Vénus, a “estrela da tarde”, e “chuva” de meteoros Líridas animam o céu de Abril

Já devem ter reparado naquela espécie de “super estrela” que se tem visto ao anoitecer, na direção do pôr-do-Sol. Na […]

O céu virado a Sul, às 5 da manhã do dia 5 de abril de 2018, focado na constelação do Sagitário. Um pouco acima da constelação está o triângulo equilátero composto por Saturno, Marte e o enxame de estrelas M22. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium)

Já devem ter reparado naquela espécie de “super estrela” que se tem visto ao anoitecer, na direção do pôr-do-Sol. Na realidade, essa “super estrela” é o planeta Vénus, que nesta altura em que aparece ao anoitecer é também conhecido como “estrela da tarde”.

Como se está a afastar do Sol (no céu) Vénus vai ficar visível cada vez mais tempo durante os próximos meses. O planeta vai manter este movimento até Agosto, altura em que vai atingir a maior elongação (ponto de maior afastamento do Sol).

Dia 2, Marte está em conjunção (ponto de maior aproximação) com Saturno, com os dois planetas a nascerem por volta das 3 da manhã. A distância entre os dois é de cerca de 1 grau (sensivelmente a espessura do dedo mindinho, quando observado à distância de um braço esticado). Embora tenham brilhos semelhantes, Marte é o ligeiramente mais brilhante e mais alaranjado dos dois.

Ainda mais perto de Marte, mas para o lado oposto a Saturno, está o enxame globular M22. Sendo um objeto difuso, com magnitude 5,1, para o observar será melhor recorrer a um binóculo, e de preferência em locais com céus escuros.

Se não conseguirem ver o enxame M22 no dia 2, tentem novamente no dia 5. Por causa do movimento de Marte, nesse dia o M22, Saturno e Marte desenham um triângulo equilátero no céu, com o enxame à direita de Marte.

O céu virado a Este, às 23h59 do dia 18 de abril de 2018, com indicação do radiante da “chuva” de meteoros da Líridas. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium)

Dia 4 a Lua passa a 5 graus de Júpiter, com ambos a nascerem por volta das 23h30.

Dia 7, a Lua está atrás de Saturno e Marte, a cerca de 4 graus do primeiro e 6 graus do segundo. No dia seguinte a Lua, que avança cerca de 12 graus no céu por dia, está à frente dos dois planetas, a 5 graus de Marte e a quase 8 graus de Saturno.

Dia 16 o nosso satélite natural atinge a fase de lua nova. O dia seguinte apresenta o desafio de observação do mês, quando um finíssimo crescente da Lua (com menos de 4% da sua superfície iluminada) a passar a 5 graus de Vénus, ao anoitecer.

Dia 18 ocorre o pico da “chuva” de meteoros das Líridas, previsto ocorrer entre as 10h00 e as 21h00, mas com maior probabilidade de ocorrer por volta das 18h00. No pico, o número de meteoros por horas deve rondar os 18, mas esta é uma chuva com máximo variável, que pode chegar até aos 90 meteoros por hora. Por isso, e apesar da constelação da Lira só nascer por volta das 23h00, deve valer a pena olhar para o céu a partir do anoitecer.

Dia 22 a Lua atinge o quarto crescente, e no último dia de Abril a lua cheia passa a apenas 3 graus de Júpiter.

Boas observações!

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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