Ponta da Piedade ganha novo atrativo com abertura semanal ao público do farol

O Farol da Ponta da Piedade é um dos faróis em todo o país que estão agora abertos ao público […]

O Farol da Ponta da Piedade é um dos faróis em todo o país que estão agora abertos ao público em horário fixo e sem necessidade de marcação prévia.

Por isso, a Câmara de Lagos salienta que «a Ponta da Piedade, um dos principais ex-libris naturais de Lagos – admirada pelas suas arribas e forma invulgar dos rochedos, que foram sendo esculpidos ao longo dos tempos pela força do mar – vai passar a ter no Farol um novo motivo de interesse».

O Farol da Ponta da Piedade está, desde esta semana, aberto ao público, para visitas guiadas gratuitas, no seguinte horário: quarta-feira, das 14h00 às 17h00, sendo que às horas certas (14h00, 15h00 e 16h00) o faroleiro leva os visitantes à torre do Farol.

A iniciativa integra-se num programa lançado pela Marinha Portuguesa que abrange 30 dos 50 faróis existentes ao longo da costa, e que tem como objectivo dar a conhecer a missão e as funções dos faroleiros.

O programa irá estar em vigor durante um período experimental de um ano, após o qual será avaliado para ver da possibilidade de alargar a outros faróis.

De acordo com a informação disponibilizada pelo Comandante da Capitania do Porto de Lagos e da Polícia Marítima, o Farol da Ponta da Piedade e os restantes faróis sob a alçada desta capitania (Cabo de São Vicente, no concelho de Vila do Bispo, Ponta do Altar e Alfanzina, no concelho de Lagoa) estão também acessíveis à visita fora deste período para grupos organizados (de escolas ou outras entidades).

Nestas situações será necessário efetuar uma marcação prévia junto da Capitania do Porto de Lagos.

 

Farol da Ponta da Piedade, 95 anos a piscar o olho

O Farol da Ponta da Piedade foi edificado onde antes se erguia a Ermida de Nossa Senhora da Piedade.

A Direção Geral dos Eclesiásticos cedeu, em 1911, as dependências do templo “para construção de uma farol de rotação”.

No ano seguinte a Marinha tomou posse da ermida e adquiriu um prédio rústico denominado “Piedade” a Artur Baptista Galvão e sua esposa. Em 1913 a ermida é demolida e o Farol é construído.

O Despacho de 30 de Dezembro de 1911 da 1ª Repartição da Direção Geral dos Eclesiásticos, publicada no Diário do Governo nº 10, de 12 de Janeiro de 1912, referia:

«Nos termos do artigo 90º do decreto com força de lei de 20 de Abril último, cedida com as suas dependências, ao Ministério da Marinha, a antiga e arruinada ermida de Nossa Senhora da Piedade, assente num ponto da rocha que tem a denominação de Ponta da Piedade, na costa do Algarve, subúrbios da cidade de Lagos, a fim de ali ser construído um farol de rotação, conforme a planta junta ao respetivo processo, ficando o mesmo Ministério obrigado a entregar à comissão central de execução da citada lei, nos termos e para os efeitos do artigo 104º e seu números, a quantia de 200$00 réis, em que tudo foi computado, a título de venda.»

Como bem se compreende, o processo não seria de todo pacífico, como documenta a ata da sessão da Junta da Paróquia da freguesia de Santa Maria de Lagos de 19 de Junho de 1910:

«… Era com bastante mágoa que consentia que se fosse demolir uma ermida edificada há tantos séculos, aonde o povo concorre, principalmente os marítimos, em romaria por devoção a Nossa Senhora da Piedade; mas como esta junta não pode ir de encontro às determinações e ordens superiores, por isso se sujeita à demolição da referida ermida, para n’esse local se construir o pharol em questão…»

No dia 15 de Fevereiro de 1912 o contra-almirante Júlio Zeferino Schultz Xavier, como representante da Direção Geral de Marinha, tomava posse da ermida e dependências e, por escritura de 14 de Março do mesmo ano aquela Direcção compraria por duzentos e cinquenta mil réis um prédio rústico com uma casa térrea no sítio denominado Piedade, pertencente a Artur Baptista Galvão e esposa, para construção do farol.

No dia 1 de Julho de 1913 principiaria a funcionar o farol, que constava de uma torre de secção quadrada, de alvenaria, com cunhais de cantaria, tendo dos lados leste e oeste anexos de um só pavimento, que constituíam as habitações dos faroleiros.

A torre tinha 9,09 metros de altura e o aparelho iluminante era de 4ª ordem, de rotação, mostrando grupos de cinco clarões brancos de dez em dez segundos, calculando-se o seu alcance luminoso em aproximadamente 20 milhas, em estado médio de transparência atmosférica.

 

Fonte:

Francisco Castelo (texto publicado no blogue Lagos em 21 de Abril de 2008)

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