A vitamina D e o Sol

A região do Algarve é dotada de uma costa marítima muito diversificada em termos paisagísticos, com extensos areais, lagunas e […]

A região do Algarve é dotada de uma costa marítima muito diversificada em termos paisagísticos, com extensos areais, lagunas e água cristalina.

A estas caraterísticas, somam-se os 360 dias de sol/ano, que iluminam a região e que convidam a idas à praia. Quando falamos em praia, lembramo-nos da areia, do Sol e dos bons momentos passados com os nossos…

Afinal a exposição ao sol, faz bem ou mal?

O sol é necessário para a vida e possui benefícios reais.

No entanto, todos nós conhecemos os malefícios de uma exposição solar excessiva e prolongada, contribuindo para o envelhecimento cutâneo e aparecimento de lesões malignas e pré malignas.

Como em tudo na vida, a palavra moderação deve vir-nos à cabeça. Devemos optar por uma exposição solar consciente, evitando as horas de maior radiação UV (entre as 11 e as 16h00), usar filtro solar adequado e renovar a ingestão de água.

Qual a relação entre o sol, a vitamina D e a função desta no organismo?

A maior fonte de vitamina D (vitamina D3) é obtida através da nossa pele após exposição aos raios solares UVB. A outra fonte é a dieta alimentar.

A principal ação da vitamina D é manter a homeostase de cálcio. Esta contribui para absorção intestinal do cálcio e reabsorção de cálcio e fosfato a nível do osso. Sabe-se hoje que a vitamina D parece ser importante também no controlo do risco cardiovascular.

Faz sentido pensarmos em suplementos de Vitamina D para os habitantes do Algarve?

Por incrível que possa parecer, em Portugal, país de sol, existe carência de vitamina D e a região do Algarve não é exceção. Cerca de 50% dos portugueses e mais de 90% dos idosos têm défice desta vitamina. Esta carência representa um problema significativo de saúde pública.

Saber se existe défice desta vitamina é possível. O clínico recorre a um doseamento desta, através de uma simples análise de sangue, que pode ser realizada a nível dos cuidados de saúde primários, e, se necessário, recorre à sua suplementação.

Quando falamos em mulheres, quais as mais afetadas pela carência desta vitamina e porquê?

Neste campo, as vencedoras são as mulheres na pós menopausa. Estima-se que cerca de 85% das mulheres com mais de 65 anos tem falta de vitamina D.

A falta desta, pode ser responsável pela menor absorção de cálcio predispondo ao desenvolvimento da Osteoporose (doença onde ocorre desmineralização óssea e consequente aumento de risco de fraturas).

A mulher, após a menopausa, devido à diminuição da quantidade de estrogénio, já apresenta por si só um aumento do risco de perda óssea e consequente aumento do risco de Osteoporose.

Quando a Osteoporose está presente, a prevenção de complicações não só inclui a prevenção de quedas como também a instituição de uma dieta adequada com ingestão de produtos ricos em cálcio, a cessação do tabaco e álcool, a prática regular de exercício físico e a exposição solar equilibrada.

Atenção aos sintomas….

Quando os níveis de carência são elevados, o cansaço, as dores musculares, as unhas frágeis, os cabelos fracos e a pele seca podem aparecer.

A osteoporose, as fraturas com traumatismos mínimos e a depressão, podem desenvolver-se a longo prazo. Sabe-se hoje que o défice desta vitamina também está associado a certos tipos de cancro, hipertensão arterial, diabetes entre outras doenças.

Quais os fatores que podem originar carência em vitamina D?

Estilos de vida moderno, focado na atividade laboral entre paredes e consequente diminuição à exposição solar, a utilização diária de protetores solares, o envelhecimento, a tonalidade da pele mais escura, certos medicamentos, os síndromes de má absorção intestinal, a obesidade e a amamentação.

Como adquirir vitamina D?

Através de uma exposição sensata ao sol sem proteção solar equivalente a 20 minutos por dia, de uma alimentação variada, rica em salmão, atum, sardinha, óleo de fígado de bacalhau, ovos, leite e derivados e de suplementação diária, semanal ou mensal de vitamina D2 ou D3, se necessária. A suplementação pode ser feita na infância,
adolescência ou idade adulta.

Qualquer dúvida acerca deste ou de outro tema, procure o seu Médico de Família, estamos aqui para si e para os seus!

 

Autora: Mafalda Ferreira
Médica interna de Medicina Geral Familiar em Faro

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