Humberto Correia, o Candidato do Amor: «É como se encontrasse a minha força na energia das pessoas com as quais tenho contactado»

Humberto Correia, de 56 anos, candidato independente à Câmara Municipal de Faro, nas Eleições Autárquicas de 1 de Outubro próximo, […]

Humberto Correia, de 56 anos, candidato independente à Câmara Municipal de Faro, nas Eleições Autárquicas de 1 de Outubro próximo, diz que a sua campanha não vai ter «nenhum comício», porque a sua aposta é «no contacto direto, cara a cara, com as pessoas».

Aquele que também é conhecido como o «Candidato do Amor» e que tem como slogan de campanha «Com Amor, Faro será vencedor», acedeu a dar uma entrevista pessoal ao Sul Informação, a primeira do género que dá a órgãos de informação, ele que, de início, dizia até que só falava com os jornalistas «depois das eleições».

Humberto Correia é já uma figura muito conhecida da Baixa de Faro, uma vez que há longos meses, primeiro para recolher assinaturas, depois na sua campanha solitária, todos os dias lá está ele, com o seu fato azul petróleo com um emblema bordado no bolso a dizer «Faro Destino do Amor», a distribuir panfletos, cartões e sorrisos…e a dar dois dedos de conversa com as pessoas que acedem a falar com ele.

O Candidato do Amor não tem problemas em recordar a sua vida, feita de muito trabalho, a pulso. «Comecei a trabalhar aos 10 anos, mas era um trabalhador registado, não era clandestino. Fui trabalhar para o Hotel Garbe [em Armação de Pêra] e depois para o Levante [junto à praia da Senhora da Rocha, Lagoa]. No Verão, trabalhei a preparar as toalhas e as cadeiras da piscina, no Inverno passei a ser groom. Às vezes, carregava malas maiores que eu».

Aos 15 anos, Humberto Correia foi para França, onde começou a trabalhar, em fábricas. Foi operário durante uma década, em Saint-Etienne, depois esteve mais 17 anos a trabalhar na construção, por conta própria, na Côte d’Azur. Em 2003, regressou a Portugal.

De volta ao seu Algarve natal (nasceu perto de Moncarapacho), resolveu começar a pintar, «sem aulas, sem estudar». «Comecei a pintar na rua e a vender as minhas pinturas. Durante 14 anos, pintei centenas de quadros sobre Faro e o Algarve, que estão espalhados pelo mundo inteiro». O seu local de venda era no Jardim Manuel Bivar, na Baixa de Faro…mais ou menos onde agora anda em campanha eleitoral.

A sua anterior experiência no mundo da construção civil e a sua vivência em França, em zonas onde o turismo é de alta qualidade, dá-lhe, segundo disse ao Sul Informação, «uma boa visão das coisas ao nível da construção civil e do urbanismo. Por isso, sei que se pode fazer muita coisa simples na cidade e no concelho de Faro, por exemplo, nos espaços verdes».

Aliás, uma das suas propostas é precisamente «Mais flores, mais volume, mais cores, mais perfume», já que, defende, «nos últimos 16 anos, não houve um presidente da Câmara de Faro com a visão de florescer e arborizar a cidade. Eu quero fazê-lo!».

Mas como se chega, após uma vida inteira de trabalho em França e quase década e meia de pintor de rua a candidato à Câmara Municipal da capital algarvia?

«Quando comecei a pintar na rua, comprei um avião em miniatura e pintei lá a seguinte frase: “Faro destino do Amor”, mais dois corações. O avião estava em cima da mesa onde eu vendia os meus quadros, as pessoas passavam e diziam: “que frase tão bonita”. E íamos falando sobre Faro, sobre o Algarve, as pessoas gostavam das minhas ideias. Os contactos com as pessoas também me levaram à criação deste projeto. Uma noite acordei e disse: vou-me candidatar à Câmara de Faro com esta frase!».

Se assim o pensou, melhor o fez: e lançou-se logo a tentar descobrir o que seria preciso para poder ser candidato. Disseram-lhe que eram precisas assinaturas e Humberto Correia, no seu poiso habitual na Baixa de Faro ou junto ao Mercado Municipal da cidade, durante dez meses, recolheu assinaturas, falou no seu projeto. «Comecei a perceber que as pessoas precisavam de mudança».

Mas esta sua primeira aventura no mundo da política ainda lhe reservaria um dissabor: um dia descobriu que os milhares de assinaturas que tinha recolhido, entre as pessoas com quem falava na rua, não serviam de nada, «porque faltava o número do cartão de eleitor». Eram dez meses de trabalho «jogado à rua».

Humberto Correia ainda pensou em desistir, mas «apercebi-me que já não podia recuar, não podia desiludir as pessoas que já tinham assinado». E lá teve de «recomeçar do zero, com apenas cinco meses para recolher as 2100 assinaturas necessárias. Eu até dizia que era a missão impossível». Mas não foi: acabou por recolher 2366 assinaturas, posteriormente validadas pelo tribunal.

A sua é «a Campanha do Amor, é a campanha do povo, das pessoas que eu abordei, que assinaram, com quem falei», garante.

Humberto Correia esclarece que a campanha é inteiramente paga do seu bolso: os folhetos, os cartões, o cartaz à entrada de Faro, o cartaz em movimento numa carrinha de publicidade. «Sou verdadeiramente independente, não tenho ligação a partido nenhum!».

É que, defende, «as pessoas já não acreditam nos partidos políticos, é por isso que não votam, que há 60% de abstenção. A verdade é que as pessoas acham que não têm alternativa, são sempre os mesmos».

A lista com a qual concorre à Câmara de Faro inclui os nove candidatos efetivos e os três suplentes exigidos por lei. «Não foi nada fácil arranjar mais onze pessoas que aceitassem fazer parte da lista, esta é uma verdadeira equipa de coragem». «As pessoas têm medo de ser responsáveis, de assumir responsabilidades. O sistema, como ele está, é favorecido pelo medo e pelo comodismo das pessoas», salienta. É também contra este estado de coisas que se afirma apostado em lutar.

Quanto às propostas que apresenta para o concelho de Faro, as que têm feito mais sucesso dizem respeito a questões sociais: a construção de casas sociais e a criação de um passe para o trabalhador a 25 euros.

«Estive na construção muitos anos, sei que é possível construir mais pequeno e mais barato. Se os salários não aumentam, então tem que se diminuir as rendas. E isso só acontece com construção de qualidade, mas barata». Só que o Candidato do Amor não quer construir bairros sociais, quer «misturar as pessoas». «Quando for eleito, vou começar imediatamente a construir essas casas!», garante.

A sua campanha, acrescenta, apresenta «propostas para favorecer quem trabalha e quem tem filhos para criar». Até agora, Humberto Correia diz já ter distribuído 25 mil cartões, «pessoa a pessoa», e já lhe restam poucos dos 20 mil folhetos que mandou fazer.

«Já falei com dezenas de milhares de pessoas. Foi uma espécie de sondagem que fiz, ao mesmo tempo que fui contactando, na rua, com as pessoas. Não tenho experiência política, mas tenho honestidade».

E quais são as suas expectativas para esta primeira experiência no mundo da política? «A Campanha do Amor vai ganhar a Câmara de Faro e vai ser histórico!», responde, convicto.

«Nesta campanha, não se utiliza o deita abaixo dos adversários, cada um tem as suas propostas e estas são as nossas!»

«É como se encontrasse a minha força na energia das pessoas com as quais tenho contactado. Faço disso a minha força e a minha motivação».

A 1 de Outubro, logo se verá se a Campanha do Amor convenceu ou não os farenses.

 

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