio; no outro núcleo expositivo, que pode ser visitado na Fortaleza de Sagres, será apresentado o centro oleiro romano da praia do Martinhal.
Os dois sítios estão relacionados com a exploração, transformação e exportação de recursos piscícolas entre os séculos III e V.
O sítio da Boca do Rio está referenciado desde o século XVIII, quando o tsunami decorrente do terramoto de 1755 colocou à vista extensas ruínas.
Parcialmente escavado no século XIX pelo arqueólogo algarvio Estácio da Veiga, o sítio é composto por uma extensa área com tanques para preparados de peixe, armazéns, um balneário e uma residência ricamente decorada com estuques pintados e pavimentos de mosaico.
Apesar do sítio ter sido ocupado desde o século I ao século V, é no século III e IV d.C. que atinge o seu máximo esplendor, fruto da intensa atividade exportadora de preparados de peixe a que então o Algarve se dedicava.
Devido ao recuo da linha de costa, este sítio romano tem sido muito afetado pela erosão marítima nos últimos anos, o que levou a Universidade do Algarve e a Direção Regional da Cultura do Algarve a fazer escavações no local para salvar um pavimento de mosaico.
Outros, que se podem ver no museu de Lagos, já tinham sido resgatados por José Formosinho nos anos 30 do século passado.
A exposição, para além de mostrar a história das investigações sobre o sítio, apresenta os resultados dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos nos últimos anos através de painéis e uma pequena mostra de materiais recolhidos no local.
Na praia do Martinhal localizou-se um sítio romano ainda no século I d. C que foi convertido num grande centro oleiro a partir de meados do século III e que funcionou até inícios do V.
Aqui foram produzidas em larga escala ânforas que se destinavam a envasar preparados de peixe, produzidos em vários sítios do Algarve como em Boca do Rio, exportados para toda a bacia do Mediterrâneo.
O sítio, identificado desde o século XIX e parcialmente escavado inicialmente nos anos 80 do século passado, tem vindo a ser destruído pelo recuo da falésia onde se encontravam os fornos de ânforas.
As escavações antigas e as realizadas pela Universidade do Algarve nos últimos anos já permitiram reconhecer 10 fornos e um enorme edifício, com uma cisterna com capacidade para armazenar mais de 1000 mil litros de água, onde trabalhavam os oleiros.
A presente exposição mostra os trabalhos de escavação efetuados no local, bem como as principais produções cerâmicas que ali se fabricaram entre o século III e inícios do V.
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