Emoção musical, do Romantismo à atualidade, com o Festival Terras sem Sombra em Odemira

A próxima jornada do Festival Terras sem Sombra inicia-se, a 17 de Março, em Odemira, com um concerto do Vena […]

A próxima jornada do Festival Terras sem Sombra inicia-se, a 17 de Março, em Odemira, com um concerto do Vena Piano Trio, intitulado “De Corpo e Alma”. O espetáculo terá como palco, às 21h30, o Cineteatro Camacho Costa.

Esta sala histórica acolhe um programa excecional, em que se destacam obras de Eurico Carrapatoso, Zoltán Kodály, Jenö Hubay e Fryderyc Chopin. A iniciativa resulta da parceria da Pedra Angular com o Município de Odemira, a Embaixada da Hungria e a Associação Portugal-Hungria para a Cooperação.

«Trata-se de um percurso estimulante pela música europeia, em sentido contrário aos ponteiros do relógio: começa na modernidade, com “O Eterno Feminino em Peer Gynt”, de Carrapatoso, um dos grandes compositores portugueses dos nossos dias (nasceu em Mirandela, em 1962), que estará presente em Odemira; percorre fabulosas páginas instrumentais de dois vultos maiores da música húngara dos séculos XIX-XX e termina no auge do Romantismo, com Chopin, polaco universal que encarna, como poucos, a essência deste período. Tudo conduz, afinal, a uma reflexão sobre a condição da mulher, na arte e na vida», explica a organização.

Esta proeza artística é de um ensemble que se destaca, internacionalmente, por aliar a beleza expressiva à execução inspirada. O Vena Piano Trio agrupa «três grandes senhoras da música de três países»: a pianista portuguesa Andrea Fernandes, maestrina na Ópera Nacional Húngara, a violinista húngara Erzsébet Hutás, chefe de naipe na Nova Orquestra Húngara de Câmara, e a polaca Kamila Slodkowska, chefe de naipe na Orquestra Sinfónica de Alba Regia. Formaram o trio em 2015, em Budapeste, para dar a conhecer repertórios que ligam as tradições musicais de diferentes pontos da Europa.

Algo muito adequado a um festival, como o Terras sem Sombra, apostado em romper fronteiras e dar a conhecer a música no estado mais puro, pela mão dos principais intérpretes de hoje.

Não por acaso, esta edição da sua temporada musical, que arrancou em Janeiro e vai até Julho, visa «aproximar o distante, propondo um encontro entre a tradição e a modernidade na música europeia, do século XVI à atualidade».

 

Em sintonia com a natureza

A tarde de sábado, dia 17, é dedicada, a partir das 15h00, aos cumes que protegem Odemira e, em particular, a um dos seus monumentos, o moinho de vento dos Moinhos Juntos.

Em finais do século XVIII, há mais de dois séculos, estes equipamentos da era proto-industrial começaram a pontuar os montes à volta de Odemira (antes, dominavam as azenhas, menos produtivas).

Hoje, o engenho dos Moinhos Juntos é o único que está ainda apto a moer, sob a orientação diligente do seu moleiro, José Guilherme. Vai ser ele o guia da ação, a par do historiador António Martins Quaresma e do perito em molinologia José Matias.

Com a ajuda destes cicerones, a visita vai permitir conhecer, de perto, os mecanismos dos velhos moinhos e o funcionamento do vento como força motriz.

É também uma ocasião para refletir sobre o uso das energias renováveis, um dos mais importantes desafios que se colocam à sociedade atual.

Conta-se para isto com a presença do físico nuclear Joaquim Marcos, natural de Odemira, professor do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, e um dos cientistas residentes do CERN, o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado na região de Genebra.

 

Uma Finisterra: o Cabo Sardão

A manhã de domingo é consagrada, a partir das 10h00, a um impressionante local da costa alentejana, o Cabo Sardão. Talhado numa arriba com mais de 40 metros de altura, este constitui um ponto em que a terra, com as suas negras arribas xistosas, dramaticamente fletidas e fraturadas pelos movimentos das placas tectónicas, confronta o Atlântico, desafiando as suas águas. O promontório, entre campos agrícolas e bosquetes, serve de habitat a uma grande diversidade de seres vivos.

Carlos Cupeto, professor da Universidade de Évora, e Ana Balbino Costa, da Associação para a Ciência do Alentejo Litoral, vão instruir os participantes nos segredos da geo e da biodiversidade de uma zona protegida.

São famosas as cegonhas que nidificam nos alcantis desta zona do Parque Natural do Sudoeste Alentejano, mas existem aqui muitos outros tesouros naturais a preservar, incluindo espécies única no mundo. Grave continua a ser, entretanto, a proliferação de espécies invasoras.

Com a colaboração da Marinha, o farol do Cabo Sardão, datado de 1915 e em pleno funcionamento, abrirá as portas aos visitantes do Festival, permitindo vislumbrar em 360º, a partir da sua torre, um panorama vastíssimo.

Ao mesmo tempo, a título excecional, será possível conhecer a rotina dos faroleiros, que constituem a guarnição deste equipamento militarizado, e partilhar algumas das suas tarefas.

Todas as atividades do Festival Terras sem Sombra são de acesso livre.

A decorrer entre os meses de Fevereiro e Julho, o Festival Terras Sem Sombra proporciona um programa musical de qualidade e dá a conhecer os centros históricos, as áreas rurais, a vida selvagem e etnografia nos municípios de Vidigueira, Serpa, Odemira, Mértola, Ferreira do Alentejo, Beja, Elvas, Barrancos, Sines e Santiago do Cacém. O objetivo é partilhar o legado cultural e natural do Alentejo, projetando a região a nível nacional e internacional como um território de identidade ímpar.

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