15 anos sem pescar sardinha seria «o fim da pesca do cerco e da indústria conserveira»

A paragem da pesca da sardinha durante 15 anos, sugerida por um parecer do Conselho Internacional para a Exploração do […]

A paragem da pesca da sardinha durante 15 anos, sugerida por um parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), «é impensável» e marcaria «o fim da pesca do cerco em Portugal, da indústria conserveira e da congelação», considera Miguel Cardoso, presidente da Olhãopesca – Associação de Produtores de Pesca do Algarve.

O conteúdo do parecer do ICES, que aconselha a Comissão Europeia sobre as quotas de captura de peixe, divulgado pelo Jornal de Negócios, sugere que serão precisos 15 anos sem captura para voltar aos limites mínimos adequados de stock de sardinha.

Miguel Cardoso, em declarações ao Sul Informação, considera que este documento, que não é vinculativo, «não tem em conta as alterações climáticas, o trabalho que tem sido feito pelo setor nos últimos três ou quatro anos, as questões sociais e as questões económicas. A ser implementada, esta remota hipótese colocaria em causa toda a frota do cerco a nível nacional, colocaria em causa a pesca da industria conserveira e da congelação. Isso é impensável e não consideramos sequer essa possibilidade».

«É um parecer que apresenta nuances de ambientalismo extremo e radical», acrescenta.

Sobre o estado atual do stock de sardinha, Miguel Cardoso assume «um problema, mas tanto que o assumimos, que temos vindo a trabalhar para favorecer o recurso com defesos ecológicos, limites de captura, e os resultados estão a aparecer».

O responsável diz que «os sinais são positivos e já começamos a ver petinga no Algarve, que não víamos há muitos anos, vemos também sardinha mediana. Por isso, este trabalho deve continuar. Não podemos é morrer da cura», conclui.

José Apolinário, secretário de Estado das Pescas, reagiu ao parecer em declarações ao Jornal de Negócios onde garantiu que «Portugal segue uma política precaucionária em linha com os critérios internacionais definidos pelo ICES».

O governante esclareceu também que o documento não dispõe de informação atualizada respeitante às zonas Centro e Norte do país, que só deverá chegar nos próximos meses.

Para Apolinário, a redução do stock «é uma consequência direta das alterações climáticas visto que não tem havido um aumento do esforço de pesca», disse ao mesmo jornal.

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