No meio da serra, empresa «Dias de Aromas» promove «um turismo de charme»

Imagine um longo campo, com pouco mais de dois hectares, no alto de uma serra entre São Brás de Alportel e […]

Imagine um longo campo, com pouco mais de dois hectares, no alto de uma serra entre São Brás de Alportel e Faro, coberto de ervas aromáticas. Sem estufas. É este o cenário que a empresa Dias de Aromas oferece a todos os seus visitantes. Além de comercializar os seus produtos, o casal Laura e Nuno Dias promove «um turismo de charme». Só neste ano já receberam 3000 visitas.

Guiados por Vítor, o guia turístico de serviço, o grupo holandês que está de visita à Dias de Aromas vai percorrendo as plantações, todas biológicas, da empresa. À medida que vai sendo explicado aquilo que estão a ver, há quem tire fotos, quem sorria e até quem experimente cheirar (e comer) algumas plantas, como a stevia. 

Bertrans Cor Heland mostra-se maravilhado. «Este sítio é das coisas mais incríveis que vi no Algarve», revela à reportagem do Sul Informação. Na Holanda, este turista diz que «tudo o que se encontra são estufas». De sorriso no rosto, explica que «tudo se conjuga de uma maneira perfeita neste sítio, seja o clima, seja a paisagem».

Nas longas plantações da Dias de Aromas há, literalmente, um pouco de tudo – manjericão, tomilho, echinacea, ou até malagueta cayenne. Os produtos são vendidos diretamente a alguns hotéis algarvios, como o Conrad, ou são vendidos em lojas pela região. Uma das apresentações mais inovadoras dos produtos é a venda das ervas aromáticas e condimentos em tubinhos de ensaio, que já se tornaram uma espécie de imagem de marca.

O cenário apresentado pela empresa é tratado por uma equipa de cinco pessoas, que agora, além da comercializar o que colhe da terra, recebe visitantes num «turismo de charme», como o apelida Nuno Dias.

«Esta é uma área em que vamos apostar cada vez mais – queremos que as pessoas nos visitem e venham até nós», explica o empresário. Para tal, a Dias de Aromas trabalha com operadores turísticos, mas também quer começar a apostar em receber visitas de escolas. Quem quiser, a título individual, também pode visitar as plantações, basta marcar.

Esta atual «aposta no turismo» surge depois da «aposta inicial» em «voltar à terra», que fez com que nascesse a empresa, em 2013. O terreno onde se encontram as plantações era de uma avó de Nuno Dias e foi o ponto de partida. Já Laura deixou o seu emprego «confortável e bem remunerado», como bancária.

«Não me sentia feliz», recorda, enquanto vai acompanhando a visita dos turistas holandeses. Um dos pontos que causa mais interesse e caras de espanto é um espaço, debaixo de uma árvore, com um banco de madeira e um palco, também de madeira, que já teve… concertos de fado. Victor Rita, que guia o grupo, revela, orgulhoso, que as visitas, essencialmente de estrangeiros, «têm tido um feed-back muito bom».

«As pessoas levam sempre alguma coisa daqui – seja um conhecimento, um produto… ou um sorriso», acrescenta, ele mesmo de sorriso no rosto. Neste sentido, Nuno Dias tem uma história «que para nós é muito gratificante». Como as plantações da empresa se encontram num alto, os acessos são difíceis e a chegada é complicada. Ainda assim… «há pouco tempo tivemos uma senhora que nos disse, depois de nos ter visitado, que o sítio merece cá chegar», conta, orgulhoso.

Apesar desta opinião positiva da turista que visitou a Dias de Aromas, os acessos complicados são, para Nuno Dias, um problema. «Se conseguíssemos alcatroar apenas a parte da subida e descida, antes de cá chegar, conseguiríamos duplicar as visitas», garante o empresário.

Por isso, o fundador da Dias de Aromas aponta o dedo à Câmara de Faro e ao seu presidente Rogério Bacalhau. «A Câmara tem facilidade em ter os materiais de construção. Nós fizemos uma proposta em que assegurávamos a mão de obra. A resposta foi a de que não há dinheiro sequer para tapar um buraco. Além disso, nunca somos convidados para nada pela Câmara de Faro», conta, indignado.

Nuno Dias e Laura Dias

«Nós trabalhamos muito com o turismo sénior. Há alguns operadores turísticas que, ao ver a subida e a descida, não aceitam vir porque, devido às pedras soltas, alguém pode cair», acrescenta.

Alheado destas questões, Victor continua a guiar o grupo holandês pelo terreno da Dias de Aromas. Além das visitas de turistas, conta ao Sul Informação, a Dias de Aromas já recebeu também visitas dos chefes de cozinha que utilizam as ervas aromáticas da empresa nos seus pratos. «Como trabalhamos com intermediários, neste caso as transportadoras Bafrutal e Delicifrutas, os chefes trabalham sem saber quem somos, mas alguns já vieram ter connosco para nos visitar», conta Nuno Dias.

«Dado que todos os nossos produtos são biológicos, o aspeto nem sempre é o melhor. Mas, quando temos um chefe que nos visita e diz que só pelo cheiro consegue reconhecer se aquelas são ou não as nossas ervas, é excelente», acrescenta, orgulhoso.

É já dentro de portas que a visita termina. Numa mesa, com vista para a serra, há direito a um chá, feito, claro está, com as ervas da Dias de Aromas, e bolos. Numas prateleiras ao lado, estão expostos produtos, tanto em tubos de ensaio, como em saquetas.

Entre conversas com os turistas holandeses que acabou de guiar pelos cheiros e sabores da Dias de Aromas, Victor Rita arranja tempo para falar com a reportagem do Sul Informação. Orgulhoso e de sorriso no rosto conclui: «não queremos ficar por aqui. O nosso objetivo é crescer ainda mais».

 

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Fotos: Pedro Lemos|Sul Informação

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