Os 105 anos da dona Conceição mereceram uma festa «e muito mais» em São Brás de Alportel

«E eu mereço isto tudo?», pergunta Maria da Conceição Brito, com um sorriso brincalhão no rosto, do alto dos seus […]

«E eu mereço isto tudo?», pergunta Maria da Conceição Brito, com um sorriso brincalhão no rosto, do alto dos seus 105 anos, feitos naquele mesmo dia. «Claro que merece! Isto, e muito mais», responderam, em coro, os que fizeram questão de passar com ela o seu aniversário e de lhe oferecer presentes pela respeitável e inusitada idade que completou.

O dia 22 de Dezembro de 2017 foi especial, em São Brás de Alportel. Afinal, não é todos os dias que um conterrâneo completa 105 anos, para mais com o bom (e aguçado) espírito que Conceição Brito mostra ter. E a melhor forma de celebrar é mesmo com uma festa, que foi exatamente o que organizou o Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de São Brás de Alportel, casa da aniversariante há seis anos – sim, viveu na sua própria casa até aos 99 -, com o apoio da Câmara são-brasense, cujo executivo se juntou à celebração.

Conceição Brito fez uma entrada em grande – «como uma noiva», antecipava Marlene Guerreiro, vereadora da Câmara de São Brás -, foi aplaudida pelos muitos presentes, entre colegas e pessoal do Lar, familiares, executivo camarário e outros convidados, foram-lhe cantados os parabéns e soprou três velas, daquelas brancas com um número, uma a mais do que a larga maioria dos adultos tem direito.

A alguém que atinge tão respeitável idade, a primeira coisa a perguntar é, naturalmente, qual é que é o segredo para se chegar aos 105 anos. «Eu não tenho segredo nenhum. Para me alimentar, qualquer coisa serve. Mas passear e isso, já pouco. Mas ainda faço umas caminhadas, não sendo muito grandes. Tem de ser é agarrada à “bicicleta”», diz a dona Conceição, a rir com gosto, apontando para o andarilho que usa para se deslocar.

Quem convive com ela todos os dias garante que não sofre de nenhuma doença crónica e os únicos medicamentos que toma são para as alergias, que por vezes lhe irritam a pele.

Nascida em São Romão, onde sempre viveu, a mais que centenária são-brasense levou uma vida ligada à terra. «Trabalhava em casa, ia trabalhar para o campo, ceifava, apanhava alfarroba, favas e azeitonas. Fazia todo o serviço do campo. Gostava muito dessa vida, porque era a dos meus pais. Não ia ganhar dinheiro, gostava de ir com eles, para ajudar», contou.

Hoje, Maria da Conceição já não pode ir para o campo, como sempre gostou, mas arranjou outras formas de passar o tempo. «Durante a semana, aqui no lar, rezamos o terço, falamos muito. Somos todos amigos uns dos outros», garantiu.

Eram, de resto, aqueles com quem convive diariamente no Lar de Idosos que compunham a maioria do quórum da festa. Mas também havia vários convidados especiais, entre os quais a sua neta e o seu bisneto, bem como o presidente da Câmara de São Brás, acompanhado pelo seu executivo.

Vítor Guerreiro trouxe consigo uma lembrança, neste caso mais institucional: uma placa comemorativa de «tão singular ocasião», o 105º aniversário de um munícipe.

É que a aniversariante tem mais anos que o próprio concelho, como fez questão de lembrar o edil são-brasense. «Quando a dona Conceição nasceu, São Brás de Alportel ainda era uma freguesia de Faro. Não se lembra, pois era muito pequenina, mas o nosso concelho foi fundado há 103 anos», realçou o autarca.

Além deste presente, Maria da Conceição ganhou lenços, um casaco quentinho e muitas flores. Também recebeu muito carinho, que agradeceu. «Estou muito contente. Sinto-me bem por ver aqui tanta gente. São 105 anos!».

E se a dona Conceição pode reclamar, com orgulho, o estatuto de são-brasense mais velha, não é a única no lar de idosos da Santa Casa da Misericória com mais de 100 anos. Nesta instituição, há uma utente com 104 anos. Ou seja, em 2018 São Brás poderá vir a ter a oportunidade de voltar a celebrar o 105º aniversário de uma conterrânea.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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