Hangares voltaram a ver um hidroavião a amarar enquanto esperam pelos fuzileiros [com vídeo]

A base da Marinha Portuguesa do núcleo dos Hangares da Ilha da Culatra vai ser reativada e passará a ser […]

A base da Marinha Portuguesa do núcleo dos Hangares da Ilha da Culatra vai ser reativada e passará a ser o local de treino dos Fuzileiros do Destacamento de Ações Especiais. Esta tropa de elite, altamente especializada, irá encontrar neste local «as condições naturais» para o seu treino e, eventualmente, «para lançar operações, sempre que se justificar», anunciou esta quarta-feira o almirante Silva Ribeiro, chefe de estado-maior da Armada.

«Este espaço já vinha sendo utilizado para treino dos nossos mergulhadores, na inativação dos explosivos, e dos fuzileiros. Essas ações irão continuar e ser reforçadas. Mas também temos a oportunidade de transformar este espaço que aqui temos numa área de treino para os fuzileiros, nomeadamente de operações com embarcações de alta velocidade e do Destacamento de Ações Especiais. Ou seja, operações de grande complexidade, sofisticação e discrição», disse o chefe de estado-maior da Armada aos jornalistas, nos Hangares.

O responsável máximo pela Marinha esteve neste núcleo da Ilha da Culatra para participar numa cerimónia promovida pela população local de celebração dos cem anos da aviação naval em Portugal e aproveitou para anunciar esta novidade.

Antes, os participantes na cerimónia tinham sido brindados com várias amaragens de um hidroavião civil na Praça Larga, o espelho de água situado frente ao cais dos Hangares, numa alusão às aeronaves que existiam no Centro de Aviação Marítima do Algarve, que ali funcionou durante décadas.

 

 

Segundo o almirante Silva Ribeiro, a nova base dos Hangares «vai começar a ser construída ainda este ano e servirá para apoiar as operações da Polícia Marítima e as operações da Marinha», o que significará que a presença militar na ilha da Culatra passará a ser «diária e muito mais visível».

Este anúncio, bem como a oportunidade de ver amarar um hidroavião, acabaram por ser as cerejas no topo do bolo de uma festa organizada pelos moradores dos Hangares, durante o qual foi inaugurado um monumento de celebração dos cem anos da aviação naval e do papel daquele núcleo na história e apresentado o livro de Rosa Neves “Hangares – O esforço de Guerra – No Centenário da Grande Guerra (1917-2017)”.

A Marinha não ficou indiferente a este gesto e fez-se representar ao mais alto nível. «A nós tocou-nos muito esta homenagem. Desde logo, porque é uma iniciativa do povo deste núcleo. Mas também porque honra as tradições e as pessoas que edificaram uma capacidade de resposta, numa altura de grande dificuldade para o país, onde a aviação naval teve uma grande importância na patrulha e na vigilância das nossas águas», segundo o almirante Silva Ribeiro.

Também o Governo se fez representar, neste caso pelo secretário de Estado da Defesa Nacional Marcos Perestrello, que salientou «o trabalho que a associação de moradores tem feito em prol da melhoria deste pedaço de terra, das condições para os que aqui vivem e respeito pelo ambiente».

 

No dia em que se assinalaram os cem anos de aviação marítima em Portugal, os Hangares também viram realizado um sonho antigo, um acordo com a Marinha para uma maior utilização do cais do núcleo pela população.

«O protocolo assinado hoje vai permitir a regulação do acesso à ilha. Este cais é da Marinha e aquilo que fizemos foi, com a associação de moradores, estabelecer as regras de utilização do mesmo. Também vamos reparar o cais e construir um finger (cais flutuante), que permitirá a atracação de pequenas embarcações, que tinham dificuldade em utilizá-lo», anunciou o almirante Silva Ribeiro.

Esta será, tanto na visão do chefe de estado-maior da Armada como de José Lezinho, presidente da Associação de Moradores do Núcleo dos Hangares, «uma melhoria significativa nas acessibilidades ao núcleo».

«Este é um dia histórico! Lutamos há muitos anos pela melhoria das acessibilidades aqui ao núcleo, não só pelos mais velhos, que tiveram de vir muitas vezes a pé do Farol carregados, chegando mesmo a cair à água, e pelo futuro dos nossos jovens», disse José Lezinho.

 

Clique aqui para ler a reportagem «Hangares, hidroaviões e pães de leite ou as memórias do Centro de Aviação Marítima do Algarve»

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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