Associação Académica «desconfortável» com mudança da Escola Superior de Saúde para Gambelas

A Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) manifestou-se hoje «desconfortável» com a mudança da Escola Superior de Saúde para […]

A Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg) manifestou-se hoje «desconfortável» com a mudança da Escola Superior de Saúde para Gambelas, «até que existam condições condignas» para isso.

Pedro Ornelas, presidente da AAUAlg, adianta em comunicado que esta posição se deve à entrevista ontem dada pelo reitor da Universidade do Algarve ao Sul Informação e à RUA FM, onde Paulo Águas anuncia para breve a mudança da ESS da sua atual localização, à entrada de Faro e junto ao Teatro das Figuras, para o Campus de Gambelas.

O reitor, na entrevista ao programa «Impressões», explica a mudança dizendo que não há «capacidade para ter a ESS toda no Campus de Saúde». «A manutenção da situação atual iria sempre conduzir à degradação da situação da Escola Superior de Saúde», garantiu, acrescentando que «o despacho reitoral está feito».

Em reação a esta parte da entrevista, Pedro Ornelas diz ter manifestado ao reitor «profunda tristeza e desagrado pela comunicação à imprensa antes de um despacho oficial a confirmar a mudança da Escola Superior de Saúde para o Campus de Gambelas», diz Pedro Ornelas.

«Defendemos que estudantes, professores, profissionais docentes e não docentes e todos os que tivessem interesse no caso deveriam ser informados com um documento oficial e não pela comunicação social. Reiterei ainda que deveria ter sido comunicado a todos os estudantes, antes de ser saído para a comunicação social», acrescenta o presidente da Associação Académica.

Pedro Ornelas acrescenta que «a AAUAlg esteve presente, sempre que foi convocada, nas reuniões de apresentação de possibilidades de disposição da nova Escola Superior de Saúde no Campus em Gambelas, sem nunca haver possibilidade de reversão da mudança. Ao ter sido ouvida a opinião da Associação Académica, defendemos sempre uma opção que fosse mais vantajosa para os estudantes, afirmando que deveria haver uma decisão concreta e que assegurasse condições aos estudantes, porque atualmente não as têm».

Caso a ESS continuasse na sua atual localização, a AAUAlg defendia que «seriam necessárias obras de reestruturação do edifício, por não haver condições básicas para os alunos estudarem ou terem aulas no período letivo».

«As salas não têm climatização, sendo um edifício antigo com mau isolamento, no Verão os alunos queixam-se das salas atingirem temperaturas bastante elevadas e, no Inverno, de sofrerem demasiado frio dentro das mesmas, entre outros problemas estruturais do edifício facilmente reconhecidos a olho nu».

Pedro Ornelas, presidente da AAUAlg

No entanto, se houver, como foi anunciado pelo reitor, mudança para o Campus de Gambelas, a Associação Académica salienta que há «outros problemas que devem ser solucionados antes», nomeadamente a «escassez de estacionamento», «acessos e trânsito condicionado», «distanciamento do centro da cidade de Faro e custos inerentes», «falta de alojamento estudantil» e ainda «serviço insuficiente de transportes públicos na malha urbana de Faro».

Quanto ao estacionamento, a AAUAlg defende que este «já não é suficiente para o atual número de alunos que estudam no Campus [de Gambelas], por isso concluímos que, com um acréscimo de 600 alunos, irá tornar-se incomportável».

«Apresentámos esta preocupação à reitoria e apresentámos também possíveis locais de expansão para estacionamento. Nada foi comprometido, nem solução apresentada», acrescenta o comunicado.

No que diz respeito aos acessos, a Académica lembra que «o principal acesso para a zona de Gambelas é através da “rotunda aérea” [em Montenegro] e todo o trajeto associado encontra-se prejudicado pelo elevado movimento que é gerado (prevê-se aumentos dado o aumento de número de alunos, funcionários, docentes e investigadores que vão passar a deslocar-se a Gambelas diariamente), algumas vezes em vias estreitas e de fraca mobilidade».

Pedro Ornelas salienta que hoje o trânsito já está «frequentemente congestionado no nó de acesso para a variante do Aeroporto (sentido Faro-Gambelas), bem como na Rua Abel Viana no sentido Gambelas-Faro, nas horas de término de períodos letivos».

«Apesar de não ser da obrigação da reitoria da UAlg a correção destes problemas, deverá tê-los em conta nas decisões afetas ao campus», conclui a AAUAlg.

Outra crítica tem a ver com o «distanciamento do centro da cidade de Faro e custos inerentes». «Alguns dos cursos que são lecionados na ESSUAlg apresentam uma forte componente prática, sendo algumas das aulas, e também estágios, realizados no Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA). Para além das possíveis consequências relacionadas com a construção de horários letivos, coloca-se o problema de transporte entre o campus e o CHUA. Os alunos passam assim a ter de dispor de mais tempo usado em viagens e acarretando mais gastos pessoais inerentes».

Universidade do Algarve – Campus de Gambelas

«Apontámos também o problema da falta de alojamento estudantil, que, de ano para ano, diminui mais e que mais uma vez estamos a deslocar alunos de um centro urbano com mais oferta para uma zona periférica, sem possibilidade de expansão no imediato, para fazer face às necessidades no próximo mês de Setembro, altura em que se inicia mais um ano letivo», acrescenta o comunicado.

Para a Associação Académica, «potencia-se assim a inflação dos preços praticados aos estudantes que irão procurar nova habitação para residir, bem como para todos aqueles que já se encontravam alojados na zona, podendo vir a ter rendas inflacionadas e custos incomportáveis para a realidade económica vivida pelos estudantes».

Pedro Ornelas salienta igualmente que «a grande procura turística da região tem afetado gravemente o número de camas disponíveis para alojamento estudantil, criando grandes constrangimentos para a boa imagem da cidade de Faro como cidade universitária, bem como para a própria Universidade do Algarve».

Outro problema grave causado pela mudança da ESS para Gambelas é, de acordo com os estudantes, «o serviço insuficiente de transportes públicos na malha urbana de Faro». «Devido às falhas existentes no serviço oferecido pela rede Próximo, foram realizadas sessões de trabalho e um estudo entregue com o objetivo de corrigir» a situação.

Ora, frisa a AAUAlg, com a mudança passará a haver «ainda mais utilizadores na rede, causando mais constrangimentos em relação à situação atual».

As reuniões com os responsáveis pela rede Próximo, salienta, «foram realizadas a pedido da AAUAlg, estando presentes a Câmara Municipal de Faro e Reitoria, e os estudos também provieram dos seus dirigentes».

Tendo em conta todas as razões expostas, a Associação Académica considera que não pode haver «conivência» da sua parte quanto à mudança da ESS para o Campus de Gambelas e anuncia que irá «fazer tudo o que está ao nosso alcance para que,  se a mudança se efetivar, os estudantes tenham condições para tal».

«Mostramos total transparência e abertura para, assim que estas condições estejam reunidas, tornarmos público o nosso apoio, por haver condições para tal», conclui o comunicado da AAUAlg, assinado pelo seu presidente Pedro Ornelas.

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