Raio-X dos Concelhos: Lagos tem «um problema» na fixação de jovens

António Guedes de Oliveira é professor, jornalista, antigo diretor do jornal “Correio de Lagos”, e considera que «um dos problemas» […]


António Guedes de Oliveira é professor, jornalista, antigo diretor do jornal “Correio de Lagos”, e considera que «um dos problemas» do concelho é a fixação de população jovem. Uma das soluções seria «captar um polo de ensino superior» para a cidade.

É que, segundo o jornalista, «normalmente os jovens têm um emprego demasiado sazonal, o que leva a que uns até fiquem no concelho, mas a maior parte sai».

Partindo dos dados fornecidos pela Pordata e resumidos na infografia que publicamos acima, o Sul Informação pediu a Guedes de Oliveira que fizesse um retrato do concelho de Lagos, onde reside.

Para o jornalista, captar «startups a nível tecnológico» também seria importante para atenuar esta situação da fuga dos jovens. Analisando os dados, contudo, Lagos aparece como um dos concelhos com uma percentagem de jovens residentes mais elevada do Algarve, com 15,4%. Apenas Albufeira (16,6%), Olhão (16,1%) e Portimão (16,7%) têm mais.

Quanto à população em idade ativa, dos 15 aos 64 anos, Lagos tem uma taxa de 64,4%, superada por Albufeira, Faro, Lagoa, Loulé e Olhão.

Na opinião de Guedes de Oliveira, o crescimento da população residente em Lagos não tem sido tão grande como o incremento do turismo.

Já na iniciativa empresarial tem-se notado, na sua opinião, uma grande «evolução em termos dos hostels», cujo número tem aumentado no concelho de Lagos. «O grande problema é a monocultura do turismo. Fora do turismo, não tem havido praticamente nada. Se houver um imprevisto no turismo, Lagos não consegue fazer face a isso», diz.

Segundo o jornalista, este é o outro grande problema do concelho. «É preciso criar alternativas de emprego ao turismo porque a cidade é cheia de vida no Verão e no Inverno morre», considera.

Para tal, também seria necessário promover uma «rentabilização do centro histórico», nomeadamente «trabalhando com as imobiliárias para reabilitar os edifícios», o que poderia ser uma «maneira de atrair a juventude», criando oferta de habitação na zona mais antiga da cidade.

Já a vida associativa é «deficiente», de acordo com Guedes de Oliveira. «As pessoas são muito tradicionais e pouco inovadoras», considera.

Ainda assim, no geral, o concelho de Lagos é «apetecível e convidativo». A «cidade é muito bonita e o turismo está a dar um grande incremento a Lagos». E Guedes de Oliveira até deixa uma pista: «o concelho tem condições para atividades ligadas às indústrias não poluentes».

 

NOTA: O Sul Informação está a publicar uma série de 16 artigos denominada «Raio-X dos Concelhos», dedicados a cada um dos 16 municípios algarvios.
As infografias, desenvolvidas pelo nosso jornalista multimédia Nuno Costa, usam dados estatísticos da Pordata.
As pessoas escolhidas para comentar os dados em cada um dos concelhos não estão, tanto quanto possível, ligadas a partidos políticos e residem, têm negócios, trabalham ou nasceram nos municípios em causa.

 

Leia também:
Raio-X dos Concelhos: Faro já não é cidade «moribunda» e «dá gozo» viver nela
Raio-X dos Concelhos: Portimão precisa de «diversificar oferta empresarial»
Raio-X dos Concelhos: a «palavra que melhor se cola a Silves será “potencial”. Haja quem o agarre»
Raio-X dos Concelhos: Castro Marim «infelizmente estagnou», mas Reserva Natural é motivo de esperança
Raio-X dos Concelhos: «Qualidade de vida» de Monchique não chega para fixar os jovens
Raio-X dos Concelhos: Viver em São Brás é «excelente», mas faltam emprego e atividades económicas

Comentários

pub