Obra ajuda presbitério da Igreja de S. Pedro de Faro a aproximar-se das suas origens e das pessoas

O presbitério da Igreja de São Pedro, em Faro, vai ser alvo de uma obra de renovação que procurará aproximar […]

O presbitério da Igreja de São Pedro, em Faro, vai ser alvo de uma obra de renovação que procurará aproximar o espaço a partir do qual se celebra a eucaristia daquilo que foi na sua origem, ao mesmo tempo que aproxima o altar  da assembleia.

De caminho, a obra, apoiada em 50% pelo Estado e que deverá começar em breve, permitirá eliminar algumas barreiras arquitetónicas, introduzidas neste templo numa intervenção feita em meados do século XX, que se têm revelado perigosas e até motivadoras de acidentes.

Esta emblemática igreja de Faro, a Matriz desta paróquia da capital algarvia, foi erigida por iniciativa dos pescadores e com o esforço de várias gerações de farenses no século XV (mais tarde reconstruída, após ter sido severamente danificada pelo terramoto de 1755). É esse legado que a Fábrica da Igreja Paroquial de S. Pedro quer homenagear, já que o atual presbitério (o espaço que, numa igreja católica, precede o altar-mor), construído nos anos 60 do século passado, esconde alguns tesouros do passado.

«É uma tentativa de regressar às origens do presbitério, ao mesmo tempo que tentamos que o altar esteja mais próximo das pessoas e que elas se sintam mais envolvidas. Além disso, os degraus hoje existentes põe em causa a segurança, na medida em que já houve quem caísse a subir as escadas. São muitos altos… e são ilegais (risos)», à luz das normas atuais, explicou ao Sul Informação o cónego César Chantre, pároco de São Pedro e vigário-geral da Diocese do Algarve.

A obra estará focada no chão do presbitério, motivando também a substituição do altar e do ambão. Não irá colidir com nenhum elemento arquitetónico original da igreja, já que a solução atual é relativamente recente e acabou por esconder parcialmente alguns elementos, como os nichos laterais do presbitério, que serão “libertados”. Além de recuar a zona onde hoje se encontra o altar e a cadeira da presidência, o projeto contempla a construção de degraus mais baixos e uma estrutura amovível em madeira, que se projetará do presbitério até ao arco triunfal, onde ficará o novo altar.

Cónego César Chantre

Segundo o cónego César Chantre, a intervenção vai custar cerca de 46 mil euros, metade dos quais serão garantidos pelo Estado, ao abrigo do «Programa Equipamentos Urbanos de Utilização Coletiva», ao qual a Fábrica da Igreja concorreu. A Câmara de Faro também deu o seu contributo, através da oferta do projeto de arquitetura e do apoio dado pelos serviços municipais à Paróquia de São Pedro.

Foram, de resto, as arquitetas Teresa Valente e Patrícia Malobbia que apresentaram o projeto, numa cerimónia que decorreu ontem, sexta-feira, dia 9 de Junho, na Igreja de São Pedro, que serviu igualmente para assinar o protocolo que formaliza a comparticipação do Estado à obra, presidida pelo secretário de Estado das Autarquias Locais Carlos Miguel.

As duas técnicas superiores da Câmara de Faro trabalharam de perto com a Fábrica da Igreja Paroquial de S. Pedro e fizeram uma proposta que, além da componente cultural e histórica, tem também uma visão de futuro, dado que tem uma lógica de ocupação suave, que permite um melhor uso da igreja, sem hipotecar as decisões de quem vier depois.

«Tentámos responder a um pedido da igreja no sentido de reformular este presbitério, para o tornar mais visível e próximo da assembleia. Ao mesmo tempo, foi-nos solicitado que tentássemos afastar para trás os três degraus existentes, que já lá tinham estado no passado, colocar outros mais ténues do que os que hoje existem, em plataforma, para colocar o altar, que vai ficar à cota do segundo degrau e mais para a frente», segundo revelou Teresa Valente ao Sul Informação.

A arquiteta acrescentou que houve «grande preocupação no desenho das três peças que compõem o presbitério: as cadeiras da presidência, a mesa do altar e o ambão». A proposta passa «por uma solução muito simples em madeira e alabastro, com uma simbologia que têm a ver com o que aprendemos junto do padre Joaquim».

«O projeto prevê o mínimo de obras intrusivas na zona da capela-mor e sempre com compatibilidade: tudo o que é destruído, é destruído o mínimo e preserva-se toda a leitura nova. O facto de recuarmos os degraus deve colocar à vista os nichos laterais e tudo isso está contemplado na proposta», acrescentou. Também está prevista a colocação de uma rampa, para permitir o acesso a  pessoas de mobilidade reduzida.

Para já, apenas está garantida a comparticipação estatal, mas isso não inquieta o cónego Chantre. «Estou a pedir às pessoas que me ajudem e, graças a Deus, estão a corresponder. O dinheiro há-de aparecer. Gostaria de começar a obra dentro de 15 dias a três semanas», disse o pároco de São Pedro.

Esta obra segue-se à de colocação de nova iluminação nesta igreja, realizada há cerca de dois anos e que também obteve o apoio do mesmo programa. Como aconteceu em 2015, o protocolo foi firmado entre a Fábrica da Paróquia, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e a Direção-Geral das Autarquias Locais.

O secretário de Estado das Autarquias Locais Carlos Miguel lembrou que este programa tem vindo a apoiar diversos tipos de entidades, entre as quais associações, mas também instituições privadas, como é o caso da Fábrica da Igreja de São Pedro. O facto de se tratar de património privado, neste caso da Igreja, não inviabiliza este apoio do Estado, acredita o membro do Governo, por se tratar de um imóvel que faz parte da história da cidade e que é visto pela população como algo também seu, posição partilhada pelo presidente da Câmara de Faro Rogério Bacalhau.

 

Veja mais fotos da sessão e da Igreja de São Pedro:

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