“Cantina” vai «alimentar, divertir e fazer pensar» Monchique

É um espetáculo de teatro, mas também um musical e um jantar. Tudo junto num só espaço. “Cantina” estreia já […]

Foto: Kathleen Michiels

É um espetáculo de teatro, mas também um musical e um jantar. Tudo junto num só espaço. “Cantina” estreia já este sábado, 19 de Maio, às 20h00, na antiga serração de Monchique, e promete «alimentar, divertir e fazer pensar», garante Madalena Victorino, programadora do “Lavrar o Mar”. 

Este é o novo espetáculo do riquíssimo “Lavrar o Mar”, programa que leva propostas culturais diferentes a dois territórios de baixa densidade: Aljezur e Monchique.

“Cantina” é da responsabilidade da companhia belga Laika, que regressa ao Algarve, após ter estado em Aljezur na estreia do “Lavrar o Mar”, em 2016 (quem se lembra do “Peep & Eat”, integrado no Festival da Batata Doce?).

Peter de Bie é o diretor artístico da companhia e falou com o Sul Informação ainda antes da estreia do espetáculo. «Nós (eu e o Michiel Soete) começámos a trabalhar no “Cantina” de diferentes formas. Por um lado, pegámos no texto “Le Sainte Jeanne des Abbatoirs” (Santa Joana dos Matadouros), de Bertold Brecht, que fala sobre uma mulher que luta contra a injustiça do sistema e que tenta defender a ideia de fazer um mundo melhor, juntando todas as pessoas. Esta mulher trabalha numa cantina e aí nasceu a ideia de construir uma cantina pop-up», explicou.

Foto: Kathleen Michiels

«Por outro, começámos a organizar uma série de workshops, em Antuérpia (Bélgica), Malta e Portugal, onde juntámos pessoas para cozinhar e discutir temas do texto do Brecht. Também falámos sobre os sonhos dos participantes, as suas lutas pessoais e injustiças. Esses workshops resultaram em diferentes fins», acrescentou.

É que, para a conceção do espetáculo, a “Laika” esteve em Aljezur, em residência artística. Assim, além dos integrantes da companhia belga, também integram o elenco sete pessoas de Monchique, Aljezur e Lagos.

«O período de residência, feito em Aljezur, foi muito bom e inspirador para nós. O roteiro principal da nossa performance nasceu aí», explicou Peter de Bie.

Mas o que será, ao certo, este espetáculo? Bem, tudo «começa com típica comida de cantina, mas com um twist. Depois, quando os pedidos começam a chegar em catadupa, a qualidade começa a diminuir. Cada vez há mais regras, mais pedidos, até chegar a um ponto em que todos seguem o sistema, sem fazer qualquer tipo de questões. No fundo, não aproveitando a vida como ela poderia ser», disse o diretor artístico.

Chega uma altura em que o elenco que trabalha na cantina «não concorda mais» com o que se está a passar e luta pela mudança. Todos querem «uma melhor cantina, um mundo cheio de alegria, onde as pessoas são mais unidas do que nunca, partilhando tanto a comida, como as histórias».

Por tudo isto, “Cantina” é uma «experiência», um espetáculo «do qual todos fazem parte e em que tanto se come, como se ri».

Foto: Kathleen Michiels

Este será, de facto, um dos espetáculos mais arrojados do “Lavrar o Mar”. De acordo com Madalena Victorino, uma das responsáveis pela programação, «tem havido uma adesão crescente do público mais próximo de Monchique aos espetáculos mais ousados da nossa programação. Quase a terminar este ciclo, este será mais um nessa categoria».

E, aqui, com mais um condimento, uma vez que a companhia Laika traz este espetáculo para Monchique diretamente de Valleta, em Malta, atual Capital Europeia da Cultura.

Ainda há bilhetes, que podem ser comprados aqui, mas apresse-se. O espetáculo realiza-se até terça-feira, dia 22, sempre com sessões às 20h00.

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