Qualidade do ar junto às fábricas de bagaço de azeitona de Ferreira e Alvito deve ser monitorizada

Os deputados do CDS-PP querem que o Governo garanta a monitorização contínua da qualidade do ar nos concelhos de Ferreira […]

Fábrica de Bagaço de Azeitona na aldeia de Fortes – Foto: Benvinda Neves

Os deputados do CDS-PP querem que o Governo garanta a monitorização contínua da qualidade do ar nos concelhos de Ferreira do Alentejo e Alvito, por causa das queixas da população relacionadas com a produção de bagaço de azeitona.

No Projeto de Resolução que deu entrada ontem na Assembleia da República, os deputados centristas querem que o Governo «garanta a instalação de sistemas de monitorização contínua da qualidade do ar à saída das chaminés das fábricas de laboração de bagaço de azeitona, nos concelhos de Ferreira do Alentejo e Alvito», bem como «avalie, periodicamente, a qualidade do ar das localidades afetadas».

Em Maio passado, pelo menos sete dezenas de queixas foram apresentadas no Ministério Público (MP) contra uma fábrica que os habitantes da aldeia de fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, acusam de poluir o ar e causar problemas de saúde.

A visada é a AZPO – Azeites de Portugal, uma fábrica de extração de óleo de bagaço de azeitona, situada perto da pequena aldeia de Fortes.

Nesse mesmo mês de Maio, uma reportagem do jornal «Público» dava conta do depoimento de Joaquim Barrocas, morador de fortes, que descrevia o quotidiano dos que vivem paredes meias com a unidade de tratamento de bagaço de azeitona: «o dia-a-dia tornou-se insuportável. Há pessoas com problemas respiratórios e irritações nos olhos. As casas e as viaturas ficam cobertas por um resíduo oleoso e cinzas e não se pode estender roupa, porque fica a cheirar mal».

A empresa, revelava o «Público», contrapunha que das chaminés só sai vapor de água e que o progresso tem este tipo de custos.

Certo é que, mesmo sem viver na aldeia de Fortes, é possível constatar que, das chaminés, sai algo mais que vapor de água. Quem passa na autoestrada A2 sente o cheiro acentuado por quilómetros, assim como vê a nuvem de vapor que se forma.

Por tudo isto, os deputados do CDS querem também que o Governo «promova um estudo epidemiológico no sentido de avaliar se as populações circundantes das fábricas de laboração de bagaço de azeitona, nos concelhos de Ferreira do Alentejo e Alvito, sofrem de algumas patologias, nomeadamente respiratórias, que possam ser atribuíveis à qualidade do ar».

Outra medida é a avaliação das «licenças atribuídas», para saber se «estão de acordo com as condições de laboração, estabelecendo, se necessário, um período transitório da sua adaptação às novas regras que forem estipuladas».

Por outro lado, o Projeto de Resolução dos centristas exige que o Governo «promova formas de apoiar a reconversão indispensável à unidade fabril de Fortes, estabelecendo prazos e compromissos que envolvam todos os intervenientes: população, empresa, autarquias e administração central».

Os parlamentares pedem que as Universidades e os Politécnicos da região sejam envolvidos «como parceiros privilegiados tanto no diagnóstico como na resolução destes problemas, bem como na sua posterior monitorização».

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