Rui André coordena grupo de trabalho para «reordenamento económico da Serra de Monchique»

Plano estratégico irá garantir que a atividade económica serrana deixa de se basear em grande parte nas espécies florestais de crescimento rápido

Um grupo de trabalho coordenado pelo presidente da Câmara de Monchique vai elaborar um «programa para o reordenamento económico da Serra de Monchique», acaba de anunciar o primeiro ministro António Costa, numa conferência de imprensa em Monchique.

O chefe do Governo anunciou que esse grupo de trabalho, coordenado pelo autarca Rui André, irá envolver os «municípios vizinhos», também afetados pelo incêndio, bem como entidades públicas, nomeadamente a Direção Regional de Agricultura e o ICNF.

O objetivo é «assegurar que a serra não tenha a sua atividade económica tão dependente de espécies de crescimento rápido», que possa «diversificar a sua economia», bem como «diversificar a oferta turística do Algarve», nomeadamente valorizando a «componente do Turismo de Natureza». Será ainda «valorizada a produção endógena», em especial «apícola», «medronho» e «porco preto», acrescentou António Costa.

O primeiro ministro, que falou após uma reunião de três horas com autarcas dos concelhos atingidos pelo fogo (que começou há uma semana e hoje ainda não está totalmente extinto), outros membros do governo e responsáveis por organismos nacionais e regionais, adiantou não saber ainda qual será o montante do investimento a fazer na Serra de Monchique, no âmbito do programa que agora será delineado.

«Não fixámos um teto», «iremos avaliar quais os recursos necessários à sua execução», esclareceu.

Na mesma conferência de imprensa, o presidente da Câmara de Monchique explicou que «este incêndio tem que ser visto como uma janela de oportunidade» para alterar a forma como a serra é gerida e para «corrigir erros do passado».

Rui André, que classificou o grupo de trabalho criado como um «consórcio», disse que, da reunião hoje havida em Monchique ficou o compromisso do Governo de criar uma «medida de exceção», que permita «implementar um programa inovador e que até seja um projeto piloto» para outras regiões do país.

O que se quer criar na zona arrasada pelo fogo, salientou o autarca monchiquense, é «uma floresta resiliente ao fogo, mas que permita o seu multiuso», nomeadamente ao nível do turismo de natureza.

Por seu lado, António Costa revelou ainda que, no total, foram destruídas 17 casas, 13 na freguesia do Alferce e 4 na de Monchique. Há ainda «onze pessoas, de cinco agregados, que não têm condições para regressar às suas casas, por estas terem ficado danificadas».

Tanto para essas famílias, como para as restantes pessoas que viram as suas casas ou outros edifícios agrícolas afetados haverá soluções, salientou o chefe do Governo.

Quanto ao apoio às populações, anunciou que «a partir da próxima semana, a Segurança Social vai criar quatro linhas de atendimento».

No terreno, andarão «duas unidades móveis, para poderem dar apoio múltiplo», não só nas questões ligadas diretamente à Segurança Social, como, por exemplo, «na renovação de documentos de identificação que tenham sido perdidos ou destruídos» ou para esclarecer e informar sobre os «apoios na área agrícola».

Quanto ao resgate dos animais, António Costa disse que o Centro de Distribuição Alimentar do Patacão (Faro) vai disponibilizar «feno e ração», para suínos e ovinos que necessitem desse apoio.

Mas também o gado do vento receberá apoio, uma vez que a apicultura é uma atividade importante da serra.  Será disponibilizado açúcar, «essencial para o apoio aos apicultores».

Entretanto, já estão no terreno «onze técnicos da Direção Regional de Agricultura do Algarve, para proceder ao levantamento dos prejuízos». O primeiro ministro lembrou que as pessoas se podem candidatar à Medida 662, «que financia o restabelecimento do potencial produtivo», ao nível dos animais, instalações ou alfaias agrícolas.

Quanto à burocracia exigida na candidatura aos apoios, e que António Costa disse ser exigida pela União Europeia, «uma das funções dos técnicos é apoiar as populações no preenchimento dos formulários».

No que diz respeito às empresas, o chefe do Governo admitiu que «não está, neste momento, identificado o número de empresas» afetadas pelo incêndio. mas anunciou que, na próxima semana, haverá uma reunião na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, em Faro, «com as empresas afetadas, para as encaminhar para as diferentes linhas de apoio existentes».

No caso particular das unidades hoteleiras, António Costa recordou que há uma «linha de financiamento à tesouraria, da Secretaria de Estado do Turismo, para ajudar à manutenção da atividade e dos postos de trabalho».

Tal como o Sul Informação já tinha adiantado hoje, o primeiro ministro acrescentou que «quer o Turismo de Portugal, quer a RTA, vão prosseguir as atividades de informação e esclarecimento» às empresas turísticas afetadas.

No que diz respeito à qualidade da água, garantiu que segundo os dados «de todas as análises realizadas, não há neste momento nenhuma linha de água ou fonte afetada».

Depois da visita que o primeiro ministro, acompanhado por diversos membros do seu executivo, hoje fez a Monchique, amanhã será a vez de o Presidente da República subir ao ponto mais alto do Algarve.

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