Frente que se dirige à Fóia é a «situação mais preocupante» no incêndio de Monchique

Além da frente que ameaça a Fóia, há outra a dirigir-se para a Quinta Pedagógica de Silves

Uma das frentes do incêndio que continua a lavrar em Monchique dirige-se à Fóia. Esta é a situação que mais preocupa o presidente da Câmara de Monchique Rui André, que, ainda assim, disse ao Sul Informação ter esperança «de que haja uma evolução mais favorável nas próximas horas».

No terreno, subsistem «algumas situações complicadas» após quatro dias de incêndio.

«Uma que nos está a preocupar bastante é a frente que se dirige à Fóia. Mas há outra que progride em direção à Quinta Pedagógica de Silves. Pelo meio, há muitos focos que temos de atacar, porque, se não fizermos nada, eles vão aumentando», revelou.

Para evitar maiores problemas e por precaução, estão a ser retiradas as pessoas das casas, unidades de alojamento e restaurantes na estrada da Fóia, nomeadamente junto aos restaurantes Teresinha e Luar da Fóia.

Entretanto, também já se começou a fazer o balanço dos estragos. Rui André confirmou ao Sul Informação que houve «várias casas de primeira habitação que arderam» e há desalojados, embora ainda não se saiba quantos.

As cerca de 60 pessoas que ficaram sem as suas casas ou que não podem, para já, voltar para elas, estão a ser acolhidas no centro instalado na EB 2,3 de Monchique e em Marmelete.

O presidente da Câmara de Monchique adiantou que, para já, não há registo de mais feridos, além dos 25 já anunciados esta manhã. Mas isso não significa que não possa haver mais vítimas a lamentar.

«Houve muitas pessoas que fugiram e se esconderam, para não ser evacuadas. Temo que algumas delas possam não ter sobrevivido e que tenham sido apanhadas pelo fogo na floresta ou em suas casas. Um dos trabalhos que tenho feito é ir aos locais mais isolados, para ver se as pessoas estão bem», disse.

É que, como o Sul Informação pôde constatar esta manhã, durante a noite de ontem e a madrugada de hoje, o fogo avançou com grande rapidez e intensidade, deixando atrás de si um rasto de desolação.

Rui André confessa mesmo nunca ter visto nada assim. «Ontem [domingo] à tarde, a forma como o fogo progredia, com o vento e a temperatura que fazia, foi algo que eu nunca tinha visto. É um cenário que ninguém imagina. E pessoas mais velhas, que já viram muitos incêndios, dizem que é o pior cenário que já viram.

Neste aspeto, o incêndio está a ser mais complicado do que os de 2003 e 2004, embora, «no que toca a área ardida, os números estejam, felizmente, bem longe dos 45 mil hectares que arderam então».

Entretanto, além da frente que se dirige à Fóia e da que está a avançar para Silves, há notícias de um reacendimento nas Caldas de Monchique. Certo é que as cinzas não param de cair, na vila de Monchique, onde o fumo e o cheiro a queimado são, ainda, muito intensos.

Neste momento, o fogo está a ser combatido por 1158 operacionais, apoiados por 357 viaturas (entre as quais, quatro dezenas de máquinas de rasto) e ainda 14 meios aéreos, já contando com os dois Canadairs espanhóis, que ainda vêm a caminho.

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