Memórias, sons e imagens do culto de Nossa Senhora de Guadalupe apresentam-se na ermida

O espetáculo “Os Sons Daqui” apresenta-se pela segunda vez, agora na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe na Raposeira (Vila […]

O espetáculo “Os Sons Daqui” apresenta-se pela segunda vez, agora na Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe na Raposeira (Vila do Bispo), no próximo sábado, dia 2 de Dezembro, às 16h00.

O espetáculo resulta do projeto “Sonda”, de Pedro Glória, apresentado pela Rizoma Lab – Associação Cultural, no âmbito da edição de 2017 do programa DiVaM – Dinamização e Valorização de Monumentos, iniciativa da Direção Regional de Cultura do Algarve.

A experiência terá a duração de cerca de duas horas, entre as 16h00 e as 18h00, iniciando-se com um percurso à volta da Ermida, onde estão instaladas algumas surpresas visuais e sonoras.

Depois, no interior, continua com a performance audiovisual, com a manipulação-vídeo por 79 ers – metadisciplinary design, «ação que será finalizada com o degustar de dois elementos da essência milenar do simbolismo deste local e do quotidiano das pessoas». Se quer saber quais são esses «elementos da essência milenar», terá que ir à Ermida de Guadalupe, no dia 2.

«As gentes desta terra, em tempos idos, deslocavam-se de noite, em romaria, evocando cânticos a Nossa Senhora de Guadalupe para pedir proteção e, em tempos de seca, como o que temos hoje, água. Guadalupe, outrora, escrevia-se Senhora de Agoadelupe, remetendo para o simbolismo da água ligada a este local de culto – fala-se também de um milagre de chuva quase instantânea após esse ato de devoção. E da passagem do Infante. E do resgate de cativos», explica a produção.

«São memórias, são os sons e imagens, são ligações entre o céu e a terra e as vidas das pessoas que habitavam nesta região, numa relação de respeito e religião com este local, com esta Ermida tão resistente que nem o terramoto de 1755 a afetou. No entanto… há mais perguntas que respostas», acrescenta.

O público é convidado a partilhar «um outro estar neste local» – a “Sonda” «desvendou o possível no que toca aos segredos e relações espácio-temporais, compilou a informação que, transformada em performance audiovisual, cria um momento singular de perceção e estimulação sensorial na nossa memória coletiva».

O projeto “Os Sons Daqui”, adianta ainda a produção, «centra-se numa intervenção multimédia e ​site specific, organizada especificamente para cada monumento, com base numa recolha prévia de elementos locais que são integrados na performance visual e sonora a acontecer em cada um dos espaços históricos».

Os elementos recolhidos «partem de uma abordagem direta à comunidade que habita em torno do monumento, explorando os conceitos da ​população acerca deste, através de entrevistas e depoimentos, que permitam coletar material de forma a construir depois uma malha sonora com essas gravações». Além destas «impressões sonoras gravadas», serão também recolhidas imagens de detalhes do próprio monumento e da sua envolvência que servirão depois para a «projeção da textura cromática».

Cria-se assim o «som do espaço, uma experiência sensorial auditiva e visual a partir da fisicalidade do monumento e da envolvente social, com uma abordagem contemporânea e multidisciplinar: som, vozes, frequências e imagens da envolvente projetadas de forma a criar uma ambiência única e estimulante, trazendo as novas tecnologias para dentro de um espaço medieval».

 

O mote para esta intervenção parte do tema proposto pelo DiVaM 2017 – Lugares da Globalização – «um processo contínuo, cuja amplitude se entranha nas nossas vivências, aspirações e escolhas».

Assim, o projeto “Sonda” com “Os Sons Daqui” procura «encontrar/sondar esses resquícios dos efeitos da globalização na forma como as pessoas olham e sentem o espaço e o transmitem, na história circundante do monumento, naquilo que é daqui, que veio de lá e que ficou – através de uma forma sensorial e contemporânea, com recurso ao som, à imagem e a gadgets tecnológicos – ferramentas que são, na sua essência, um veículo na continuação e transmutação da Globalização».

No projeto ​“Sonda”​, Pedro Glória explora principalmente sonoridades eletro-acústicas. «Boa parte do seu trabalho experimental baseia-se na pesquisa quase laboratorial do som enquanto elemento físico, buscando os efeitos acústicos nos espaços, nos objetos, nas pessoas… no meio. Sons que originalmente não são exatamente música, mas que se transformam e se tornam algo organizado e orgânico, alcançando eventualmente o estatuto de peça musical contemporânea», explica a produção do espetáculo.

Para isso, os equipamentos utilizados são geradores de frequências, ​loop station, sintetizador-teclado vintage, computador, gravador digital, telemóvel e tablet, apresentados como «novas tecnologias ao serviço da criação artística e num diálogo inovador com o património histórico».

A Rizoma Lab – Associação Cultural foi fundada em Fevereiro de 2015 na cidade de Lagos com o objetivo fundamental de realizar projetos culturais e científicos numa perspetiva intercultural e transdisciplinar.
Assim como na natureza, também Rizoma Lab cresce de forma horizontal, reunindo numa mesma plataforma diferentes especialistas e profissionais que vêm trabalhando e cruzando áreas como Cultura, Ciência, Arte, Património, Arquitetura, Gastronomia, Comunicação, Sociedade, Educação, entre outras.

Direção artística: Pedro Glória |Produção e Comunicação: Luísa Baptista | Fotografia: Ricardo Soares| Edição vídeo e design gráfico: Teresa Sousa | Live Visuals: 79 ers – metadisciplinary design | Catering: Pour Lui Baptiste

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