Festival Fusos arranca esta sexta-feira em Alte «para perdurar»

A segunda edição do Fusos- Festival de Fusões Artísticas arranca esta sexta-feira, 1 de Junho, em Alte, para, durante três […]

A segunda edição do Fusos- Festival de Fusões Artísticas arranca esta sexta-feira, 1 de Junho, em Alte, para, durante três dias, alterar a dinâmica do dia-a-dia deste aldeia da beira-serra do concelho de Loulé.

A primeira edição, no ano passado, teve o apoio do programa 365 Algarve, tendo sido um ano para experimentar, «mas sempre a pensar que seria um festival para perdurar no tempo», explica o músico e sonoplasta Carlos Norton, diretor artístico do evento, em entrevista ao Musicália-Sul Informação.

Foi isso que aconteceu. Acabada a primeira edição, a Fungo Azul, organizadora do Festival, promoveu reuniões com a Junta de Freguesia de Alte e a Câmara Municipal de Loulé e a vontade das três partes foi consensual e unânime: «seria um festival no qual apostar».

O balanço da primeira edição é feito por Carlos Norton relembrando a forma como as pessoas de Alte os receberam, de braços abertos. Por isso esta segunda edição é vivida agora de uma forma mais intensa e ainda com recordações da primeira. «Passado quase um ano, as pessoas ainda comentam, acima de tudo, aquela coisa esquisita, mas muito gira, que houve no ano passado de pôr uma banda a tocar com artesãos em cima do palco».

Carlos Norton refere-se ao concerto de Orblua, com cinco artesãos a trabalhar em cima do palco, com o som dos seus ofícios a ser captado e misturado com o som da banda, naquilo que foi uma experiência de verdadeira fusão. «É isso que fica na memória das pessoas», acrescenta.

Carlos Norton

Para o mentor do Fusos, este é o melhor balanço que pode ser feito, já que a intenção é apresentar algo de diferente em palco, criado intencionalmente para uma fusão no espírito do festival, para que seja isso que as pessoas se recordem, «não apenas um nome conhecido que tenha vindo cá, mas algo diferente e que tenha ficado para a memória. E é isso que queremos para este segundo ano».

Levar o festival para a beira serra é algo que está na génese da associação que organiza o Fusos. A Fungo Azul aposta na descentralização cultural, não só no Algarve, em relação ao resto do país, mas também dentro da região. É que, defende Carlos Norton, «não tem que acontecer tudo obrigatoriamente em Faro ou Loulé, mas se acontecer num desses concelhos, que não seja dentro da cidade».

Alte assume uma carga simbólica já que se situa (e se torna) no centro geográfico do Algarve, sendo uma aldeia que reúne muitas características que a organização deste festival procurava. «É uma aldeia lindíssima e permite ter vários palcos, como queremos. Numa grande cidade, haveria outras valências, espaços de acolhimento, auditórios, aqui não é o caso. Mas o festival está pensado para acontecer numa aldeia como Alte, no exterior, com palcos de rua ou improvisados…» explica.

O Festival é muito mais do que música, a Fusão, cravada no nome e conceito do evento, abrange diversas artes que se entrecruzam nas 20 atividades que acontecem ao longo dos três dias. Muitas têm a música como ponto central, com interações entre música e literatura ou dança, mas também entre dança e pintura. «Pensamos, essencialmente, em criar espetáculos que albergam nos palcos as diversas artes e as várias fusões possíveis. Que sejam criações intencionais, que não de mera convivência, mas que haja um trabalho de criação para um trabalho inédito que sai dessa fusão», revela Norton.

Nos nomes mais sonantes, esta sexta-feira à noite, António Zambujo e Jacinto Lucas Pires partilham o palco numa criação inesperada, dentro da matriz do festival, que, não tendo precedentes, deixa o próprio diretor artístico sem saber o que esperar. «Há um palco, dois sofás, e o resultado vai ser uma fusão entre música e literatura. Mais, eu próprio não sei, porque quando falei com eles, sugeri o espetáculo, mas dei carta branca. O que vai acontecer em cima de palco só os dois sabem, se é que já sabem…». Provavelmente só hoje, no próprio dia, se saberá o que foi preparado.

1 de Junho, sendo dia da criança, foi pensado nesse espírito, com fusões entre ciência e arte, música e contadores de histórias ou novo circo. Ao longo do evento, as interações acontecem entre teatro, cinema, dança, natureza, pintura, oficinas e malabarismo.

Sendo um evento no Algarve e uma organização algarvia, houve a preocupação de mostrar a produção regional. Se a primeira edição foi totalmente algarvia, este ano quiseram abrir o leque a projetos de dimensão nacional, mas nunca deixando de lado a promoção de artistas da região.

E assim, no último dia, 3 de Junho, Migna Mala, uma banda farense, faz o lançamento oficial do seu novo disco, antecedido de um filme inspirado nesse trabalho. «Tem uma mais valia de acontecer num antigo lagar de azeite, onde vão tocar no meio de toda a maquinaria. Não é um palco convencional, é um cenário único para este lançamento», revela Carlos Norton.

Ainda a edição deste ano não começou e a Fungo Azul já está com olhos postos em 2019, a pensar como dar maior dimensão e estrutura ao festival, para que ganhe «uma força, para que perdure no tempo e não seja algo que esteja sempre em risco, ano após ano».

Fonte Pequena, em Alte

Esse pensamento vai para além da questão financeira,  e centra-se sobretudo na programação, havendo coisas pensadas já para a edição de 2019. «Tentamos que a programação das edições seja coerente e houve coisas que pensamos e não tinham lógica acontecer este ano, por isso estão pensadas e delineadas para acontecerem no Fusos de 2019», remata Carlos Norton.

O Fusos que começa hoje, 1 de Junho, e se prolonga até domingo, apresenta projetos inovadores e criações intencionais para este conceito, que preenchem um cartaz eclético nas várias abordagens artísticas e que se estende pelos sete palcos espalhados pela aldeia (Fonte Grande, Fonte Pequena, Pólo Museológico, Casa do Povo, Horta das Artes, Escola Profissional e Queda do Vigário), num itinerário atrás do andarilho de Alte, uma escultura sonora que percorre o caminho entre palcos e onde todos podem tocar nos vários instrumentos incorporados.

A encerrar estes três dias de festival há Fusada, num percurso até à Queda de Água do Vigário, que acolhe Luís Peixoto, com a sua folk eletrónica.

O Fusos decorrer todos os dias a partir das 14h30, sendo que todos os eventos têm entrada livre.

Fusos é uma organização Fungo Azul, com o apoio do Município de Loulé e da Junta de Freguesia de Alte.

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