Nova direção da AAUAlg quer «ficar na história» da Académica algarvia

Sanear as contas da Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) vai ser o objetivo primordial da direção eleita há […]

Sanear as contas da Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) vai ser o objetivo primordial da direção eleita há duas semanas e que irá tomar posse em janeiro. Os novos representantes dos universitários algarvios querem fazer uma revisão geral ao funcionamento da associação e ficar na história da coletividade, pelos melhores motivos.

Dois ex-presidentes da Associação Académica da Universidade do Algarve são agora membros da mesma equipa diretiva. Pedro Barros é o presidente e Eduardo Almeida o tesoureiro, uma dupla que já antes havia merecido a confiança dos estudantes.

Querem agora reabilitar esta estrutura, apostando em mudanças significativas, que não passam apenas pela componente económica, mas também pela pedagogia e pelas condições de vida dos estudantes deslocados.

Os dois futuros dirigentes da associação e o presidente da Mesa da Assembleia Magna João Pedro Ferreira foram os convidados do programa radiofónico «Impressões», dinamizado em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM.

«No mês que temos até tomarmos posse, queremos planear com rigor aquilo que será o nosso trabalho do próximo ano, tentando assim combater o pouco tempo de mandato que teremos, pois, na minha opinião, um ano é sempre pouco para fazer aquilo que pretendemos», disse Pedro Barros. Com esse «bom planeamento», Pedro Barros acredita que esta direção pode ficar «na história da Associação Académica».

Para que isso aconteça, a futura direção não poderá falhar no objetivo de sanear as contas da AAUAlg. Apesar de não avançarem, para já, números, os futuros responsáveis pela associação estão a ter acesso a documentos financeiros e têm já uma ideia de qual será a tarefa que irão enfrentar.

«Aos poucos, vamos tendo a ideia daquilo que vamos encontrar», disse Eduardo Almeida, que adiantou que a atual direção geral cedeu «alguma documentação» para que os futuros dirigentes preparem o próximo ano.

Eduardo Almeida frisou as dificuldades que o país tem vivido e as que ainda vai viver, «o que se reflete nas empresas». «A associação tem uma componente empresarial forte, que também se ressente. A partir de janeiro, até deveremos sentir mais, pois prestamos serviços de restauração e o IVA vai aumentar», ilustrou.

«Teremos de fazer uma total revisão aos nossos serviços, torná-los a todos sustentáveis e delinear estratégias para tirar a AAUAlg desta situação financeira», resumiu o futuro tesoureiro da coletividade. «Urge resolver isto rapidamente», afirmou.

A possibilidade de reduzir pessoal não está afastada, bem como a alienação de alguns dos serviços, mas será sempre em último caso, garantiu.

«Estaria a mentir se dissesse que a redução de pessoal não é uma possibilidade. Mas, se calhar, antes de pensar em despedir pessoas, terei de pensar em não contratar ou em não renovar contratos. Se tiver de aumentar o preço dos serviços, se calhar primeiro tenho de falar com os fornecedores e arranjar soluções mais baratas, para atenuar esses aumentos», ilustrou Eduardo Almeida.

«Sei que existe da parte da Direção Executiva [estrutura permanente e remunerada da AAUAlg] uma preocupação permanente em resolver este problema. Já foram renegociados contratos com fornecedores, em termos de alargamento de prazos e no sentido de resolver as situações a bem, evitando situações judiciais que podem trazer mais despesa», disse Eduardo Almeida.

O ex-presidente da AAUAlg falou no esforço da Direção Executiva e não do da Geral, mas apenas porque tem estado «mais próximo da primeira e é aquela por quem posso falar», assegurou. «Ninguém me vai ouvir a falar sobre a atual Direção Geral», assegurou.

«Quando eu lá estive, a situação não foi fácil, mas conseguiu-se dar a volta e quando o Eduardo lá esteve, a mesma coisa. Fala-se muito em crise, mas nós vamos falar mais em trabalho. E acredito que, com um bom trabalho, vamos conseguir dar a volta a todas as situações», considerou, por seu lado, Pedro Barros.

Mas nem só de contas vive a associação, daí que Pedro Barros coloque a tónica em dois outros objetivos, mais voltados para os seus colegas, iniciativas que considerou «ambiciosas».

«Um dos nossos grandes objetivos é a criação de um gabinete habitacional. Este projeto surge de uma parceria com a Câmara de Faro, com o possível apoio da Universidade, que tenho a certeza que também nos quererá ajudar», anunciou Pedro Barros.

A ideia é criar uma lista oficial de apartamentos para alugar que cumpram todos os requisitos legais e tenham as condições necessárias de habitabilidade. Esta validação será efetuada por um gabinete a criar no seio da AAUAlg.

«Acontece muitas vezes o arrendamento ilegal e de casas que nem sequer têm as condições mínimas para lá se viver. Nós queremos regular esta situação, nomeadamente com a cooperação de técnicos especializados na área da Câmara, que já se disponibilizou para fazer esse trabalho», revelou.

Ao mesmo tempo, promove-se um serviço ao Estado, já que só entrarão nesta lista senhorios que estejam dispostos a passar o devido recibo de arrendamento, o que implica um encaixe em impostos. «O maior problema ao nível mundial é a economia paralela. A obrigação de um contrato de arrendamento e de um recibo vai ser taxativa», avisou Pedro Barros.

Também a pedagogia será uma prioridade. «Queremos criar um Gabinete Pedagógico, que ajude os nossos colegas no dia-a-dia», disse o presidente eleito da AAUAlg. Em causa, estão questões como o lançamento de notas, disputas com docentes e acesso a exames, entre outras.

«Os problemas pedagógicos têm de ser resolvidos rapidamente e, neste momento, existe muita burocracia. É tudo uma grande salganhada», disse.

Um trabalho que é já competência da AAUAlg, admitiu Pedro Barros, mas que pode ser mais eficiente. «A ideia é tentar reorganizar e melhorar este serviço», acrescentou, colocando alguém em permanência a fazer a ponte entre a associação e os demais órgãos da UAlg.

Já o recém-eleito presidente da Mesa da Assembleia Magna anunciou a revisão «de todos os pontos dos estatutos da associação, um por um», para ser colocada à votação. A ideia é adequar a organização à realidade atual. «Isso não significa que mudaremos todos os pontos, mas vamos olhar para todos eles», disse João Pedro Ferreira.

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