Lançamento do novo álbum de Diogo Piçarra «só podia ser em Faro»

“Do=s” é apresentado, esta sexta-feira, 24 de Março, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro, e marca o início […]

“Do=s” é apresentado, esta sexta-feira, 24 de Março, às 21h30, no Teatro das Figuras, em Faro, e marca o início dos concertos de apresentação do novo trabalho de Diogo Piçarra, que só vão terminar nos Coliseus no final do ano.

A escolha da cidade natal para o lançamento do segundo álbum foi intencional, já que, no primeiro, o músico não teve essa opção.

«Tive muita pena de não poder apresentar o meu primeiro trabalho, quando me ia consagrar como artista de originais, depois de tantos anos a tocar em Faro, depois de as pessoas me apoiarem no programa ou nos bares. Por isso, este ano, no segundo disco, disse: “só pode ser em Faro, não pode ser em mais sítio nenhum” e escolhi a minha cidade. Fiquei feliz por ter conseguido uma data e ter esgotado o Teatro das Figuras, que não é fácil» confessa Diogo Piçarra ao Musicália|Sul Informação.

Este é um concerto especial e marca o arranque de uma nova era. Depois de “Espelho”, lançado em 2015, e de muitos palcos percorridos, estava na altura de dar uma nova cara às sessões ao vivo. «O concerto vai ser diferente do primeiro álbum, principalmente em termos visuais. Apostei na inovação no espetáculo. Agora houve tempo para preparar o vídeo, as luzes, está mais completo. Com dois discos é mais fácil fazer um espetáculo mais dinâmico. Espero que as pessoas gostem desta nova abordagem ao vivo, um pouco mais aventureira, um pouco mais mexida, espero que o Teatro das Figuras não venha a baixo» graceja o músico.

Os temas que foram sendo conhecidos em 2016 mostram que Diogo Piçarra anda a explorar outros caminhos musicais. “Dialeto” deu a primeira impressão, “História” reforçou a ideia e “Já Não Falamos”, lançado esta segunda feira – e com 140 mil visualizações em apenas dois dias – foi a confirmação: o novo trabalho traz, nitidamente, uma mudança de sonoridade.

Capa do álbum

«Para mim é uma evolução normal, graças à exposição a outros estilos musicais. Durante os dois anos da digressão do “Espelho” ouvi muita música e todas essas influências fazem parte deste disco. Graças a isso, a minha maneira de tocar e cantar também mudou. É para mim uma evolução natural e não uma mudança radical», diz o artista farense.

Caso os fãs se questionem sobre o que se poderá ter passado ou que novo Diogo é este, o músico esclarece: «o Diogo Piçarra continua lá, é o mesmo, as letras são românticas na mesma, o que mudou, foi a sonoridade, a produção e talvez a minha maneira de cantar, mas o resto é tudo igual. Há dois anos não imaginava que conseguiria fazer este tipo de música, procurava isto para o meu concerto e finalmente consegui completá-lo com este tipo de canções e estas novas sonoridades», considera.

Uma das particularidades que pode ajudar a perceber as diferenças entre os dois discos é a quantidade de produtores envolvidos: apenas um em “Espelho”, em contraste com os seis envolvidos em “Do=s”. Em comum, têm o processo de composição que manteve.

«Sou eu que faço o disco sozinho, no meu quarto, no meu portátil, como produzia há 10 anos e espero continuar assim. Não sou muito fã de estúdios, nem me sinto muito à vontade. É quase anti-natura, é tudo muito frio e muito formal, é contrarrelógio, e fazer música em contrarrelógio não existe para mim. Quero estar até às seis da manhã à procura de um verso ou um som de uma tarola ou de um bombo e não quero que alguém esteja atrás de mim a dizer que tem de fechar a loja», revela Diogo Piçarra.

Depois de conseguida a estrutura base, o músico tenta perceber a necessidade de encontrar um produtor que o possa orientar ou ajudar a encontrar algum ritmo ou sonoridade.

Foi assim com “Do=s”, escrito e composto na sua maioria por Diogo Piçarra, que produziu também duas músicas e co-produziu outras sete, em parceria com alguns dos maiores produtores da música nacional: Branko, Fred, J-Cool, Karetus, Kking Kong, Lhast, e MØTA e Stego.

Chegado a 2017, o músico algarvio vê reforçado o sonho de ser um cantor e um compositor reconhecido pelo seu trabalho e não apenas pelos covers. «Queria passar de intérprete para a fase de compositor, de produtor, e só posso dar graças por ter corrido tão bem essa concretização do que era apenas um objetivo desde muito miúdo, desde os Fora da Bóia, onde já compunha as minhas músicas», refere.

O caminho foi sendo feito pelo concurso Ídolos, em 2012, por iniciativas pessoais com vídeos e canções no Youtube, sempre com músicas de outros, até que, em 2015, lançou “Espelho”, o seu primeiro trabalho de originais. O disco entrou diretamente para o número 1 do top nacional de vendas, chegando a Galardão de Ouro. «Passados quase três anos, consegui lançar o primeiro álbum de originais e agora, finalmente, mais um e espero que se mantenha tudo o que de bom tem acontecido», ambiciona Diogo Piçarra.

A notoriedade conseguida com a participação no concurso de talentos pode ser uma das razões que explica o sucesso. No entanto, passaram vários anos, vários concursos e foram poucos os artistas que conseguiram capitalizar essa notoriedade e conquistar a indústria. O que terá feito a diferença? Diogo Piçarra poderia ser um um caso de estudo.

O músico ri-se da ideia, confessa que esta questão é algo em que não pensa muito e afirma que mantém a mesma filosofia de há dez anos: «fazer música que gosto muito e ficar orgulhoso com o produto final».

Há, no entanto, uma característica que pode ter feito a diferença: «gosto de fazer parte de tudo, ser um cinco em um, por assim dizer. Seja nas redes sociais, na parte visual, nos vídeos, no concerto, gosto de mexer em tudo, isso pode ter sido uma vantagem. Essa independência permitiu-me subsistir sozinho e manter os pés na terra, continuando a trabalhar mesmo quando não estava a conseguir ser reconhecido».

Diogo Piçarra

As fórmulas para o sucesso no meio musical não são matemáticas e dificilmente podem ser replicadas. As variáveis são muitas e, mesmo com muito trabalho, por vezes, há pequenos pormenores que podem fazer toda a diferença: «há pessoas bem mais trabalhadoras do que eu, mas depois não sei qual o ingrediente que lhes falta para cativar o público. Sempre fui natural. Não sei se as pessoas gostaram só da música ou também da minha personalidade da minha maneira de ser. Pode ser isso, pode ser uma questão musical, porque se identificaram rapidamente com as letras, com a minha forma de compor, com os refrões, ou com os instrumentais, pode ser nos concertos… há diversos fatores que se podem moldar e fazer um artista ser reconhecido», considera.

O músico assume que está sempre ligado ao mundo virtual, onde procura estar a par das novidades e estabelecer uma relação de proximidade com o seu público, tendo a preocupação de responder a quem o contacta.

«Seja a responder às mensagens ou a meter um gosto num comentário, gosto de fazer parte da vida das pessoas dessa maneira e não só através da minha música. Isso faz toda a diferença», diz Diogo Piçarra. Esta ligação colocou, em Janeiro, o artista como o líder destacado do ranking que mede a notoriedade mediática dos músicos portugueses. Piçarra ficou bem à frente de António de Zambujo e de Deolinda, que fecham o “pódio”.

O ano de 2017 promete ser em grande para o músico farense. Ainda “Do=s” não foi lançado e já há mais de 50 concertos marcados. O espetáculo de apresentação não terá convidados, já que estão a ser reservados e pensados para os momentos especiais que encerram a digressão de 2017: o Coliseu do Porto, a 27 de Outubro, e de Lisboa, a 3 de Novembro.

O concerto de Faro, já esgotado, tem a duração de 75 minutos e o músico é acompanhado por Francisco Aragão (guitarras, teclados e programações), Filipe Cabeçadas (bateria e programações) e Miguel Santos (baixo e teclado).

 

O vídeo de “Já Não Falamos”:

Oiça a entrevista com Diogo Piçarra:

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