Festival de Observação de Aves de Sagres é desculpa para conhecer muito mais

A migração das aves para o Sul vai voltar a motivar outro tipo de migração com paragem obrigatória em Sagres, […]

A migração das aves para o Sul vai voltar a motivar outro tipo de migração com paragem obrigatória em Sagres, a dos observadores de aves, birdwatchers em inglês. A II edição do «Festival de Observação de Aves – Sagres 2011» começa já na sexta-feira e reserva um conjunto de atividades em terra, mas também no mar.

Desde saídas de observação de aves a pé e de barco a anilhagem de aves, são muitas e variadas as sugestões da organização, a cargo da associação Almargem e da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em estreita colaboração com a Câmara de Vila do Bispo, concelho onde decorre o evento.

Anabela Santos, da Almargem, e o representante da SPEA João Ministro foram os convidados do programa radiofónico Impressões, realizado em parceria pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM. O programa foi originalmente transmitido ontem, às 19 horas, e poderá ser ouvido na íntegra na emissão da RUA FM (102.7 FM) ou em www.rua.pt, no sábado, às 12 horas.

«Preparámos um conjunto de atividades para reforçar o interesse das pessoas e para que elas saibam que ao vir cá, podem usufruir desta oferta. Queremos que as pessoas conheçam o sítio para voltar cá. A migração de aves em Sagres não se resume aos três dias do festival», ilustrou João Ministro.

O objeto e grande atrativo deste festival são as diferentes espécies de aves que passam por Sagres nesta altura do ano, a caminho de climas mais amenos ao Sul. Mas a natureza oferece muito mais que isso, algo que os participantes podem aproveitar.

«À semelhança do ano passado, o grande foco é, obviamente, a observação de aves. Mas Sagres tem uma série de outros elementos de interesse do ponto de vista ambiental. Tem uma componente interessante do ponto de vista geológico, botânico, de fauna terrestre e marinha. Portanto, como aconteceu no ano passado, vamos ter um conjunto de atividades paralelas onde as pessoas podem usufruir destes valores», acrescentou o representante da SPEA.

«Por exemplo, os passeios de barco, para observar aves marinhas, acabam por ser também passeios para observação de cetáceos e golfinhos. E, de facto, funciona muito bem. No ano passado, tivemos algumas saídas de observação de plantas, endemismos e espécies raras, e este ano temos saídas de observação de charcos temporários e uma palestra sobre mamíferos e fauna marinha. Queremos que as pessoas também conheçam alguma coisa de Sagres, que é um santuário», revelou.

A organização também agendou mini-cursos, apresentação de livros e várias ações de Educação Ambiental. Tudo isto faz parte de um vasto e variado programa, que pode ser conhecido na íntegra no site www.birdwatchingsagres.com.

Apesar de ser um programa vasto, muitas das atividades já têm lotação esgotada. Em 2010, a forte adesão e as reservas antes do começo do festival levaram mesmo a uma situação difícil de gerir, para a organização. «No ano passado, havia menos atividades e, se não estou em erro, esgotaram todas. E notámos que havia muita gente que chegava para se inscrever e não tinha lugar», disse Anabela Santos.

«Aproveitámos para fazer uma análise crítica à primeira edição e perceber o que correu menos bem. Daí termos feito um programa muito mais alargado e vasto. Sem dúvida, acho que fomos muito ambiciosos ao criar este programa. Ao mesmo tempo, criámos um conjunto de saídas que não estão no programa, mas nas quais as pessoas se podem inscrever nos dias do Festival», revelou. Estas atividades surpresa serão «para todos os gostos e idades».

Depois do sucesso da primeira edição, a Almargem e a SPEA partem para a segunda ronda do festival com a esperança de ver o número de participantes aumentar, até porque, em 2011, houve «muito mais divulgação internacional». «O nosso grande objetivo é chegar às mil pessoas», referiu, cerca do dobro dos que visitaram o evento em 2010.

E tudo indica que haja uma maior afluência, tendo em conta o número de atividades com lotação esgotada, apesar do grande aumento de oferta registado este ano. «Também já temos muitas inscrições de pessoas do Reino Unido, Suécia, Bélgica e Espanha», quando há um ano «foram mais espanhóis e portugueses».

A observação de aves é uma paixão partilhada por muitos milhões de pessoas em todo o mundo e não olha a classes, condição económica, idade nem género. «Só no Reino Unido há quatro milhões de birdwatchers registados», contou João Ministro.

João Ministro fez questão de frisar o trabalho que tem sido feito não só pelas associações com preocupações ambientais, mas também «pelas entidades oficiais», nomeadamente a Entidade Regional de Turismo do Algarve. «Há três anos ninguém falava disto, mas nos últimos dois anos tem-se investido qualquer coisa nesta área. E a verdade é que já há algum material de birdwatching no Algarve», ilustrou o membro da SPEA.

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