Bloco de Esquerda reúne-se com presidente da Câmara de Portimão e apresenta 30 propostas para Orçamento de 2012

Uma delegação do Bloco de Esquerda de Portimão, composta por Luis Moleiro, João Vasconcelos e Rui Barradas, reuniu-se na segunda-feira […]

Uma delegação do Bloco de Esquerda de Portimão, composta por Luis Moleiro, João Vasconcelos e Rui Barradas, reuniu-se na segunda-feira com o presidente da Câmara Manuel da Luz. Esta reunião, feita a pedido do Bloco, realizou-se no âmbito do estatuto do direito da oposição, segundo o qual os partidos da oposição têm direito a ser ouvidos sobre as propostas dos orçamentos e planos de atividades.

Segundo os bloquistas, as suas propostas apresentadas para o Orçamento e Plano de Atividades para o ano 2012, em Portimão, «procuram, por um lado, ter em conta a nova realidade resultante do contexto político, económico e social em que vivemos e, por outro, assentam em princípios defendidos pelo Bloco de Esquerda com vista a uma melhoria da qualidade de vida para todos os cidadãos do concelho de Portimão, sem exclusões».

O BE salienta que, «de acordo com o presidente da Câmara, o Bloco foi a única força política da oposição a pedir este tipo de reunião». De tal forma que Manuel da Luz, «além de se mostrar agradado com a reunião, referiu ainda que diversas propostas apresentadas merecem o seu acolhimento e que irá colocar o documento bloquista à consideração do Executivo Camarário».

Na reunião, o Bloco apresentou um total de 30 propostas, no âmbito do reforço da cidadania e participação popular (três), da ação social e do combate à pobreza e exclusão social (nove), do ambiente e património (quatro), da juventude e desporto (duas), da agricultura (duas) e da diminuição da despesa e aumento da receita municipal (10).

Eis as propostas apresentadas:

1.    REFORÇO DA CIDADANIA – UMA MAIOR PARTICIPAÇÃO POPULAR NAS DECISÕES DOS ÓRGÃOS AUTÁRQUICOS

O Plano e o Orçamento devem reger-se por normas democráticas e participativas e não serem apenas um instrumento das opções políticas de quem governa. É necessário ter em conta as reais necessidades e anseios de todos os cidadãos do Concelho.

Defendemos a institucionalização do Orçamento Participativo, em que a decisão política de intervenção no espaço, a definição de prioridades e a aplicação dos fundos públicos, passe por um processo de debates temáticos e territoriais, onde devam participar todas as associações concelhias e todos os cidadãos interessados em contribuir com as suas opiniões para a resolução dos problemas de Portimão.

Neste   sentido,   recomendamos    ao    Executivo   Camarário    que    encete    as necessárias diligências para a elaboração de um programa que defina uma estratégia para atingir, de forma progressiva, uma prática real de plano anual de actividades e orçamento participativos em Portimão, a ter efeito na preparação e elaboração do Plano Anual de Actividades e Orçamento para 2013.Recordamos que em Setembro de 2007 foi aprovada uma proposta de Orçamento participativo, por unanimidade, e que o Executivo nunca colocou em prática.

Promoção   de   um   programa   municipal    de     recolha    e     redistribuição    de material informático, nomeadamente junto das escolas e associações do concelho; instalação de locais públicos de acesso livre à rede de Wireless.

Institucionalização  da figura do  Provedor  do   Munícipe,   permitindo   o   contacto directo com os cidadãos e funcionando como um promotor de iniciativas de proximidade e de ligação às pessoas e aos locais.

 

2. DOMÍNIO DA AÇÃO SOCIAL E COMBATE À POBREZA E EXCLUSÃO

O Plano de Atividades para 2012 deve ter em conta a forte recessão que o país atravessa, fruto das medidas de austeridade fixadas pela troika e subscritas pelo PS, PSD e CDS, aproveitadas pelo actual governo para insistir em políticas que agravam a exploração e as desigualdades sociais, semeiam o desemprego e empobrecem cada vez mais pessoas.

Entendemos que o poder autárquico tem a responsabilidade política de estar atento aos iminentes conflitos sociais gerados por estas situações e tem de saber atuar por prevenção criando alternativas locais capazes de responder aos nefastos efeitos do desemprego, prevendo-se que 2012 será o ano mais difícil que já se conheceu do ponto vista do aumento das situações de precariedade social e de pobreza.

Considerando o agravamento da situação social e económica de muitas famílias do Algarve e, particularmente, do concelho de Portimão, o Bloco de Esquerda propõe (não obstante as dificuldades financeiras que o Município atravessa):

O  reforço   de  verbas   do   Gabinete    Social     Integrado    (gabinete   anti-crise),  com   vista  a combater os crescentes problemas económico-sociais decorrentes do desemprego e da pobreza. Este Gabinete deverá ter a capacidade para elaborar um plano de viabilização funcional de alternativas de emprego social e local.

A criação de um fundo de apoio social ao arrendamento destinado a apoiar famílias e indivíduos em situação de dificuldades económicas, resultantes de casos de desemprego e crise em que vivemos.

Proceder  à  redução  ou  isenção  de   taxas  municipais  para   desempregados há mais de um ano, efetuando os estudos devidos para pôr em prática esta medida.

Implementar   um   passe   social   para    munícipes    que    tenham    rendimentos inferiores ao salário mínimo, incentivando a utilização dos transportes públicos.

Criação de uma Livraria Social Escolar para a troca, empréstimo ou donativos de manuais escolares e outros materiais do ensino básico e secundário, onde as famílias carenciadas tenham aceso a esses livros e materiais.

O  Município  de   Portimão,   de    acordo    com     competências   assumidas    na Educação Pré-Escolar e no Ensino Básico, tem uma maior responsabilidade nesta área incluindo o âmbito social. Assim, deverá providenciar para manter abertos os refeitórios dos estabelecimentos de ensino do concelho para o fornecimento de almoços aos alunos carenciados (Escalões A e B e outros carenciados), da educação pré-escolar e do ensino básico (do 5.º ao 9.º ano de escolaridade). Sabe-se que há muitas crianças cuja única alimentação diária é a que lhes é fornecida pelas escolas.

– Cidadãos portadores de deficiência:

. garantir a acessibilidade/mobilidade – continuar a executar planos de acessibilidade/mobilidade municipais, permitindo a eliminação de barreiras urbanísticas e arquitetónicas para pessoas com mobilidade reduzida.

. política de transporte – adaptação progressiva dos transportes urbanos, dotando-os de equipamentos auxiliares de embarque: rampas, elevadores ou sistemas de rebaixamento, ou dotar as paragens de condições adequadas às pessoas com mobilidade condicionada.

. Banco de Ajudas Técnicas – criação de um Banco de Ajudas Técnicas através da assinatura de protocolos com associações de deficientes. Este Banco terá por função gerir o empréstimo a pessoas que comprovem a sua situação de carência económica, de equipamentos diversos para ajudas técnicas, como cadeiras de rodas, camas articuladas, colchões antiescaras, cadeiras sanitárias, canadianas, etc., a partir da sua doação por parte de particulares ou instituições.

 

3. ÁREA DO AMBIENTE E PATRIMÓNIO

A qualidade de vida é um direito dos cidadãos, no qual a Câmara se deve empenhar de forma comprometida e consequente. O bem-estar das populações está intrinsecamente ligado à qualidade ambiental e patrimonial, o que só é possível através da preservação dos recursos naturais/patrimoniais e da minimização dos impactos da atividade humana. Assim, a Câmara deverá:

defender a água como bem público opondo-se à sua privatização; oposição à alienação de património municipal e de serviços públicos.

dar início ao processo de classificação da Ria de Alvor como Área de Paisagem Protegida.

– começar a implementar um Plano Verde com a construção de ciclovias, passeios pedonais, parques, jardins e outros espaços verdes e lúdicos.

apostar na reabilitação urbana com a recuperação de edifícios abandonados e degradados, criando ou estimulando programas de revitalização do núcleo antigo da cidade. Esta aposta permitirá o fomento do emprego.

4. JUVENTUDE E DESPORTO

Nesta vertente, há que atender a algumas prioridades tendo em conta as contingências financeiras, situações de saúde pública e ocupações dos jovens. Neste sentido, deverá a Câmara:

concluir a construção do Pavilhão Gimnodesportivo da Boavista, pois atualmente está convertido num centro de degradação social e estética.

continuar a apoiar o associativismo concelhio material e financeiramente, equilibrando esses apoios. Caso se verifique uma diminuição de verbas nesta área, manter contratos-programa com as Associações e Coletividades que envolvam ocupação de jovens na vertente desportiva e cultural.

 

5. SETOR DA AGRICULTURA

A implementação de hortas familiares como forma de equilíbrio financeiro das famílias, de embelezamento paisagístico e ocupação do solo. Este tipo de hortas é hoje uma realidade em muitos concelhos.

Deverá a Câmara, junto da Associação Nacional de Municípios e do Governo, defender a aprovação de legislação que permita a criação de um Banco de Terras. Com esta iniciativa dinamiza-se e incentiva-se as artes agrícolas, promove-se a ocupação de terrenos abandonados e cria-se emprego.

 

6.  PROPOSTAS – QUE DIMINUEM A DESPESA E QUE AUMENTAM A RECEITA

Reestruturação do setor empresarial municipal. Esta reestruturação passará pela extinção da Portimão Urbis – um autêntico sorvedouro dos dinheiros públicos e municipais – passando todas as suas competências e funcionários para a Câmara. Em caso algum serão admitidos despedimentos nesta reestruturação.

Extinção da S. A. Rio Adentro e denúncia da parceria Eventos do Arade, que só têm contribuído para onerar o erário municipal.

– Por uma questão de justiça, ética e moral, proceder a uma revisão dos vencimentos de colaboradores e funcionários abrangendo todas as áreas de âmbito municipal – Câmara, Empresas Municipais, Museu Municipal e Tempo. Estes vencimentos não deverão ser superiores às remunerações auferidas pelos vereadores.

Utilização de software livre com vista à diminuição da despesa com os custos da aquisição de software.

Forte investimento em poupança energética através de auditoria energéticas aos edifícios municipais.

Revisão de todos os contratos de fornecimento de serviços.

Redução drástica dos gastos em publicidade, consultoria e promoção de eventos.

Criação de uma taxa pela ocupação de áreas do domínio público das Caixas ATM (Multibancos), já aprovada pela Assembleia Municipal em Novembro do ano passado.

Aplicar uma taxa de derrama a empresas em exercício de atividade no concelho  que obtenham um lucro anual  superior a 150 000 €.

Aplicar a majoração do IMI a prédios considerados devolutos e degradados.

 

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