Associação Académica chega aos 20 anos depois de «parto difícil» e de dores de crescimento

Teve «um parto difícil» e não se livrou de dores de crescimento, mas a Associação Académica da Universidade do Algarve […]

Da esquerda para direita: Filipa Silva, Nuno Lopes, Pedro Barros, Augusto Costa, Rodrigo Teixeira, Leonel Morgadinho, Pedro Meireles, Luís Farrajota e Eduardo Almeida

Teve «um parto difícil» e não se livrou de dores de crescimento, mas a Associação Académica da Universidade do Algarve atingiu, em 2017, a redonda idade de 20 anos. O aniversário da entidade que representa os universitários algarvios assinalou oficialmente as suas duas décadas de existência esta terça-feira, numa cerimónia que juntou (quase) todos os que já presidiram à associação, bem como muitos outros que, ao longo dos anos, deram o seu contributo para o dirigismo académico.

Entre os antigos presidentes da Direção Geral da AAUAlg presentes na sessão, que teve lugar no Grande Auditório do Campus de Gambelas, em Faro, esteve o primeiro de todos, Augusto Costa, que foi, igualmente, um dos promotores do nascimento de uma entidade que representasse a totalidade dos estudantes da UAlg.

Antes, existiam várias associações de estudantes, quase tantas quantas as unidades orgânicas da Instituição de Ensino Superior algarvia, cada qual com as suas especificidades.

Augusto Costa aproveitou a cerimónia de ontem para lembrar que não foi fácil conseguir um entendimento entre as diferentes associações de estudantes, até pela «natureza sui generis da UAlg, que tem dois subsistemas, o politécnico e o universitário», mas que, quando ele foi atingido, tudo correu muito rapidamente.

«Foi um parto difícil. A partir do momento em que a fusão entre o Instituto Politécnico de Faro e a Universidade do Algarve foi concluída, em 1992, os estudantes viram-se obrigados a reestruturar as organizações que os representavam», revelou Augusto Costa.

Mas não foi fácil chegar a uma solução que agradasse a todos. E se o facto de esta ter de ser uma entidade «que representasse os estudantes dos dois subsistemas de igual forma», uma «realidade única» que obrigou os então presidentes das várias associações de estudantes a ter de escrever de raiz estatutos «com mais de cem artigos» – «não havia nenhum modelo em que nos pudéssemos basear» -, também a revisão da Lei de Bases do Sistema Educativo então em curso dificultou o processo.

«Durante esses anos, foram mudando as mentalidades e conseguimos chegar a um consenso em Outubro de 1996. Depois, foi tudo muito rápido: num ano, conseguimos elaborar os estatutos», que acabaram aprovados numa Assembleia Magna que decorreu em local neutro, o Pavilhão do Farense.

Foi este trabalho de sapa que permitiu que, desde Augusto Costa, tenham ocupado a cadeira de presidente da AAUAlg mais 10 estudantes da universidade algarvia.

Além do presidente original, marcaram presença na sessão de ontem Pedro Meireles (2º), Luís Farrajota, em representação de Carlos Santos, 3º presidente da AAUAlg, já falecido, Leonel Morgadinho (5º), Pedro Barros (foi presidente em 2007 e 2008 e em 2012), Eduardo Almeida (7º), Filipa Brás da Silva (9ª), Nuno Lopes (10º) e Rodrigo Teixeira, atual presidente da Associação Académica.

André Dias, o 4º presidente da AAUAlg, e Guilherme Portada, o 8º estudante a ocupar este cargo, não conseguiram marcar presença.

Nos últimos 20 anos, a AAUAlg enfrentou diferentes realidades. «Foi um percurso muitas vezes atribulado, com altos e baixos, mas que queremos comemorar da maneira devida», ilustrou Rodrigo Teixeira, numa entrevista ao Sul Informação e à Rádio Universitária do Algarve.

Daí a ideia de juntar todos aqueles que ocuparam o seu cargo, ao longo de 20 anos. A ideia foi «celebrar e recordar alguns momentos interessantes junto dos antigos dirigentes e de pessoas que marcaram a vida académica neste últimos anos».

A Associação Académica da Universidade do Algarve passou por diferentes fases e chegou a ser uma das Pequenas e Médias Empresas da região com maior número de empregados, gerindo serviços dentro e fora dos campi da Universidade do Algarve.

Mas, como se veio a verificar, muitas dessas apostas acabaram por não ser certeiras, o que, aliado a opções de gestão, levou a que a associação chegasse a uma situação de pré-falência, no final de 2011, com um passivo de perto de 900 mil euros.

A partir daí, a AAUAlg entrou num novo ciclo, iniciado por uma direção geral que integrou membros de antigas direções gerais, presidida por Pedro Barros.

«Nos últimos seis anos – que é mais de um quarto do tempo de existência da associação -, foi feito um trabalho muito bom pelos sucessivos presidentes e pelas suas equipas. Estamos quase a recuperar da dívida que tínhamos», revelou o atual presidente na entrevista.

Para pagar estarão, segundo Rodrigo Teixeira, «15 a 20 por cento» daquilo que a AAUAlg devia em 2011. «A próxima direção já não estará tão condicionada pela dívida e poderá, agora sim, começar a construir a casa, depois de tapado o buraco. Já vemos a luz da recuperação financeira ao fundo do túnel», assegurou.

Rodrigo Teixeira acredita que as futuras gerações de estudantes da UAlg terão outras ferramentas para gerir a associação que os representa, mas também salientou que foram criados mecanismos que visam impedir que o buraco se volte a abrir.

«A partir de 2011, foram tomadas diversas medidas, como a reconfiguração dos serviços e a contração de um empréstimo junto da banca. (…) Em 2012 e 2013, a Filipa Braz da Silva fechou vários serviços, como centros de cópias e bares, nomeadamente o Bar Académico [BA, na Baixa de Faro]. Fechámos tudo o que era deficitário», recordou.

«Existem mecanismos que vão impedir que haja tantos erros, no futuro, entre os quais a alteração de estatutos operada em 2014, que colocou muito mais rigor nos dirigentes e criou mais órgãos de controlo da ação da direção geral», acrescentou.

No fundo, aos 20 anos, a AAUAlg começa a ter perspetivas de melhores tempos.

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