Famosos (e não só) fazem rastreio em Faro para mostrar como a voz precisa de ser cuidada

Beber muita água é fundamental, não fumar um imperativo e pigarrear algo a evitar. Quem quer ter uma voz saudável […]

Beber muita água é fundamental, não fumar um imperativo e pigarrear algo a evitar. Quem quer ter uma voz saudável deve seguir estes conselhos (e muitos mais). O Rastreio Nacional da Voz, a decorrer até às 18h00 desta quarta-feira, 9 de Agosto, na Unidade de Saúde Familiar (USF) Farol, em Faro, está a diagnosticar possíveis doenças, ensinando como cuidar da saúde vocal.

A ideia é simples: tratar da voz de todas as pessoas interessadas. Até porque este é um instrumento usado por todos, sejam cantores e atores, ou não.

«Muita gente precisa da voz para trabalhar, mas todos precisamos dela para comunicar», explicou Luís Sampaio, vice-presidente da Gestão dos Direitos dos Artistas (GDA), promotora da iniciativa, ao Sul Informação. Faro é a sexta cidade a receber o rastreio, que irá, até Maio de 2018, a todas as capitais de distrito.

A verdade é que quem usa a voz como ferramenta de trabalho precisa de cuidar dela de forma especial. Também por isso, o facto de esta ser a primeira vez que há um rastreio de âmbito nacional é visto como uma mais valia.

«Os principais artistas estão, em princípio, em Lisboa, pois é lá que estão as televisões e os estúdios. Ainda assim, há muitos músicos por todo o país, que tocam em bares, por exemplo. Este ano foi possível sair da capital, com a ajuda do Ministério da Saúde, que nos deu acesso à rede dos centros de saúde do país», disse Luís Sampaio.

Luís Sampaio

Clara Capucho é o rosto – e a alma – da iniciativa, que está a decorrer na USF do Centro de Saúde de Faro. Cirurgiã otorrinolaringologista, é ela a responsável pelo rastreio. Durante a manhã de terça-feira, 8 de Agosto, em que o nosso jornal acompanhou esta iniciativa, a médica rastreou 18 pessoas, muitas vindas de fora do ramo artístico.

«O que nós queremos é apanhar as patologias e resolvê-las rapidamente para evitar coisas gravíssimas, como cancros que fiquem com sequelas graves», explicou. E como é que tudo isto é feito? Com recurso a uma laringoscopia, em que a médica vê as cordas vocais e o seu movimento, em vídeo, podendo ser detetados, por exemplo, nódulos ou pólipos.

Casos mais graves também aparecem. Quanto mais cedo forem diagnosticados, melhor. «Nesta manhã, detetei duas suspeitas de cancro. Vou ver se terei de operar ou não. É uma sorte deitar-lhes já a mão», explicou Clara Capucho.

Todos os cantores têm de cuidar da voz particularmente bem. Por isso, não foi por acaso que Nuno Guerreiro e Viviane, dois artistas algarvios, compareceram a este rastreio. O ator Pedro Lima também não faltou à chamada.

Para Viviane, esta iniciativa é «importantíssima». «Às vezes, sentimos desconfortos na voz, a que não damos importância, mas a verdade é que as cordas vocais são um músculo que tem de ser vigiado e cuidado», disse a cantora ao Sul Informação.

O facto de a iniciativa se realizar em Faro surpreendeu a ex-vocalista dos “Entre Aspas”. «É excelente acontecer aqui!», exclamou.

Para cuidar bem de uma voz, os aspetos a ter em conta sucedem-se: não comer antes de se deitar, dormir com a almofada mais alta, não gritar com frequência (nem falar rapidamente) e adotar posturas corretas são conselhos úteis.

Até ao final do dia de hoje, a expetativa da médica responsável é fazer 180 a 200 rastreios. Os casos detetados serão sempre reencaminhados, ora para médicos do Algarve, ora para a Unidade de Voz do Hospital Egas Moniz, em Lisboa, cuja coordenadora é Clara Capucho. «Alguns casos mais específicos posso levar para lá, pois tenho todas as condições para tratar das pessoas», disse.

Há seis anos que Nuno Guerreiro é acompanhado pela doutora Clara. Ao longo do tempo, «tem-me ensinado muitas coisas», confessou. Segundo o vocalista da Ala dos Namorados, as «pessoas ainda estão, em geral, pouco informadas acerca dos problemas que podem existir numa voz». Daí a «grande importância» do rastreio.

Reconhecido por ser dono de uma grande voz, algo que os utentes do Centro de Saúde puderam comprovar num mini-concerto na sala de espera, Nuno Guerreiro segue à risca uma série de preceitos para que nada falhe. «Bebo dois, três copos de água morna ao acordar, não como alguns citrinos, pois podem proporcionar problemas de refluxo (azia), e não bebo coisas geladas», explicou.

«Houve alturas, quando era mais novo, em que era mais inconsciente, mas há muito tempo que tenho vindo a respeitar a voz», acrescentou, sorridente.

Neste rastreio, a equipa do Centro de Saúde de Faro está a ser «fantástica», segundo Luís Sampaio. «Eu destaco-a porque já fizemos outras iniciativas iguais, mas esta equipa é especial», garantiu.

Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, não podia estar mais satisfeito com estes elogios. «Achamos que é um rastreio inovador, que dá resposta a um conjunto de problemas que são sentidos pelos médicos de família», considerou.

É que é «difícil encontrar uma resposta tão especializada como a que a doutora Clara dá e que permite um diagnóstico apurado», explicou.

Já Nuno Guerreiro não tem dúvidas: «todas estas iniciativas deviam ter uma divulgação ainda maior. O assunto é pouco falado».

Por isso, já sabe: se quiser fazer um rastreio da voz, apresse-se em ir ainda hoje à USF do Centro de Saúde de Faro porque, apesar de nem sempre se notar, «uma voz problemática» pode trazer verdadeiros dissabores.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

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