Marinha garante que não fará «rebentamentos nem treinos com tiro» nos Hangares

«Não haverá quaisquer inativação de explosivos, rebentamentos, treinos de tiro, nem exercícios militares com uso de arma de fogo» na […]

«Não haverá quaisquer inativação de explosivos, rebentamentos, treinos de tiro, nem exercícios militares com uso de arma de fogo» na base da Marinha, no núcleo dos Hangares da Ilha da Culatra, que vai ser reativada. O que existirá é uma ocupação «com discrição» e «que respeita o ambiente» deste espaço, tanto ao nível dos edifícios, como da ocupação humana, garantiu ao Sul Informação o comandante da Zona Marítima do Sul Cortes Lopes.

O também Capitão do Porto de Faro falou com o nosso jornal para esclarecer «alguns equívocos» que considerou terem surgido na sequência do anúncio de reativação da base, feito pelo chefe de estado-maior da Armada almirante Silva Ribeiro, na passada semana.

Uma mensagem em boa parte dirigida à Associação Almargem, que ontem veio a público criticar a intenção da Marinha em reativar esta capacidade, encerrada desde 1995, por considerar que o facto desta base se encontrar numa zona de Parque Natural não é compatível «com desembarque de fuzileiros em embarcações de alta velocidade, operações com fogo real e inativação de explosivos».

Algo que o comandante Cortes Lopes garantiu que não irá suceder. O único “regresso ao passado” poderá ser a recuperação da componente de aviação, no local onde foi instalado há um século o Centro de Aviação Naval do Algarve, pois está nos planos da Marinha apostar «na capacidade de aeronaves de pequeno porte, os chamados drones, e, eventualmente, aeronaves ligeiras, semelhantes à que amarou aqui na passada semana», numa perspetiva de vigilância da costa.

O que é já certo é que «haverá treinos das equipas de mergulho, natação noturna e treinos de equipas de fuzileiros especializadas, com embarcações furtivas e com discrição». Estes militares, pertencentes ao Destacamento de Ações Especiais da Marinha, poderão, inclusivamente, apoiar a Polícia Marítima em algumas missões, «nomeadamente à noite, na Ria, mas não só».

Cortes Lopes garantiu que estas atividades não atentarão contra o ambiente, nem vão incomodar a população. «Será tudo na base da discrição. As pessoas não têm com que se preocupar. Em termos de ruído e impacto, não se vai sentir a presença da Marinha. Mas, claro, quem estiver nos Hangares, vai cruzar-se, certamente, com os elementos que ali estiverem», ilustrou o comandante da Zona Marítima do Sul.

«A ideia, acima de tudo, é utilizar os Hangares numa perspetiva completamente diferente daquela que foi a utilização no passado», assegurou o oficial da Marinha.

«O que iremos fazer nos Hangares é uma requalificação ambiental de todo aquele espaço pertencente à Marinha, ao qual não se tem dado a devida atenção desde a década de 90, por falta de disponibilidade e capacidade. É um local muito importante para nós, que a Marinha muito respeita», assegurou Corte Lopes.

E se numa primeira fase a intenção era recuperar o edifício em alvenaria que há muito existe no espaço sob jurisdição da Marinha, na Ilha da Culatra, uma avaliação levou a considerar que «o mais ajustado, tendo em conta que a casa está em ruínas, é derrubá-lo e construir no seu lugar uma infraestrutura completamente amiga do ambiente, que dará apoio aos nossos homens».

Este será «um edifício em madeira, com todas as condições de respeito pelo ambiente e alimentado a energia solar e eólica».

A presença de elementos da Marinha passará, desta forma, a ser muito mais habitual (o que não significa que seja permanente). No que toca aos treinos, serão dirigidos a pequenas equipas, que estarão na base enquanto essa formação durar. Os elementos das lanchas da Marinha, que utilizam o cais dos Hangares, também vão ocupar, de tempos a tempos, a infraestrutura.

«Também estamos a recuperar a base para dar apoio às lanchas, que têm tripulações de oito pessoas. Uma casa ali perto dá-lhes outra comodidade e capacidade de preparar missões», explicou.

Além da recuperação do espaço da base propriamente dito, a Marinha apostará, igualmente, na requalificação do pontão, que lhe pertence, e na instalação de um finger, para uso da população.

«O cais flutuante vai estar de Abril a Outubro e é para ser utilizado pelas pessoas da ilha, com coordenação da Associação de Moradores. Este finger será lateral ao pontão, ficará situado a nascente deste e terá uma escada de acesso», explicou o comandante Cortes Lopes.

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