Nova câmara de congelação do Banco Alimentar do Algarve aumenta capacidade de distribuição em quase 50%

O Banco Alimentar do Algarve poderá passar dos «2 milhões para quase 3 milhões de quilos» de bens distribuídos graças […]

O Banco Alimentar do Algarve poderá passar dos «2 milhões para quase 3 milhões de quilos» de bens distribuídos graças à nova câmara de congelação inaugurada esta quarta-feira, dia 19 de Julho. O equipamento, uma oferta do Wolf Valley Charity Fund, veio aumentar drasticamente a capacidade de armazenamento de alimentos congelados do BACF algarvio, o que faz o seu presidente Nuno Cabrita Alves perspetivar que se possa aumentar em muito o número de bens distribuídos, na região.

Com a instalação deste novo equipamento, a instituição algarvia ganhou capacidade para receber bens refrigerados provenientes da União Europeia através Fundo Europeu de Auxílio a Pessoas Carenciadas. Até há poucos dias, o BACF do Algarve só tinha capacidade para armazenar 10 metros cúbicos de comida congelada, na câmara instalada na sua sede, em Faro.

Agora, passa-se a poder guardar 140 metros cúbicos de bens nas instalações da capital algarvia, espaço que pode comportar cerca de 20 toneladas de alimentos, a que se alia a da câmara já existente, que foi para o armazém de Portimão da instituição. Com a entrada destes alimentos, Nuno Cabrita estima que o Banco Alimentar algarvio poderá passar dos atuais 2 milhões de quilos para «os 3 milhões ao ano», um aumento de cerca de 50 por cento do volume de bens distribuídos.

Este número poderá crescer, em breve, tendo em conta que o BACF está a negociar com diversas entidades públicas ligadas ao controlo e fiscalização da pesca, de modo a que os excedentes de pescado e apreensões de peixe sejam canalizados para a instituição.

É que, mais do que armazenar, a nova câmara permite a congelação de produtos refrigerados, já que cumpre todos os requisitos legais para o efeito, o que permitirá evitar alguns desperdícios de alimentos perecíveis que se verificavam até agora.

«Este equipamento dá-nos a possibilidade de receber produtos em grande quantidade e congelar parte, evitando com isso uma distribuição massiva para as instituições, gerando desperdício. Neste momento, somos um dos bancos do país com maior capacidade de armazenamento refrigerado, temos mais de 10 mil caixas para peixe e carrinhas frigoríficas. Ou seja, temos todos os meios necessários», disse Nuno Cabrita Alves ao Sul Informação.

«O Programa de Ajuda Alimentar da UE, que tem agora outro nome, mas que já existe há décadas, não continha, nos últimos anos, produtos refrigerados e, em termos de frescos, eram poucos. A maioria eram produtos secos. Mas, para os próximos dois anos, e provavelmente para os dois a seguir, está prevista a receção de produtos congelados nalguma quantidade. E, no distrito de Faro, foi o Banco Alimentar que se candidatou, na quase totalidade do território, para receber e distribuir esses alimentos junto das instituições e, como tal, houve a necessidade de fazer este melhoramento», explicou Nuno Cabrita Alves.

Como aconteceu noutras ocasiões, o BACF necessitou e o Wolf Valley Charity Fund ajudou. Esta associação solidária, criada em 1999 por proprietários de casas do empreendimento turístico de Vale do Lobo , já contribuiu, ao longo dos dez anos de existência do Banco Alimentar algarvio, com 80 mil euros em material, para que a instituição leve mais longe a sua missão. No caso desta câmara de congelação, a doação tem um valor de 36 mil euros.

«Estamos ligados ao projeto do Banco Alimentar do Algarve desde o início e ajudámo-lo a consolidar-se. Já contribuímos com diverso material, como uma carrinha frigorífica, caixas para transportes de alimentos, o tapete rolante, a iluminação led, neste caso em conjunto com a Câmara de Faro, e outro equipamento», contou Paulo Chaves, presidente do Wolf Valley Charity Fund e um dos representantes da associação na cerimónia de inauguração da câmara de congelação.

 

Paulo Chaves, presidente da Wolf Valley Charity Fund

«Somos um grupo de pessoas que nos organizámos numa associação de caridade. Entre nós, realizamos torneios de golfe e festas e angariamos fundos que distribuímos por instituições, ajudando-as com equipamento que melhore a qualidade de vida dos seus utentes. Já distribuímos mais de um milhão de euros, desde a nossa fundação», disse.

O Banco Alimentar agradeceu o gesto e já pensa nas potencialidades que o novo equipamento lhe abriu. «Neste momento, o que se prevê é a distribuição de carne, pescado e legumes congelados, não só para acompanhar o prato, mas também para fazer sopa. Também continuamos a ter capacidade para distribuir pão e bolos congelados, que tem sido a parte maior do que nós já distribuíamos», disse Nuno Cabrita Alves.

«Este equipamento foi montado há poucos dias – está em fase de testes – e permite-nos aumentar exponencialmente a capacidade de receber alimentos congelados. A nova câmara tem outra particularidade interessante: se porventura não tivermos, por alguma razão, bens congelados que num determinado período ou altura do ano justifiquem o seu funcionamento e, em contrapartida, tivermos produtos refrigerados, como fruta ou laticínios, o equipamento pode trabalhar em frio positivo e poderá ser utilizada à mesma», disse.

A nova câmara de refrigeração foi uma espécie de presente de aniversário do BACF, que completa 10 anos de existência em 2017. Mas há outra prenda que a instituição não se importava nada de receber.

«As pessoas pensam que é demagogia quando eu digo isto, mas eu continuo a afirmá-lo: o nosso grande desejo é fechar as portas. Isso significaria que não havia pessoas a precisar de apoio, que estas viviam de forma muito mais digna do que hoje e que não existia desperdício alimentar. Como esta duas situações são, ainda, um sonho ou uma utopia, o que nos faz mesmo falta nos dias que correm são instalações condignas», disse.

 

Hoje em dia, a sede do BACF do Algarve ocupa «instalações gentilmente cedidas pela Câmara de Faro, que certamente estarão disponíveis por muitos mais anos. Mas a questão é que este espaço é uma garagem, que, com criatividade, tem sido adaptado a uma realidade de um armazém alimentar, mas que hoje começa a ser um problema, pois estamos no limite da capacidade», explicou Nuno Cabrita Alves.

Segundo o presidente do Banco Alimentar do Algarve, até nem têm faltado soluções. «O problema é que nós precisamos de um espaço dentro da cidade. E a razão é simples: continuamos a não ter funcionários. Se for fora do centro urbano, todas pessoas que aqui vêm – voluntários e todas as populações que connosco trabalham – teriam muito maior dificuldade em vir ajudar e certamente não contaríamos com a colaboração de muitas delas», resumiu.

Atualmente, o BACF do Algarve apoia diariamente «cerca de 18 mil pessoas» e «mais de cem instituições» em toda a região. «Houve um ligeiro aumento no número de entidades, mas não porque tenha havido um acréscimo do número de pessoas apoiadas, antes pelo contrário – nos últimos anos, houve 5 mil pessoas que deixaram de receber apoio do BACF do Algarve. Agora são as próprias instituições que passam dificuldades. Os últimos anos foram maus para as famílias, que passaram dificuldades em virtude do desemprego e da redução dos apoios sociais, situação que está a ser reposta. Mas as instituições tiveram de suportar o apoio social e hoje são elas que precisam de ajuda», concluiu o presidente do BACF do Algarve.

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