Roteiro de Arte Urbana de Lagos enriquecido com novas intervenções

A partir de agora há mais quatro intervenções nas paredes de Lagos – da autoria de artistas como o português […]

A partir de agora há mais quatro intervenções nas paredes de Lagos – da autoria de artistas como o português Jorge Charrua, o búlgaro Er’Naste Nasimo, o italiano Mister Thoms e o consagrado polaco Czarnobyl. Ou antes, há cinco, contando com a intervenção do português SAMINA, resultante de um workshop de stencil. Ontem, sábado, foi a vez de, em visita guiada, ir conhecer estas novas obras de arte urbana, bem como algumas das feitas nos anos anteriores, em locais mais periféricos da cidade.

A visita guiada culminou a edição deste ano do ARTURb – Artistas Unidos em Residência, que decorreu em Lagos com a presença de artistas de vários pontos da Europa, numa iniciativa do Laboratório de Atividades Criativas, o LAC, situado na antiga cadeia.

Aliás, foi pela antiga cadeia de Lagos, há anos transformada em fervilhante polo cultural da cidade, que começou a visita, para ver as intervenções feitas pelos artistas nas suas paredes e espaços interiores e exteriores. Além de pinturas murais, havia ainda telas e outros objetos para conhecer.

Aos quatro artistas referidos antes, no LAC há ainda uma intervenção da portuguesa Kruella d’Enfer, que transformou a antiga solitária num inesperado paraíso colorido.

Guiado por Nuno Pereira e Jorge Pereira, ambos artistas residentes e dirigentes do LAC, o grupo integrava uma mistura de 60% de estrangeiros e de 40% de portugueses, que, nas carrinhas da Junta de Freguesia de São Gonçalo de Lagos, foram depois conhecer as intervenções novas e outras feitas em zonas mais periféricas da cidade, onde é difícil chegar a pé.

Os destaques vão para a obra de Czarnobyl num posto de transformação da EDP junto ao Bairro dos Pescadores, onde o artista polaco, mestre no stencil, usou, pela primeira vez, tons de azul, além dos seus negros e cinzas habituais. E porquê esta cor inesperada. «Ele chegou aqui e viu o azul em toda a parte, nas barras dos prédios do Bairro dos Pescadores, no céu…», explicou Jorge Pereira. Mas a sua obra, pelos vistos, não agrada a todos – a arte tem destas coisas… Quando o grupo lá estava a ver a intervenção de Czarnobyl, um velho pescador residente no bairro atirou: «vocês gostam, mas eu é que tenho de olhar para isso todas as noites…».

Noutro local, no Largo da Assembleia Municipal, o enorme peixe pintado pelo italiano Mister Thoms na parede lateral de uma casa critica a sociedade atual, onde o consumismo e as redes sociais ocupam o nosso tempo. «Don’t take the bait» (Não mordas o isco), é a mensagem que lá está escrita, a azul.

Nuno Pereira explica que esta parede «foi a primeira que nos foi oferecida por um particular, sem sermos nós a pedir. E o dono da casa está todo orgulhoso por ter esta obra». Isto, apesar de alguns vizinhos não partilharem a opinião.

Mas a visita até tinha começado pelo mural «do esqueleto», como toda a gente conhece, na enorme empena lateral de um prédio em plena Avenida dos Descobrimentos, a marginal de Lagos. O tema, o tamanho da intervenção, o local de destaque têm motivado muita discussão na cidade, desde que, em 2014, esta obra do espanhol Aryz, passou a ocupar aquela parede.

E o ArtUrb até agora sofre as consequências da ousadia artística: «já temos ido falar com donos de outros prédios, para nos cederem uma parede, mas ouvimos sempre a resposta: “Para quê? Para fazerem outro esqueleto?” E nem mostrando-lhes o desenho do que o artista lá quer fazer os convencemos», conta Jorge Pereira.

Contando já com 30 intervenções, o ArtUrb já deu mesmo origem a um original roteiro de arte urbana, cujo mapa pode ser descarregado no site do LAC ou pedido no posto de turismo de Lagos.

Eis as fotos da visita guiada por (parte) da arte urbana de Lagos:

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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