Emmy Curl promete uma «experiência bonita» no regresso ao Algarve

A cantora Emmy Curl vai estar no Algarve, este sábado, 2 de Dezembro, para encerrar a programação dos Serões de […]

A cantora Emmy Curl vai estar no Algarve, este sábado, 2 de Dezembro, para encerrar a programação dos Serões de Outono, num concerto na Casa do Povo de Santo Estêvão, às 22h00. Na mesma viagem à região algarvia, Emmy Curl tem mais duas atuações marcadas: uma na FNAC de Lagos, também este sábado, às 15h00, e outra na FNAC da Guia, no domingo, 3 Dezembro, às 17h00.

«Vou levar algumas músicas no novo álbum e tocar algumas músicas que estavam nos anteriores. Levo o meu power solo tocando com backing tracks (instrumentos pré-gravados), um pouco como faço em estúdio, já que sou eu que produzo os meus temas», revela Catarina Miranda, a “menina” que dá corpo e voz a Emmy Curl, ao Musicália|Sul Informação.

A artista já se apresentou em palco em vários formatos: guitarra e voz, com banda, num formato mais intimista – onde recorre apenas ao pedal de loop e que apresenta em concertos mais pequenos com nas FNACs -, e o formato backing track, que vai apresentar em Santo Estêvão, em Tavira, e que lhe permite mostrar as músicas mais preenchidas.

«Acho que é um bocado difícil quando sou só eu e a guitarra, porque não dá bem para mostrar às pessoas o que a minha música realmente é. Assim, trago um sistema onde as pessoas podem realmente ouvir as músicas de uma forma mais completa», completa Catarina.

Na mala traz o teclado, a guitarra e a voz, que se divide entre o português e o inglês, tanto do álbum anterior e como dos novos temas. «Vai ser uma experiência bonita», garante.

Em jeito de desabafo, Catarina Miranda lamenta o fenómeno dos dias de hoje, onde parece não haver muito dinheiro para pagar aos músicos e onde se troca a música ao vivo por DJs, ou coisas por mais simples. Além disso, o público está pouco habituado a pagar para ver concertos «preferindo os já pagos pelas Câmaras».

Os cantores deixam de poder ter músicos para tocarem com eles (ou recebem muito pouco) e, para resolver esta questão, «estamos a adotar formas de tocar ao vivo sozinhos, com sistemas digitais, em que tocamos os instrumentos todos e nos tornamos autodidatas e performers do espetáculo».

Emmy Curl lançou, em 2015 “Navia”, o seu primeiro álbum, depois de vários EP promissores – Ether (2007), Birds Among the Lines (2010), Origins (2012) e Cherry Luna (2013), que a deram a conhecer ao público.

Nos dois últimos anos não tem estado parada, bem pelo contrário, o tempo tem sido de transformação e de trabalho constante no novo disco.

«Tenho estado em produção, estou a trabalhar no álbum quase todos os dias. Mudei-me de Aveiro para o Porto há um ano e meio e foi uma grande transformação a nível cultural, artístico e pessoal. Houve muito coisa em que evoluí. Faz toda a diferença mudar de cidade e de ares, onde haja mais cultura. Isso fez-me repensar muita coisa», revela Catarina Miranda.

O impulso criativo e de crescimento pessoal pôs em causa muitas das coisas que estava a fazer e o álbum sofreu muitas transformações. «Começou uma coisa e está a ser terminado de outra maneira, estes dois anos foram uma escola de vida muito intensa», confidencia a artista.

A mudança de cidade e de vivências atrasaram a saída do novo trabalho, com lançamento previsto para Março, e o rumo que levava, com as experiências vividas no Porto a refletirem-se no exercício de composição.

«Havia dias em que chegávamos a casa de uma jam session de jazz com improvisações de solos e isso ficou gravado, foi quase um puzzle onde fui acrescentando peças do que fui aprendendo estes anos e fui completando. Não tenho pressa em lançar o álbum, porque queria lançar o que pudesse fazer de melhor», revela a compositora.

Catarina Miranda começou o ano a integrar a comitiva portuguesa que rumou ao Eurosonic na Holanda, num registo duplo – quer como Emmy Curl, quer como parte integrante de Papercutz, projeto onde voltou a colaborar com o portuense Bruno Miguel – uma experiência onde realça «o convívio com as pessoas e os contactos com os músicos, a partilha de ideias e a possibilidade de assistir aos concertos dos outros».

A ida à Holanda serviu também para perceber que, em Portugal, «não apoiamos os artistas como lá, onde os músicos locais são colocados como cabeças de cartaz, depois dos portugueses, mesmo não sendo nada de especial».

Catarina Miranda afirma que é importante apoiar e estimular os músicos locais, a falta dessa autoestima faz com que não se arrisque tanto. «Se houvesse mais autoestima, muitos tentariam uma carreira internacional e levariam o nome de Portugal mais longe, sem ser só com o Fado», conclui.

 

 

Sandstorm é um música que surgiu numa viagem de comboio e apela ao feminino da terra. Foi composta depois de Catarina ter saído de uma relação estando, pela primeira vez, a viver sozinha, sem a família, sem o namorado, numa cidade diferente. Uma crise existencial fê-la pensar no que é ser mulher, o que se reflete na letra sobre a independência e emancipação feminina.

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