Monchique quer que as suas 7 Maravilhas à Mesa levem a gastronomia local mais longe

O grande objetivo é ver os seus pratos ser escolhidos como uma das 7 Maravilhas à Mesa. Mas, mesmo que […]

O grande objetivo é ver os seus pratos ser escolhidos como uma das 7 Maravilhas à Mesa. Mas, mesmo que isso não aconteça, a Câmara Monchique quer aproveitar ao máximo o facto de a sua proposta ter sido escolhida como uma das 49 finalistas deste concurso e promover a gastronomia do concelho a nível nacional e internacional.

Monchique vai a jogo com um cardápio cheio de sugestões bem típicas, baseadas em produtos locais. Os afamados enchidos deste concelho algarvio estão presentes em todos os pratos, mas também não faltam os típicos milhos aferventados, o javali e, claro, o medronho e os seus derivados.

A mesa de Monchique será uma das sete que irão estar a votos na primeira semi-final deste concurso, agendada para dia 22 de Julho. Nessa gala, que será transmitida na RTP, serão conhecidos dois finalistas, que serão escolhidos pelo voto popular. Qualquer pessoa poderá votar, usando para isso um código que será divulgado.

Na quarta-feira, o executivo camarário monchiquense arregaçou as mangas e confecionou os diferentes pratos que Monchique candidatou às 7 Maravilhas à Mesa, para os servir aos jornalistas, num almoço informal e descontraído, onde o Sul Informação marcou presença.

A porta da casa centenária escolhida para acolher este convívio, situada a poucos metros da Câmara Municipal, foi aberta pelo próprio Rui André. «Entrem, entrem. Tenho estado aqui a ajudar a senhora vereadora Arminda na cozinha», explicou o presidente da Câmara de Monchique, com um sorriso no rosto.

É que, em vez de fazer a demonstração da mesa num dos muitos restaurantes da vila, o executivo camarário preferiu chamar a si a incumbência, num solar antigo, cedido por José Carlos Duarte, farmacêutico que tem vindo a restaurar este imóvel da sua família.

A confeção da comida foi feita sob a batuta de Arminda Andrés, vice-presidente da Câmara que, como depressa se percebeu, é uma cozinheira de alta craveira. O objetivo, como ilustrou Rui André, foi trazer para a mesa «os sabores lá de casa», que é um dos pontos de honra da candidatura.

«A minha avó era cozinheira e trabalhava em diferentes casas. Sempre que havia um casamento ou uma festa grande, chamavam-na. Ia para lá e era ela que organizava tudo. A minha mãe também trabalhou sempre como cozinheira, já profissional», explicou a vice-presidente da Câmara de Monchique. Assim, os tachos sempre fizeram parte da vida de Arminda Andrés e, apesar de ter escolhido uma profissão longe deles, tem «muito prazer em cozinhar».

Esta paixão transparece nos pratos que vão chegando à mesa, depois de um primeiro brinde com melosa, com gelo e limão, um licor feito à base de aguardente de medronho, mel e limão, tudo de Monchique.

O repasto começa com uma tiborna de chouriça, que acama o estômago para uma sopa de feijão com couve. Segue-se a substância, dada pelos milhos aferventados com feijão, acompanhados por farinheira e morcela, e por javali estufado com cogumelos silvestres, à boa moda da Serra de Monchique, com o pão local sempre à mão. E, para rematar, há aguardente de medronho, acompanhada por pudim de mel e bolo de tacho.

O pão de Monchique, a tiborna, os milhos aferventados, a sopa de feijão, o javali estufado, a aguardente de medronho e a “Estila”, onde esta bebida é destilada, são os sete pilares da candidatura de Monchique às 7 Maravilhas à Mesa.

Já o bolo de tacho, uma das imagens de marca de Monchique, teve de ficar de fora, pois o 7 Maravilhas à Mesa não aceita sobremesas nos menus. Isso ficará para um próximo concurso, dedicado exclusivamente a doces.

Este foi o primeiro momento daquele que será «um grande esforço de promoção» que a Câmara de Monchique fará, em torno da sua candidatura ao concurso.

«Vamos lançar um vídeo promocional e marcaremos presença em várias feiras, bem como no centro comercial Aqua de Portimão, onde daremos a conhecer a nossa mesa», explicou Marta Cândido, técnica superior da autarquia que coordenou a candidatura monchiquense às 7 Maravilhas à Mesa.

Veja o vídeo:


«Queremos aproveitar este evento para dinamizar e promover a nossa gastronomia», disse, por seu lado, Rui André.

Um bom exemplo é o dos milhos aferventados, «uma técnica ancestral» das gentes locais. «Queremos aproveitar esta oportunidade para lançar a candidatura dos milhos à lista representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO», anunciou Rui André.

Paralelamente, está-se «a tentar certificar a chaminé de saia». Este tipo de chaminé tem a particularidade de ser uma

extensão da própria cozinha, já que ocupa todo o teto da divisão, de onde sobe uma estrutura cónica, que termina numa chaminé trabalhada.

Este é um elemento «que se encontra em muitas casas antigas de Monchique», incluindo naquela escolhida para acolher a iniciativa. «Antes havia competição para ver quem fazia a chaminé mais bonita», lembrou Rui André. E a família de José Carlos Duarte terá sido, nesse tempo, uma forte candidata ao título, já que a casa conta com uma chaminé de saia de respeito.

«A gastronomia não é só comer, também o sítio e o ambiente contam», rematou Rui André.

 

Fotos: Hugo Rodrigues/Sul Informação

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