Ministro do Ambiente testemunhou estragos do temporal no Algarve e já está a pensar na fatura

Os presidentes de Câmara do Algarve têm até à próxima terça-feira para apresentar ao Governo a lista dos estragos que […]

Os presidentes de Câmara do Algarve têm até à próxima terça-feira para apresentar ao Governo a lista dos estragos que as tempestades que atingiram a região causaram nas zonas litorais dos seus concelhos, para que as obras mais urgentes comecem depressa. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo ministro do Ambiente João Matos Fernandes, que visitou alguns dos locais da região mais afetados pelo temporal, ao longo do dia de hoje.

O membro do Governo esteve em Portimão, onde visitou a Praia dos 3 Irmãos, alvo de uma intervenção de emergência na sexta-feira, navegou – sem escapar a uma valente molha – até à Ilha da Fuzeta, onde o cordão dunar foi fortemente escavado pelo mar, e esteve na Praia de Faro, onde o mar voltou a galgar a duna principal e a causar muitos estragos.

João Matos Fernandes chegou à região com a ideia de que o custo das intervenções mais urgentes, para repor a normalidade nos locais afetados, «rondaria os 250 mil euros», mas o feedback que recebeu da parte dos presidentes de Câmara, com quem se reuniu ao final do dia, nem sempre bateram certo com o que esperava. É que, só em Faro, a Câmara estima que as intervenções necessárias no curto prazo ultrapassem os 400 mil euros.

«O levantamento que nós já temos destas situações de maior emergência ronda os 250 mil euros. Foram vários os autarcas que disseram sim, que os prejuízos já estão dentro do nosso levantamento, outros apontaram que faltam alguns. Mas são coisas de pequena dimensão, de mais 5, 10 ou 15 mil euros», revelou o ministro do Ambiente, no final da reunião que manteve com os autarcas na sede da AMAL – Comunidade Intermunicipal do Algarve.

«Os senhores autarcas ficaram de enviar a lista de prejuízos até à próxima terça-feira. Depois, nós teremos uma semana para os analisar. Com certeza que estarão bem avaliados, mas há coisas que nós queremos ir discutindo», acrescentou.

No caso específico da Praia de Faro, o levantamento feito pelo Ministério do Ambiente apontava para que o valor das intervenções necessárias «rondasse os 120 a 130 mil euros. Na visita que fizemos ao local, esta tarde, o senhor presidente da Câmara disse-nos que estimava que nesta primeira correção, a ser feita até ao Verão, precisava de cerca de 400 mil euros. Temos até à próxima terça-feira para que a Câmara de Faro nos faça chegar as coisas que não estão ainda no nosso levantamento, pois certamente ele terá razão, e vamos avaliar logo a seguir».

Aos jornalistas, o presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau falou em «mais de 400 mil euros» e pediu ao ministro que fosse aberto um regime de exceção que permitisse, «de uma forma célere, contratar uma empresa para realizar estes trabalho»

«Há uma intervenção que temos de fazer já. Estamos a elaborar cadernos de encargos e a avaliar custos. Mas, dependendo do montante dos concursos que viermos a lançar, pode vir a ser necessário visto do Tribunal de Contas, o que significa que poderiam demorar alguns meses até entrar em obra», enquadrou o autarca.

João Matos Fernandes, confrontado com este desejo do edil farense, recusou taxativamente a possibilidade de se abrir um regime de exceção. «Não haverá obras desse valor [mais de 350 mil euros]. Não creio que seja necessário esse regime», afirmou.

O ministro do Ambiente aproveitou para deixar uma mensagem aos presidentes de Câmara: «por favor, façam. Estas pequenas obras de reparar passadiços, de mudar areia da esquerda para a direita, de fazer pequenas obras de reparação, que as realizem, que mesmo por administração direta, o Fundo Ambiental pode financiá-las».

«Acredito que algumas dessas intervenções possam estar concluídas já para a Páscoa, que será dentro de 15 dias, e, certamente, a maior parte delas estará feita até ao Verão», afirmou.

Além do que é preciso fazer já, há aquilo que «será preciso fazer sempre». «Há aqui outra dimensão que não se discute assim. E, por isso, ficámos de nos encontrar a seguir à Páscoa para discutir a questão da reposição das areias numa maior dimensão e com intervenções de maior fôlego. A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) está a acompanhar esta questão. É verdade que a tempestade Félix já repôs alguma areia. Há aqui uma unanimidade quanto ao facto de já ter sido reposto um metro de areia nas praias e contamos que esta depressão que nos está a afetar deverá trazer mais meio metro», segundo João Matos Fernandes.

Atualmente, «há uma intervenção a decorrer na Armona, que está a colocar areia nas praias» e estão na calha outras duas operações da mesma natureza. «Vamos começar uma intervenção em Abril na barra da Fuzeta, que tem por objetivo repôr a areia nas praias, começando na Ilha da Fuzeta, onde estive hoje. E, ainda em Março, vai ser assinado o contrato para dragagens na Ria de Alvor».

Intervenções futuras passarão, regra geral, por este tipo de solução. «Por experiência do passado, sabemos que os esporões que existem não protegem costa nenhuma. O que nós vamos fazer é pôr na praia aquilo que ela precisa, que é areia. Todas as soluções terão de passar por engenharia natural. Só em situações muito pontuais, e para defender pessoas e bens, é que poderemos recorrer a soluções mais duras, que causam sempre problemas a sotamar».

«Nós temos que nos adaptar. E isso significa, desde logo, tudo fazer para respeitar a linha de costa. Uma discussão que, felizmente, já deixei de ter é a de que o meu hotel é o último a ser instalado à beira-mar e não causa problema nenhum. Causa sempre problemas. O último hotel feito à beira-mar já foi construído. Temos mesmo é de aliviar a pressão humana. Há alguns locais em que a situação é mais crítica, como a Ilha de Faro, pelo que estamos empenhados, conjuntamente com a autarquia, em encontrar solução para realojar cem famílias que vivem em primeiras habitações, mas que estão numa zona de risco», disse, ainda, João Matos Fernandes.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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