Museu de Portimão abre exposição «Uma cidade, 2 fotógrafos»

A cidade de Portimão, vista pelos olhares diversos e pelas objetivas de Júlio Bernardo e Francisco Oliveira, é o tema […]

A cidade de Portimão, vista pelos olhares diversos e pelas objetivas de Júlio Bernardo e Francisco Oliveira, é o tema da nova exposição do Museu de Portimão, que abre no sábado, dia 17, às 17h00.

«As cidades evoluem, transformam-se e a adaptam-se diariamente à iniciativa e ao pulsar dinâmico dos seus habitantes», explica o Museu de Portimão.

Através da fotografia, Júlio Bernardo e Francisco Oliveira fixaram instantes da vida quotidiana de Portimão, devolvendo as imagens do seu olhar atento a esse constante movimento que, desde a década de 50 até finais dos anos 70 do século XX, foi construindo e moldando a cidade, o particularismo dos seus espaços e as formas da sua paisagem humana.

A importância do seu trabalho é revelada na exposição, que «nos permite apropriar de um outro tempo, perceber melhor a identidade desta terra, tornar visíveis referências já desaparecidas e fortalecer os laços frágeis da nossa memória coletiva», acrescentam os responsáveis pela mostra.

Aqui se reúne apenas uma pequena parte do vasto espólio fotográfico de Júlio Bernardo e Francisco Oliveira, adquirido pelo Município de Portimão, que no Museu se conserva e agora se expõe.

José Gameiro, diretor do Museu de Portimão, explicou ao Sul Informação que, na exposição, além de fotografias de ambos os autores, «às vezes colocadas lado a lado para mostrar a visão de cada um deles sobre vários aspetos da cidade de Portimão e do concelho», haverá ainda a recriação do laboratório fotográfico ou mesmo do estúdio e da loja de fotografia típica dos anos 60 e 70. Serão também exibidos excertos do filme “Há peixe no Cais “ de Júlio Bernardo.

Patente na Sala de Exposições Temporárias do Museu de Portimão e com entrada livre, “Uma Cidade 2 Fotógrafos” pode ser visitada até 29 de abril, às terças-feiras, das 14h30 às 18h00, e de quarta-feira a domingo, das 10h00 às 18h00.

 

Francisco Oliveira

Natural de Estombar, onde nasce em 1918, passa a residir em Portimão a partir de 1922, tendo encontrado na fotografia de estúdio a profissão que viria a exercer.

Após um período de aprendizagem, com alguns dos mais antigos fotógrafos de Portimão, entre os quais o retratista “Dias Fotógrafo” e o paisagista Luís Urbano Santos, abre o seu próprio estúdio em 1940, junto da Igreja Matriz, onde se inicia nos retratos.

Em 1948, muda-se para o seu estabelecimento de fotografia, na rua 5 de Outubro, composto por loja, estúdio, laboratório e no qual permanecerá até ao final da sua atividade.

Assumindo-se como fotógrafo profissional de estúdio, tirou inúmeros retratos, fotografias “tipo passe”, sendo constantemente requisitado para casamentos, batizados, comemorações e eventos oficiais diversos.

Embora tenha sido o retrato de estúdio o género fotográfico que mais o motivou, não deixou de captar a atmosfera urbana de Portimão e arredores, ao longo de mais de 30 anos.

 

Júlio Bernardo

Nasce em 1916, na freguesia de Ferragudo, e desde cedo manifesta gosto pelo desenho.

Aos oito anos muda-se para Portimão com os pais e destaca-se na escola do professor José Buísel através dos desenhos que aí faz dos seus colegas e do próprio professor.

Dotado de uma personalidade artística multifacetada, Júlio Bernardo revela-se para além do pintor e desenhador, um talentoso fotógrafo, cenógrafo, e cineasta.

A sua inserção nos grupos e coletividades da cidade levam-no a colaborar em eventos diversos, nomeadamente na criação de cenários para festas e para os grupos de teatro amadores locais e na decoração dos carros alegóricos do Carnaval de Portimão, na década de 50.

Mas será como fotógrafo e cineasta que Júlio Bernardo mais se destacaria, áreas em que foi reconhecido com vários prémios nacionais e internacionais.

Da sua filmografia, com cerca de trinta filmes de formato reduzido (de 8mm, super 8 e 16 mm) é de realçar o “Há peixe no cais”, um importante documento que dá a conhecer a azáfama e o movimento da descarga do peixe no antigo cais, enquanto símbolos da identidade local.

 

 

 

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