Raio-X dos Concelhos: Faro já não é cidade «moribunda» e «dá gozo» viver nela

Miguel Rocha Fernandes é empresário, CEO da agência digital Dengun, e chegou a Faro «há oito ou nove anos», quando […]

Miguel Rocha Fernandes é empresário, CEO da agência digital Dengun, e chegou a Faro «há oito ou nove anos», quando diz ter encontrado uma «cidade moribunda». 

No entanto, «há quatro ou cinco anos, houve uma inversão em Faro, toda a gente notou isso. Agora, dá gosto trabalhar aqui, pela oferta a nível de espaços de restauração, pela vida que a cidade tem ou pelas pessoas que estão na rua».

Partindo dos dados fornecidos pela Pordata e resumidos na infografia que publicamos acima, o Sul Informação pediu ao empresário que analisasse a situação da capital algarvia, onde reside.

Segundo Miguel Rocha Fernandes, «tenho vários colaboradores que alugaram aqui casas e vêm a pé para o escritório. Há muito poucas cidades no mundo como Faro, em que, ainda que seja a capital, continua a ser possível ir a pé  para o trabalho».

Esta é uma vantagem porque, «por mais ridículo que pareça, temos mais facilidade de captar colaboradores do que alguém que esteja em Albufeira ou Almancil, por causa desta situação do carro».

No entanto, nota, «a nível de infraestruturas e recursos, é preciso haver aproximação à Universidade, é necessária uma maior sincronização para que se possa tirar partido da presença desta instituição».

Miguel Rocha Fernandes

A percentagem de população em idade ativa em Faro é de 64,5%, um valor alto, inesperado para Miguel Fernandes, que «não esperava uma discrepância tão grande em relação aos idosos». Mas, acrescenta, «é bom sinal».

Para o empresário, esta elevada percentagem de população ativa deve-se «aos serviços de Administração Pública existentes em Faro, é normal que este número esteja inflacionado. Há também o Aeroporto, a Universidade e é necessária massa crítica para trabalhar».

Um dos dados que merece um comentário de Miguel Fernandes é o de estrangeiros residentes no concelho, número que está em crescimento.

«Tenho quase a certeza que o número vai aumentar substancialmente nos próximos dois anos, com o “zum-zum” que se ouve sobre estrangeiros a comprar propriedades em Faro. O valor do imobiliário aumentou brutalmente por causa disso e acredito que este número vá para 15%, muito facilmente», considera.

Para Miguel Fernandes, isso deve-se à «oferta gastronómica, cultural e aos vários eventos que ajudam a atrair estes estrangeiros residentes».

Este interesse pela cidade tem um reverso da medalha: «arranjar algum espaço para instalar um bom negócio em Faro é muito, muito complicado. Há edifícios devolutos, mas não se consegue fazer nada com eles, tudo o que havia que estivesse a bom preço já foi vendido. O valor de um T3 ou T2 disparou e, para alugar, é muito, muito difícil. Não sei como vamos resolver esta situação, mas estamos a ser vítimas do sucesso», considera.

Já em relação à dinâmica empresarial da cidade, apesar de o número de empresas constituídas ser maior do que o de empresas dissolvidas, Miguel Fernandes diz que «estava à espera de um saldo positivo maior».

Com a crise, «fechou muito negócio e é normal que se venha a inverter tendência, o que está a acontecer. Têm aberto cafezinhos, hostels e alojamentos locais».

Contra-balançando os pontos positivos e negativos, Miguel Rocha Fernandes é taxativo: «hoje em dia, tenho orgulho de trabalhar e viver em Faro, dá gozo viver aqui».

 

 

NOTA: O Sul Informação inicia esta segunda-feira, com a infografia e o comentário dedicado ao concelho de Faro, capital do Algarve, uma série de 16 artigos denominada «Raio-X dos Concelhos», dedicados a cada um dos 16 municípios algarvios.
As infografias, desenvolvidas pelo nosso jornalista multimédia Nuno Costa, usam dados estatísticos da Pordata.
As pessoas escolhidas para comentar os dados em cada um dos concelhos não estão, tanto quanto possível, ligadas a partidos políticos e residem, têm negócios ou nasceram nos municípios em causa.

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