O executivo camarário de Vila Real de Santo António garantiu na sexta-feira que não vai vender qualquer terreno ao desbarato em Monte Gordo nem lesar o município, como acusou o PS local, mas sim pelo valor possível numa altura de crise e desvalorização do património.
Em causa estão os terrenos do Parque de Campismo, um terreno frente ao Hotel Vasco da Gama, em Monte Gordo e a Escola da Manta Rota, que foram recentemente colocados em Hasta Pública para venda. Os três terrenos estão à venda por um valor base de 32,4 milhões de euros, quando, alegam os socialistas, foram avaliados por «entidades credibilizadas» em 49 milhões de euros.
Num comunicado, o presidente da autarquia vilarrealense Luís Gomes acusou os socialistas de proferir «acusações falsas» e de se estarem a basear, em parte, «em avaliações dos terrenos à data de 2008, quando as taxas de juro e spreads bancários eram de 2 e 3 por cento». «Hoje, não existem empréstimos, nem mesmo a 15 por cento», disse.
«É completamente falso que exista uma venda ao desbarato. Todos os valores de mercado refletidos em leilão são apoiados em avaliações realizadas por entidades credibilizadas, cujos documentos estão disponíveis para consulta no sítio da Sociedade de Gestão Urbana de VRSA, EM, em www.vrsa-sgu.pt», reforçou o executivo camarário.
Na quarta-feira passada, o PS de Vila Real de Santo António, acusou Luís Gomes de ter vendido «ao desbarato» três terrenos municipais, lesando os cofres da câmara em 16,6 milhões de euros.
Além de refutar as acusações da oposição, Luís Gomes acrescentou que a autarquia teve de esperar anos pela luz verde do Governo para avançar com o Plano de Pormenor de Monte Gordo Nascente, no âmbito do qual é realizada estas alienação de património, período em que se assistiu «a uma progressiva desvalorização das parcelas». E tudo devido «ao imobilismo» das entidades públicas envolvidas e aos «bloqueios sucessivos» de um Governo PS, garantiu o autarca.
«Se há responsabilidades a imputar, serão ao próprio Partido Socialista, que, enquanto esteve no poder central, causou sucessivos atrasos à execução dos Planos de Pormenor de Monte Gordo Nascente e impediu que a alienação dos terrenos pudesse ser concretizada pelos valores de mercado 2007, obviamente mais elevados», defendeu o executivo.
Apesar disso, os atuais responsáveis pelo município defendem que a operação, mesmo não permitindo encaixar tanto dinheiro como há apenas três anos, trará uma série de vantagens muito além do valor recebido pela venda dos terrenos.
«Além dos proveitos obtidos com uma eventual alienação, a autarquia poderá encaixar novas verbas resultantes das licenças de construção e IMT, estimulando a economia. Ao mesmo tempo, será possível ao município reduzir os encargos com apoios sociais, já que a fase de construção permitirá a criação de novos postos de trabalho e a consequente diminuição da taxa de desemprego no concelho de VRSA», lê-se no comunicado.
Os socialistas recordam, por outro lado, que Luís Gomes recebeu o município com uma dívida de 7,7 milhões de euros, valor que, alegam, «disparou» para 112 milhões em um mandato e meio.
«Anos de irresponsabilidade política na gestão financeira da câmara de VRSA, a qual foi modelo de governação, governar na despesa e na contração de dívida, inevitavelmente conduziu a câmara para o abismo», alegou o PS. Luís Gomes não respondeu a estas acusações, na nota enviada às redacções.
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