Lagoa vai ganhar uma “Quinta dos Arcos”, do vinho, da cerveja… e do turismo

Cerveja, vinho, comida e turismo. Esta quer ser a fórmula vencedora da “Quinta dos Arcos”, a nascer na zona das Sesmarias, […]

Cerveja, vinho, comida e turismo. Esta quer ser a fórmula vencedora da “Quinta dos Arcos”, a nascer na zona das Sesmarias, no concelho de Lagoa. São 4 milhões de euros de investimento, por parte de uma família lusodescendente, num projeto que envolve a produção de três tipos de cerveja artesanal, de vinhos tinto, branco e rosé, a criação de um “tapas-bar” e ainda visitas guiadas. 

O Dia Mundial do Enoturismo, celebrado no passado dia 11 de Novembro, foi o pretexto ideal para conhecer este novíssimo projeto. A ideia é, já em Dezembro, abrir o “tapas-bar” e começar a venda da cerveja.

Nesse “tapas-bar”, com capacidade para 100 pessoas, vão ser servidas tapas com produtos portugueses, as três cervejas “Dos Santos” (uma lager, outra pilsner e ainda uma amber ale), assim como o vinho “Tesouro”. Tudo num espaço com uma dupla vista: para a cozinha, no interior do restaurante, e para a vinha, num cenário incrível.

Já a adega, onde se vai produzir o néctar dos três hectares de vinhas plantadas na Quinta, só tem abertura prevista para o próximo ano.

A família dos Santos é o rosto da “Quinta dos Arcos”. Em Abril, deixaram a África do Sul e rumaram ao Algarve. A falta de segurança no país africano foi uma das razões que motivou a mudança.

Os nomes próprios nem são portugueses (Eugene, Ann, Gregory e Kyle)… mas o apelido é. O pai de Eugene, o patriarca da família, nasceu, em 1931, em Lisboa, mas acabou por emigrar, jovem, para a África do Sul. Daí o “dos Santos”.

O Algarve não era desconhecido para esta família – era hábito passarem férias na região – e, agora, juntou-se o útil ao agradável. «É um privilégio vir para o Algarve. Estamos a realizar um sonho e a fazer um projeto de vida», disse Eugene, na visita guiada às instalações, em que o Sul Informação participou.

Este espaço, em que vai nascer a “Quinta dos Arcos”, quer pegar naquilo que são as tradições portuguesas. Por exemplo, a arquitetura faz lembrar um antigo convento, com um claustro. Também há abóbadas e o piso é em calçada. Já o parque de estacionamento será decorado com oliveiras.

«O terreno estava ao abandono. Pensámos em criar algo que parecesse que sempre cá esteve», explicou Ann.

Mais um exemplo da identidade lusa é o facto de os rótulos das três cervejas terem azulejos, tipicamente portugueses, e uma chaminé algarvia, como decoração.

Quanto à produção da cerveja, Aníbal Neto, outro dos responsáveis do projeto, explicou que a Quinta terá a capacidade de produzir 1200 litros.

O processo será controlado por um programa de computador para minimizar o erro humano, havendo, ainda, uma linha de engarrafamento que consegue fazer a rotulagem e encapsulamento de 600 garrafas por hora.

Ainda na produção, mas do vinho, numa primeira fase, esta será de «10 ou 15 mil litros». «A ideia é ir um pouco atrás nos métodos de fabricação e voltar aos depósitos de betão. Também haverá dois lagares em pedra para fazer a pisa tradicional a pé», explicou Eugene.

Quanto às castas, «tentámos tirar o máximo partido da casta tradicional do Algarve. O objetivo é fazer vinhos diferentes com negra mole. Temos uma mais escura e outra mais clara», revelou Aníbal Neto. Também há touriga nacional, verdelho, bastardo, sousão e esgana-cão.

A ideia deste projeto é que, no futuro, seja possível visitar todo o processo de fabricação, tanto das cervejas, como do vinho, em visitas guiadas à quinta.

Naquela propriedade de cerca de oito hectares, também vai nascer uma casa de alojamento com três quartos e, num anexo da casa da família “dos Santos”, estão a ser construídas duas suites. Os dois espaços têm a abertura prevista no próximo mês.

As ideias não se ficam por aqui. Além da parte turística, do “tapas-bar”, da produção de cerveja e vinho, também vai ser produzido azeite e haverá uma loja, em que será vendido artesanato tradicional, trabalhos de Ann dos Santos, e, claro, o vinho e a cerveja.

Luís Encarnação, vereador da Câmara de Lagoa, também participou nesta visita, e salientou que a vertente do enoturismo é «algo importante», pois permite «diversificar a oferta turística, ao longo do ano».

Por agora, já foram criados dois postos de trabalho, mas, com a abertura do tapas-bar, o número vai subir para dez, nesta “Quinta dos Arcos”, da cerveja, do vinho… e do turismo.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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