Aquário traz harmonia e luz aos doentes da Unidade de Cuidados Paliativos do hospital de Portimão

Foram precisos três dias de trabalho intenso da equipa de voluntários da equipa Aquariofilia.Net, comandada pelo portimonense Pedro Bernardo, para […]

Foram precisos três dias de trabalho intenso da equipa de voluntários da equipa Aquariofilia.Net, comandada pelo portimonense Pedro Bernardo, para concluir a primeira fase da instalação do aquário «Harmony», que se destina a trazer um pouco de luz e alívio a doentes e seus familiares, na Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital de Portimão.

Enquanto a maioria das pessoas se dedicava a aproveitar o calor do fim de semana prolongado de meados de Junho, os voluntários, cada um com a sua área de especialização, começaram por montar, no aquário de 200 litros de água doce, o substrato de pedras, areia e pedaços de madeira, ou seja, aquilo a que os aquariofilistas chamam hardscape.  No domingo, culminando três dias de trabalho, foi a vez das plantas e musgos, colocadas com pinças no seus locais, depois de muito debatido, entre os voluntários, qual o melhor sítio.

Pedro Bernardo já tinha sido o principal responsável, no ano passado, pela montagem do primeiro aquário no Hospital de Dia de Oncologia da Unidade Hospitalar de Portimão, e é agora quem assegura a sua manutenção. Em declarações ao Sul Informação, Pedro Bernardo salienta que, além de tudo isto ser resultado de trabalho voluntário – com algumas pessoas a virem de Lisboa e da Amadora – também os materiais «são todos oferecidos: as plantas vieram da Holanda e os equipamentos na sua maioria de Portugal, mas também de Inglaterra, mas tudo foi oferecido para este projeto».

No domingo de manhã, enquanto se tratava da plantação, o aquário em construção recebeu a visita de Joaquim Ramalho, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA). Ramalho enalteceu o trabalho dos voluntários, salientando que este novo aquário, para mais situando-se na Unidade de Cuidados Paliativos, «torna o ambiente menos impessoal e mais humanizado», sendo, por isso, um «coadjuvante terapêutico poderosíssimo».

Mas não é só para doentes e seu familiares que o aquário traz benefícios: «também os profissionais que aqui trabalham sentem como pode ser útil», acrescentou Joaquim Ramalho.

O aquário após três dias de trabalho – agora só falta a fauna

Verónica Ferreira, psicóloga do CHA, muito ligada à Oncologia, disse que este aquário permite trazer «um pouco do ambiente natural para o meio hospitalar». «Na Unidade de Cuidados Paliativos, o grande objetivo é ter cuidados mais próximos do lar, de modo a dar maior dignidade aos utentes, enquanto seres humanos. O aquário tem até uma função calmante, porque o doente está a olhar para uma paisagem viva».

A psicóloga revelou ao Sul Informação que, no caso do primeiro aquário instalado no Hospital de Dia da Oncologia, «os próprios doentes verbalizam que os tranquiliza, que é relaxante, até por ser um ambiente diferente do comum em hospitais».

Para que tudo isto avançasse, foi preciso a vontade da associação portimonense Teia d’Impulsos e o trabalho do fórum Aquariofilia.Net. Os seus voluntários – Pedro Bernardo, Luís Matos, Luís Gonçalves e Tiago Mourinho, de Portimão, António Ferreira, de Lagos, Ivo Soares e Vera Sofia, do Barreiro, Tozé Nunes, Rui Melo, Vera Santos, Luís Fortunato e Catarina Santos, de Lisboa, e Vasco Ferreira, de Ferreira do Zêzere – trabalharam afincadamente para que o aquário ficasse pronto a ser cheio de água e a receber os equipamentos, para ficar a trabalhar. Daqui a cerca de um mês, depois de o ambiente dentro do tanque estar estabilizado, será então a vez de colocar os peixes, camarões e caracóis.

No domingo, Tózé Nunes e os seus companheiros aquascapers tratavam de plantar o aquário: «isto é como se fosse um jardim dentro de água: há plantas diferentes, de formatos e cores diferentes, umas precisam de mais cuidados, outras não», explicou.

As plantas que estavam a ser colocadas dentro daquele mini ambiente aquático são de diversas partes do mundo: da Amazónia, da América do Norte, da Europa, da Ásia. Até há uma que foi «descoberta há poucos anos no Bornéu», a Bucephalandra, e que agora faz as delícias dos aquariofilistas.

Trata-se de plantas aquáticas de folha pequena, «ideais para aquários, que são mundos aquáticos em miniatura». Provenientes da empresa Aquaflora, da Holanda, até há plantas que são produzidas em laboratório e que chegaram a Portimão ainda nos recipientes em que foram criadas in vitro.

«Os aquários são uma coisa viva, há sempre manutenção que é preciso fazer, é como os bonsais. Isto é um ecossistema, é transportar para nossas casas um mundo aquático que não é o nosso», explica ainda Tózé Nunes.

Daqui a menos de um mês, quando os peixes, camarões e caracóis povoarem este aquário – a que os voluntários deram o nome de «Harmony», ou seja, Harmonia – os doentes da Unidade de Cuidados Paliativos e seus familiares terão um mundo vivo e algo misterioso para repousar os olhos e iluminar um pouco os seus dias. «Mesmo agora, sem peixes, só com as plantas e os musgos, isto já é bonito de se ver», garante Pedro Bernardo.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação e Aquariofilia.Net

 

 

 

Comentários

pub