Balanço «muito positivo» para mais um MED que pôs Loulé “a mexer”

O Festival MED levou, de 28 de Junho a 1 de Julho, muita festa ao centro histórico de Loulé. Músicas […]

O Festival MED levou, de 28 de Junho a 1 de Julho, muita festa ao centro histórico de Loulé. Músicas do mundo, artesanato, mas também animação de rua foram os ingredientes certos para mais uma edição em que o balanço é «muito positivo». 

Ao Sul Informação, Carlos Carmo, vereador da Câmara de Loulé e responsável máximo pelo evento, revelou que sexta-feira (29) e sábado (1 de Julho) foram os dias com mais afluência de público.

Apesar de os números ainda não estarem totalmente contabilizados, Carlos Carmo estima que tenham passado, pelo festival, «perto de 25 mil pessoas» durante os quatro dias: incluindo este domingo, 1 de Julho, o dia aberto em que não se pagou entrada.

Miguel Araújo

Dub Inc, Asian Dub Foundation, La Pegatina, Bonga, Miguel Araújo e Sara Tavares eram nomes fortes do cartaz e os concertos não desiludiram, tendo sido aqueles que tiveram mais público a assistir.

Mas tudo começou com o espanhol Vurro, no Palco Castelo, na quinta-feira, dia 28.

De caveira de boi na cabeça, que lhe permite dar umas marradas na bateria, enquanto toca teclas, o artista deu espetáculo. 

Quanto a Miguel Araújo, com “Dona Laura” e “Anda Comigo ver os Aviões” e Bonga levaram animação ao palco Matriz. E o angolano não esqueceu a sua “Mariquinha”, com uma “Lágrima no Canto do Olho”.

Na primeira noite passaram ainda pelo MED o projeto indie brasileiro, Metá-Metá, os ritmos latinos da cumbia amazónica dos peruanos Los Mirlos, a releitura da música tradicional portuguesa e dos seus instrumentos com os Gaiteiros de Lisboa, a folk americana trazida pela voz e guitarra do quarteirense Sam Alone and The Gravediggers, com uma toada interventiva, por exemplo levantando alto a sua voz contra a exploração de petróleo no Algarve, a envolvência musical e estética dos Orelha Negra e os novos contextos da música tradicional, encenada pelo DJ Set Sampladélicos.

Apesar de a chuva ter obrigado ao cancelamento dos dois últimos concertos, na sexta-feira a euforia esteve nas ruas, becos e ruelas da Zona Histórica de Loulé. No Palco Cerca, as vozes femininas foram o grande destaque. Os ritmos quentes de Cabo Verde – um dos países com representação mais expressiva neste Festival – chegaram a Loulé com Sara Tavares, a bem sucedida artista no circuito internacional da World Music. 

Sexta-feira também foi dia de Morgane Ji, a artista natural da desconhecida Ilha de Reunião que pela primeira teve uma representação no MED. A sua voz rouca trouxe a Loulé a força da “Woman Soldier” (título de um dos seus trabalhos).

«Se nestes dois concertos permitiram ao público desfrutar da magia da música de uma forma mais calma, no Palco Matriz foi a energia eletrizante dos artistas que levou a plateia ao rubro. Primeiro com os espanhóis La Pegatina, numa atuação sempre acelerada onde o lado latino da rumba e o merengue se juntou às loucuras do punk cigano ou dos cânticos hooligans  e, depois, com aquele que terá sido um dos melhores espetáculos de todo o Festival e que ficará na história do MED, com os londrinos Asian Dub Foundation a levarem milhares de pessoas ao êxtase», diz a Câmara de Loulé, em nota de imprensa.

O espanhol Vurro

Nesta noite que terminou com chuva destacaram-se ainda os projetos nacionais que subiram ao Palco Castelo: o guitarrista Ricardo Martins, o jazz de fusão de Bruno Pernadas e o klezmer de Melech Mechaya.

No encerramento (oficial) do Festival MED, a noite de sábado voltou a bater recordes de afluência de público. O fenómeno Dub Inc, a ex-Madredeus Teresa Salgueiro, ou a dupla cabo-verdiana Bitoria e Chando Graciosa contribuíram em muito para mais uma casa cheia a juntar ao historial do MED.

No largo da Matriz uma multidão esperava dois dos vários artistas de Cabo-Verde que fizeram do funaná um fenómeno de dança à escala internacional. Bitori “Nha Bibinha” e Chando Graciosa não defraudaram as expetativas, sobretudo dos muitos africanos residentes no Algarve que assistiram «a uma atuação vibrante de dois senhores que celebram o funaná tradicional , sem esquecer que esta é também uma arma de protesto», segundo a autarquia louletana.

Aliás, a música como veículo de contestação política, social, ideológica foi uma constante nesta edição do Festival MED. Vindos da Palestina, os 47 Soul deixaram bem presente o que é o longo conflito com Israel. Os polacos Hanba! recriaram o espírito rebelde, revolucionário e libertário dos oponentes aos regimes no período entre as duas Grandes Guerras na sua cidade natal, Cracóvia. 

Já os Dub Inc, considerados como o maior fenómeno do reggae europes não esqueceram a vida dos imigrantes, sobretudo num país como França.

Depois de uma atuação no Cine-Teatro Louletano durante a apresentação da edição transata do MED, os Tribali pisaram o Palco Cerca já com muitos fãs nesta cidade. Marcada pela originalidade da conjugação instrumental (cítara e didgeridoo, guitarras elétricas e percussões ) mas também por um ambiente hipnotizante de transe que passa muito pela voz e movimentos da cantora/bailarina, a banda da República de Malta deu tudo em palco.

A narrativa da viagem de um meteoro contada em palco pelos farenses Ridding a Meteor, a guitarra portuguesa de Ricardo Martins e os frenéticos tunisinos Ifriqiya Electrique com o seu ritual Banga passaram nesta derradeira noite pelo Palco Castelo.

A 15ª edição do Festival MED terminou em festa, com dois DJs set que puseram a Matriz a pular: Selecta Alice e os Irmãos Makossa.

Para Carlos Carmo, houve, neste MED, «boas surpresas», como os Hañba!, da Polónia, e os Ifriqiyya Électrique, da Tunísia.

Bonga

Aliás, ambos os concertos foram no sábado, dia em que «tivemos três palcos cheios quase em simultâneo», revelou Carlos Carmo ao nosso jornal.

Um dos grandes chamativos deste certame é, aliás, descobrir artistas desconhecidos, com ritmos diferentes e de todas as partes do mundo.

Este responsável sublinhou ainda, numa nota de imprensa divulgada pela Câmara de Loulé, a «dinamização da atividade económica do concelho», do comércio à restauração passando pelas unidades hoteleiras, e o «contributo para o turismo», com um aumento significativo do número de turistas de diferentes nacionalidades na cidade nestes dias.

Ainda agora o MED terminou, onde também se assistiu à derrota da seleção no Mundial, mas a próxima edição «já está a ser preparada» e poderá ter «algumas afinações ainda a ser estudadas», nomeadamente a «nível do recinto», concluiu Carlos Carmo, em declarações ao Sul Informação.

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